6. Lexa

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Era uma da manhã. A TV estava ligada, mas eu não prestava atenção. Estava olhando para a série de ilustrações na parede. Todas de Clarke. O tempo todo. Meu celular tocou.

— Fala — grunhi, incomodada com a interrupção.

— Venha já à Dollhouse consertar a merda que você fez.

— Mas que porra é essa? Quem é? — Afastei o telefone da orelha e olhei para a tela. O número apareceu como desconhecido.

— É o Roan, sua idiota. Sua mulher quebrou o nariz da Costia.

— De que merda você está falando?
Roan era o chefe da segurança. Nós nos conhecíamos fazia anos e nunca tivemos problemas um com o outro.

— Meu Deus. Você não controla as vadias que come?

— Espere aí. Como é?

— Pelo amor de Deus, eu achava que você tinha parado de cheirar. Sua bonequinha de porcelana veio aqui procurar você e se bicou com a Costia. Se ajeita aí e vem buscar a garota antes que a Costia a jogue na vala.

— Está falando da Clarke?

— Como é que eu vou saber, cacete? — Ele suspirou, irritado. — Cabelo
comprido e loiro, baixinha. Conhece uma das garotas da Costia, a Raven. Soa familiar?

— Não é possível. Ela nem está aqui em Arkadia.

— Não sei onde ela te disse que estava, mas neste exato momento ela está na porra da boate, e a Costia está sendo contida. Você tem dez minutos para chegar aqui.

A linha ficou muda. Peguei minhas chaves e voei escada abaixo até a garagem. Não havia como Clarke já ter voltado. Eu saberia. Ou talvez não. Ela tinha ligado vinte vezes naquele dia e eu não tinha atendido. Não deixou recado, e eu estava puta demais por ter telefonado para ela de madrugada; não confiava em mim mesma para ter uma nova conversa. Mesmo assim, achei que Clarke fosse me mandar uma mensagem se voltasse. Mesmo que ela não mandasse, alguém ficaria sabendo.

Liguei para Jasper enquanto saía da garagem subterrânea, mas caiu direto na caixa postal. Tentei falar com Raven e caiu na mesma droga. Levei menos de dez minutos para chegar à Dollhouse. Encostei bem na porta da frente e estacionei na área proibida. Saí e tranquei a porta.

— Woods, você não pode fazer isso… — disse Max.

— O Roan ligou e me pediu para vir buscar um negócio. Só vou levar um
segundo.

—Aquela diabinha é sua?

— Merda. Ele não estava me sacaneando? A Clarke está aqui?

— Baixinha, cabelo loiro? Rosto bonito e bunda também?

Eu queria esmagar a cara dele na parede por esse comentário, mas Max tinha o dobro do meu tamanho.

— Não vou demorar.

O cheiro de suor e sexo me atingiu em cheio quando passei pela porta. O que parecia ser o som de um baixo pesado quando eu estava lá fora se tornou uma batida dançante horrorosa lá dentro. Dei uma olhada em volta, procurando por Clarke entre os caras de terno e os mais relaxados. No canto dos fundos, vi um empresário passar a mão em uma dançarina.

O segurança saiu das sombras, preparado para cortar o barato do cara. Uma conversa silenciosa transcorreu entre ele e a dançarina, que então se levantou do sofá e pegou a mão do cara de terno. Ele a seguiu para a escuridão. Enquanto o segurança e o cara trocavam palavras, a dançarina roía as unhas, com ar de entediada. Quando os homens terminaram de negociar, o cara de terno e a dançarina desapareceram por uma porta escondida. Negócios, como de costume. A possibilidade de Clarke ter testemunhado esse tipo de coisa me deixou enojada.

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