Corte de Memórias Perdidas

CAPITULO 29

POV Parceira

Uma semana e meia foi o tempo que ficamos isolados na nossa casa, dentro da nossa bolha de felicidade. Azriel prometeu que me faria gritar de prazer em cada canto da casa e posso falar que ele é um macho de palavra. Deuses! Só de pensar eu começo a me arrepiar completamente e o meu núcleo se esquenta. Tomo um gole do vinho para ver se me refresco um pouco.

"Você está me atiçando." Ele envia pelo laço. Dou uma risada leve. Isso ainda me assusta! Desde que aceitamos a parceria algo parece ter mudado, é como se nossos corpos fossem um só. Eu o sinto de uma maneira muito intensa quase como se estivéssemos um no corpo do outro. Ainda mantemos nossos pensamentos para nós mesmos, mas as sensações e sentidos dele são uma extensão dos meus agora. Nesse momento, por exemplo, não preciso me esforçar para saber que ele está no closet, no andar de cima, abotoando uma camisa, de um azul tão escuro que parece preto, enquanto eu estou na sala de jantar no andar de baixo.

"Todas as parcerias são assim?"

"Não faço ideia, meu Amor. Mas não reclamo."

"Eu não estou reclamando. Só que tudo é muito intenso. Eu ainda fico um pouco zonza com tudo isso."

"Tem certeza que quer ir até lá? Podemos ficar isolados aqui por mais um mês e ninguém vai ousar nos atrapalhar."

"Amor, as garotas já estão preparando esse jantar há semanas. E elas tem razão, precisamos celebrar a nossa família. Além disso, amanhã os garotos voltam para o acampamento." Vid, Vena e Kiara ficaram. Eles mereceram esse descanso na Cidade da Luz Estelar. "E eu estou com saudade deles também, assim como da nossa família."

Sinto quando ele dá um sorriso bobo fechando o último botão e logo um carinho vem pelo laço. Vejo meu parceiro descendo as escadas, lindo como sempre e largo a taça em cima da mesa. Já esperando para me afundar naquele abraço tão gostoso e quentinho. Os braços fortes dele me envolvem e sou levantada levemente do chão e então começamos a girar. Eu dou uma leve risada feliz por todo esse amor. Até que ouço o barulho de algo se chocando contra as asas dele.

"Puta que pariu! A taç..."

Quando Az nos vira novamente para a mesa, choque e surpresa nos percorre. As sombras estavam agarradas à taça, à meia altura do chão. Como se a amparassem por reflexo para que ela não quebrasse.

"Eu pensei que elas não ficassem corpóreas."

"Elas nunca fizeram isso antes."

Elas colocam novamente o objeto sobre a mesa, agora mais ao centro como se garantissem que não vai cair novamente. Eu elevo as sobrancelhas e olho novamente para o meu parceiro.

"Tem algo muito estranho acontecendo, Amor."

"Concordo."

"As tatuagens, os meus picos de energia, essa conexão meio maluca entre nós e agora isso."

Ele respira fundo, abaixa a cabeça até o meu pescoço depositando um beijo sobre a tatuagem dourada de corações. Esse ato tem se tornado um hábito quando estamos próximos. Dou um sorriso leve ainda olhando intrigada para a taça.

"Teremos tempo para entender isso com calma, Princesa. Agora temos um jantar nos aguardando. E eu estou faminto, nós mal comemos essa semana."

Alçamos voo por muita insistência minha, por Az nós atravessaríamos e logo estaríamos na Casa do Rio. Mas o céu estava tão convidativo nesse fim de tarde e não voamos desde que nos enfurnamos em casa. Olho para o alto e o céu é um quadro pintado com tons de laranja e rosa. Meu coração bate acelerado, não de nervosismo, mas de pura excitação. Ainda não consigo explicar a minha relação com o ar, mas a brisa suave que acaricia meu rosto, sempre acalma meus pensamentos e aumenta a sensação de liberdade que sinto. Fecho os olhos por um momento e respiro profundamente, absorvendo o aroma fresco da cidade ao nosso redor. O cheiro do ar é como música para meus pulmões, enchendo-os de vitalidade e energia. É uma sensação de pura euforia, como se eu estivesse dançando com as correntes do ar.