CAPITULO 5

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POV Parceira

Me sento assustada na cama! Olho em volta, alerta ao máximo. Teria sido outro pesadelo? Observo minhas mãos e meu corpo. Nada de suor ou tremor, meu coração não está descontrolado ou estou chorando. Não, definitivamente não foi um pesadelo. Não sei mais como me sentir quanto a isso, acho que este é o meu "normal". Pelo menos não tive um pesadelo, vou ter isso como a minha primeira vitória do dia.

Abro as cortinas do quarto e me deparo com aquela normalidade. Isso me conforta de alguma forma. Lá embaixo, a cidade inicia a sua rotina, vejo crianças correndo pelas ruas, enquanto mães e pais estendem roupas nos varais. Vejo casais nas cafeterias ao longo do rio que, de onde estou, parece cortar a cidade. A vida corre lá embaixo, e isso me ajuda a lembrar que não faz o menor sentido que eu fique me lamuriando aqui em cima.

Lembro que Azriel falou ontem que eu não era uma prisioneira e que não precisava ficar trancada nesse quarto. Pois bem vou tomar café na sala então. Roupas surgem na cama. Adoro o fato dessa casa ser mágica!

-Obrigada, querida.

A imagem de Azriel ressurge na minha mente. Alto, forte, misterioso, a voz rouca e suave, num tom tão baixo... Já sinto os pelos do meu corpo se arrepiarem e a pele esquenta. Os momentos que passamos juntos ontem invadem a minha memória e com isso um sorriso surge nos meus lábios. Eu tenho um parceiro. Como isso pode fazer sentido no meio de toda essa bagunça? Eu não sei nem quem sou. Será que eu tenho um companheiro ou companheira de onde vim? Pelos Deuses. Preciso conversar com ele sobre isso. Não é justo que ele se sinta obrigado a me ajudar ou seja lá o que esteja passando pela cabeça dele, apenas por conta do laço.

E é pensando nisso que me encaminho para sala de jantar. Ouço vozes assim que vou me aproximo de lá. Ao passar pelo portal avisto fêmeas que eu ainda não conhecia. Será que eu deveria voltar para o quarto? Estou atrapalhando algo?

-Bom dia, flor do dia. - o macho alado com sifões vermelhos fala me dirigindo um sorriso largo. Se não me falha a memória... Pelos Deuses eu preciso parar com essas brincadeiras... seu nome é Cassian.

-Bom dia. - ajeito um pouco a minha postura caminhando até eles.

-Resolveu sair do cativeiro? - uma fêmea ruiva pergunta com pura diversão na voz.

-Ela não é uma prisioneira, Gwyn! - essa é a irmã da grã-senhora. Acho que o nome era... Nestha!

-Pode vir. Nós não mordemos. - a fêmea morena fala por fim.

-Só se você quiser... - o macho deixa a frase no ar, mas logo recebe um olhar cortante da parceira.

Deixo uma risadinha escapar, enquanto me sento em uma cadeira vaga na mesa, um pouco distante deles.

-Eu sou a Gwyn e essa é a Emerie. Somos amigas da Ness e treinamos aqui.

-Agora eu fiquei ofendido. Não sou considerado amigo de vocês?

-Pare de drama, general! - Emerie o repreende. - Nós já estávamos teorizando se você era de carne e osso. - me dirige o olhar novamente.

-Emes! - Nestha também a repreende. 

-Mas é verdade. Você não saía do quarto. Eu achava que era por conta do trauma. De toda essa loucura em cima de você do nada. Sei bem como é isso. - pura compreensão e afeto estavam presentes nos olhos azuis que agora me miravam. Aquilo de alguma forma aqueceu meu coração. Direta, sem freios, mas empática. Gostei de Gwyn.

-Eu agradeço pelo tempo e espaço que me deram, mas eu não saí do quarto por não saber se estava invadindo ou atrapalhando. Já está uma bagunça aqui - aponto pra minha cabeça - não quero complicar mais nada ao meu redor. Já causei problemas demais.

Corte de Memórias PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora