POV Azriel
Estou sentado em um dos assentos da máquina voadora amparando a minha parceira que está deitada com a cabeça no meu colo. Ela está muito melhor, mas ainda sinto o rancor e a mágoa circundando o seu corpo. Ela está com os olhos fechados e respirando calmamente. O clima ficou péssimo depois da crise de ansiedade que ela teve e que quase provocou a nossa queda em alto mar. Cantarolo baixinho para ela acariciando o braço enquanto observo a minha família. Sei que estão preocupados com Thyra, mas ainda estão deslumbrados com tudo que vemos à nossa volta.
-Senhoras e senhores estamos nos aproximando da Cidade Capital. - Amara anuncia de onde está.
Minha parceira abre os olhos dando um pequeno sorriso. Graças à Mãe e ao Caldeirão! Até vejo a cor retornar ao seu rosto.
-Você vai querer ver isso, parceiro.
-Isso o que?
-Pelas tetas preciosas da Mãe! - Theron exclama e caminha até a frente da máquina de onde se pode ver o mundo externo.
Vejo a boca de Rhys se escancarar e apenas me deixo ser levado por Thyra, que já está de pé e me puxando.
Ao chegar próximo da janela eu perco a fala. Tudo o que eu conhecia sobre o mundo fora dos limites da minha vida em Prythian parecia ter sido transformado em um turbilhão de luzes, cores e sons.
À medida que nos aproximávamos, o horizonte se encheu de estruturas majestosas, gigantes de concreto e vidro que tocavam o céu. Cada prédio era uma coluna de poder e modernidade, lançando sombras profundas sobre as ruas movimentadas. Pareciam tocar o próprio firmamento, como se os céus tivessem sido conquistados pela engenharia. Alguns chegavam à altura da Casa do Vento.
-Puta que pariu.
Olho pra baixo, vejo uma profusão de seres dos mais variados caminhando pelas calçadas, enquanto outros aguardavam pacientemente em plataformas?! Vejo trilhos reluzentes e caixas unidas movendo-se como serpentes metálicas por cima deles, era uma máquina de transporte que desafiava a lógica de tudo que eu conhecia. E do nada afundava em um buraco na terra. A ideia de viajar sob a terra, através de túneis escuros e desconhecidos, era intrigante e assustadora ao mesmo tempo. Eu me pergunto como eles podem confiar em tal sistema para suas vidas diárias. As portas das caixas se abriam e fechavam, revelando breves vislumbres de feéricos e humanos apressados em seu interior. Eu nunca vi nada parecido.
Meu coração dispara enquanto eu observo as ruas e vejo esse objeto estranho como uma caixa, com suas rodas girando freneticamente. Era como se um animal mecânico tivesse escapado de algum tipo de reino distante. Eu não conseguia entender como algo tão grande e ruidoso podia se mover com tanta facilidade. E ele tinha seres dentro.
-Por tudo que há de mais sagrado! - minha grã-senhora se apoia no meu irmão. - O que é tudo isso?
A entendo bem, é uma sucessão de cores e informações, e eu me vejo incapaz de piscar, tentando absorver tudo de uma só vez. Embora o choque inicial tenha sido esmagador, eu também me senti maravilhado. A energia e a vida que pulsam ali são incomparáveis a qualquer coisa que eu já tenha experimentado.
-A Cidade Capital. Bem vindos ao coração do Império. - minha parceira fala com a voz cheia de emoção.
-Capitã Amara para Centro Burocrata. Peço permissão de pouso. Aeronave militar com passageiros. - vejo a humana pressionar um botão na placa de metal a sua frente.
-Capitã Amara, Centro Burocrata. - uma voz fala novamente ao nosso entorno, por mais que o dono dela não esteja aqui. Só me assusto levemente dessa vez, apertando a mão da minha parceira, que ri levemente. - Confirmo a sua solicitação de pouso. Plataforma 10. Repito. Plataforma 10. Tenha um pouso seguro.
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Corte de Memórias Perdidas
Fantasy"Cuidar!" "Proteger!" "Ferida!" "Rápido!" As sombras formam um redemoinho ao meu redor, extremamente agitadas, nunca as vi ou senti assim. Agoniadas, quase sinto uma dor física com a bagunça que fazem ao meu redor, me desorientando. ----- Azriel vê...