Corte de Memórias Perdidas

CAPITULO 54

POV Yennifer

-Merda! - digo assim que a tampa cai ao lado da caixa e vejo o que tem ali dentro.

Já passa das duas da manhã e estamos dentro do caminhão no estacionamento de um hotel barato de beira de estrada, praticamente congelando nesse frio lazarento. O velhinho russo que estava na recepção mal enxergava, o que era bom para passarmos despercebidos, mas só falava russo. Tive que usar o poder Daemati para conseguir um quarto. O choque pelo que vejo faz com que meu coração se acelere e eu volte à realidade.

-Isso muda tudo... - Zion sussurra ao meu lado. - Será que todas as viagens que fizemos até agora foi transportando isso?!

Meu primo tem razão em ficar receoso, se nas últimas duas semanas todas as vezes era isso que transportávamos do complexo até o armazém no subúrbio da cidade nós estamos bem fodidos.

-Bombas, Yennifer! Tem pelo menos umas 30 caixas aqui! E nem sabemos qual a carga dessa bosta! Se forem nucleares... - os pelos do meu braço se arrepiam, mesmo com as camadas de proteção das roupas que uso.

-Calma, não sabemos se todas as caixas tem isso. - indico as três ogivas com o queixo. - Além disso das outras vezes nós descemos de van, não com um caminhão como hoje.

E eu achando que o caminhão era um bom sinal. Fui uma tola! Assim que vi o caminhão na doca eu achei estranho, mas quando Ian falou que dessa vez não iria descer conosco, eu quase dei pulos de felicidades. Ele tem feito todas as viagens da base de operações até o armazém conosco. Mas para a minha total felicidade, o loiro detestável não queria dormir em um lugar qualquer na beira estrada russa, nessa noite fria de inverno. Um merda mimado é o que ele é! Como o veículo era maior, eu teria que vir mais devagar, o que levaria a noite inteira de transporte.

- Vamos abrir as outras caixas. - falo tentando controlar as batidas do meu coração. - Só assim vamos ter noção de com o que estamos lidando.

O barulho do pé de cabra trabalhando e das tampas caindo foi o nosso companheiro pela próxima hora.

-Confesso que sinto falta da "Sombra Loira". - ouço o sussurro do meu primo. - Um par de mãos a mais ajudaria aqui.

-Por Etia!- bufo de raiva. - "Guia local", uma ova! O infeliz queria me irritar, isso sim! Ele mal conhecia as estradas. Ele só falava sobre si e a família. O bom é que é um tagarela que queria me impressionar. Nem que para isso revelasse alguns segredos do complexo.

-O ar de babaca irresponsável não te atraiu, priminha? - Bufo em resposta. -Talvez asas de morcego, cabelos castanhos e sifões verdes façam mais o seu tipo. - ele levanta as sobrancelhas.

-Foco, Z! - a imagem de Theron tenta se formar na minha mente, mas me concentro olhando de novo para as caixas. - Na maior parte delas temos armas e armaduras.

-Poucas bombas. - ele cruza os braços. - Mas parecem potentes o suficiente para causar um belo estrago. - ele levanta uma ogiva e a observa atentamente. - Preciso levar uma para estudar no meu laboratório em Olympia. - Ele pega uma garrafa d'água e concentra seu poder. Logo ela fica idêntica às ogivas da caixa. - Só precisamos dar um jeito para a Amara pegar essa ai.

-Isso você deixa comigo. - falo já iniciando uma conexão entre mentes com a alada. - Estamos enfiados até a cabeça na merda, Z.

-Vamos começar a nos arrastar pra fora dela. Nós somos olympianos. - ele olha no fundo dos meus olhos. - Nós sempre renascemos.

-Urra. - vejo ele colocando uma das tampas no lugar e batendo os pregos com os punhos. - Acho que temos que enviar mais informações para casa.

"Algo aconteceu?" ouço a voz tão conhecida da segundo em comando da minha tia.