CAPITULO 20

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POV Parceira

Estou ajeitando a parte de cima da armadura quando passo pelo portal de entrada da hospedaria. Levanto o olhar em direção à praça que fica aqui na frente e estanco no lugar. Contraio os lábios decidindo como agir. Fazem dois dias que não o vejo. Apesar da saudade ainda estou com raiva dele.

-Oi Princesa. - Ele cruza os braços flexionando os músculos. Merda de macho gostoso!

-Olá. - Olho para os lados freneticamente.

-Rhys já está lá, tinha uma reunião com Devlon e aproveitou para levar Gwyn. Cassian foi com Nestha. Só resta esse macho aqui como opção de transporte para o acampamento.

Repiro fundo. Eu tive outro pesadelo, ele provavelmente sabe disso, não devo conseguir controlar o que mando pelo laço. Então também sabe que o meu humor está péssimo e ele não está ajudando em nada. Porque Rhysand não me avisou sobre isso?

-Vocês combinaram, não é?

O filho da puta tem a coragem de sorrir descaradamente. Merda de covinha sexy! Ele se aproxima de mim. Até parar na minha frente.

-Posso?

-Que alternativa eu tenho?

Logo estamos no ar. Reparo que ele me aperta mais próximo ao corpo, como se também sentisse minha falta. O cheiro de cedro e névoa está por toda a parte. Eu fico até tonta. Como eu sentia saudade dele, do corpo, do cheiro, do calor, da presença. Droga de coração apaixonado. Olho para todos os lugares menos pra ele, ainda não sei como agir. 

Conforme o tempo passa, reparo na mudança de paisagem, quando saímos de Velaris e começamos a nos encaminhar para as estepes. Eu estou em conflito, um turbilhão de emoções se passa dentro de mim e por coincidência  o clima ao nosso redor parece repercutir o que se passa na minha mente. Nuvens de chuva se formam, os ventos se intensificam e vejo um raio cortar o céu perto de nós.

-Olhe pra mim.

Finjo que não o escuto. Ele bufa chateado próximo ao meu pescoço. Os pelos da minha nuca se arrepiam. Merda de corpo que responde a qualquer mínima interação com ele.

-Agora chega. - Ele me aperta mais em seus braços e fecha as asas dando um rasante para o solo.

-AZRIEL! Mas que merda! AZRIEL. - Pousamos em uma clareira. Ele me solta no chão. Eu cambaleio com o corpo ainda me ajustando à mudança brusca. - MAS QUE BOSTA FOI ESSA? - Eu estou furiosa. Raivosa. Não me aguento e bato com as mãos abertas no seu peitoral. - VOCÊ AGORA É SUICIDA?

As árvores balançam furiosamente, suas folhas dançando ao ritmo da turbilhão que se aproxima. Como se respondessem aos meus sentimentos. A tensão entre nós é palpável, como a tempestade prestes a desabar sobre nós. Respiro fundo e sinto um primeiro pingo de chuva na minha bochecha.

-Fale comigo! Grite, me xingue, mas fale comigo. - Ele fala com um olhar pidão que me destrói por dentro.

-Você é cego? Incapaz de ver o que está bem diante dos seus olhos? - Me distancio um pouco. A frustração grita por todos os meus poros. - A sua falta de confiança está nos destruindo. Você acha que não me merece, que não é digno.

Ele balança a cabeça em negação. Olha para o chão quando a chuva se intensifica ao nosso entorno.

-Eu só... não consigo entender por que alguém como você foi ser amarrada por esse laço de parceria a alguém como eu.

-Alguém como você? Um macho forte, inteligente e maravilhoso? Agradeço todos os dias aos deuses por me amarrar a alguém como você. - Embora exasperada, percebo a dor nele e tento conter a minha raiva. - Você precisa perceber que seu valor não é determinado por comparações. Não é sobre ser igual a mim. É sobre o que temos juntos, nossa conexão, como nos completamos! Perfeição é uma ilusão. Ninguém é perfeito. O que eu quero é alguém que lute ao meu lado, que cresça comigo, que acredite em nós. Eu acredito em você. - Caminho até ele. Coloco as mãos sobre o seu peitoral, agora de forma mais calma. Respiro fundo. E ergo a minha cabeça até que nossos olhares se encontrem. - Você tem potencial, paixão, amor para oferecer. Você me faz feliz. E eu não vou deixar que suas inseguranças nos impeçam de viver isso aqui. Mas eu preciso que você lute também. Não pode ser apenas eu remando aqui. - Vejo uma chama da confiança começar a queimar no olhar dele. Será que eu consegui penetrar a couraça de inseguranças? Será que ele vai derrubar uma das muralhas que o escondem dos outros?

Corte de Memórias PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora