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Nova Iorque.

06 de maio de 2009.

(...)

Mais uma vez Marília estava em frente aquela cama de hospital vendo a mulher que ela tanto amava presa em máquinas. Os aparelhos marcando os batimentos cardíacos e aqueles aptos que pareciam ensurdecedores.

Olhou o teto segurando as lágrimas. Aquele choro preso em sua garganta a deixava sufocada. Desesperada e sem reação.

Ela tinha consciência que estava querendo demais, que estava esperando demais.

Mas quando a gente ama, esperamos e lutamos. Queremos e esperamos chances e mais chances para viver esse amor. E Marília só queria aquilo. Uma única chance, uma única oportunidade que era inalcançável e até impossível para ela.

Talvez ela estivesse lutando demais, querendo demais. Mas como não esperar alguém que ela passou a vida toda amando? Como não esperar um milagre?

O amor que ela sentia por Liz foi sincero e genuíno e nem o tempo, nem nada conseguia mudar aquilo dentro dela. Aquela convicção estava dentro dela e tudo era verdadeiro.

Uma lágrima caiu e ressoou no seu rosto, ela não conseguia conter a dor que vinha. Sentia a dor dela, sentia a dor de não poder ajudá-la. Sentia a dor de toda uma vida passando diante dos olhos dela. Não queria que aquilo acabasse de uma maneira tão ruim.

Não queria que fosse verdade. Tudo aquilo só servia como um lembrete da dor da vida. Que nada era para sempre. Sentia o peso da dor sobre si.

Na cama do hospital, Marília puxou a manta para cobrir Liz e seu corpo magro e fraco. Ela olhou a mulher e viu como os cabelos dela estavam ralos e com uma cor ruim.

O tempo não estava curando aquilo.

Marília olhou para si mesma e sentiu ódio por não ter mais tempo com Liz. Ela acariciou o rosto da mulher com cuidado e sussurrou.

— Te amo, Liz. Como eu te amo. — Marília sorriu através das lágrimas e acariciou o cabelo moreno de sua noiva.

Marília tocou a mão pálida e beijou a cabeça de Liz com cuidado. — Eu só queria que você acordasse e voltasse pra mim, mas eu já estou perdendo as esperanças. Eu não aguento mais a dor desse amor.

Disse baixo tentando tomar coragem para se manter de pé. Suas pernas tremiam e ela sentia uma dor na alma inexplicável. Marília já não tinha mais nenhuma esperança de viver algo com alguém além daquela mulher que estava presa a uma cama, limitada a realizar os seus maiores sonhos.

A verdade é que Marília já não tinha forças para suportar. Ela parecia forte o tempo todo, parecia ser a pessoa a qual não se abala por qualquer coisa. Mas no fundo ela só queria ser amada novamente, cuidada outra vez. Ela queria se sentir viva.

Isso era demais pra ela? Ela não merecia isso? Por que a vida tinha sido tão injusta com ela? Por que ela foi escolhida para viver aquela dor que dilacerava e machucava ela?

A dor de esperar um amor voltar não era e nunca foi fácil. Ainda mais quando você tem a certeza que ele nunca voltará para os seus braços.

— Por que eu sou tão fraca? — E Marília desmoronou chorando. — Parece que sou fraca demais para viver um amor. Me sinto tão fraca, tão insuficiente às vezes.

Marília, inconsolável, chorou em cima do corpo de Liz, enquanto olhava para o chão, incapaz de acreditar no destino cruel que as havia atingido.

Ela não aguentava mais, estava cansada, exausta. A dor da sensação de perda era imensurável e insuportável.

 Inimigas no Altar | Malila. Onde histórias criam vida. Descubra agora