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Nova Iorque.

15 de abril de 2009.

(...)

- Hoje você está fazendo trinta anos. - Marília tocou a mãos de Liz e olhou a mulher um pouco perdida. - Hum, meus pais estão vindo me visitar, você iria adorar ver eles, não é mesmo? - Ouviu o apto dos batimentos cardíacos e suspirou levantando. - Hoje eu trouxe algumas flores pra você, suas preferidas.

Viu a mulher entubada e uma vontade enorme de chorar. Liz estava há quatro anos presa aquela cama, sem nenhuma vida, apenas existindo. Mas ela não conseguia deixar a mesma partir. - Maraisa está me deixando um pouco confusa. - Arrumou o lençol sobre a mulher. - Não sei o que pensar, meu amor. - Beijou a mão de Liz e sentiu seu peito apertar.

- Olá, senhora Mendonça. - O médico entrou no quarto chamando Marília que estava fitando Liz.

- Olá, doutor. - Marília acenou para o médico. - Estou ansiosa para saber a evolução do estado de saúde da minha noiva.

- O estado da sua noiva continua sendo estável, a gente segue fazendo todos os tratamentos para acordá-la. - O médico olhou para Marília com um tom de compreensão. - Ela está em coma, infelizmente não podemos dar mais notícias.

Marília sentiu um nó na garganta. - Como está a atividade cerebral? Alguma mudança?

- Não, infelizmente não há nada de novo sobre isso. - O médico olhou para ela com uma expressão triste. - Eu sei que ela não está acordando com facilidade, mas a gente não pode fazer muito. Estamos fazendo o melhor que podemos por ela. - Disse enquanto olhava para Marília.

- Eu entendo. - Marília deu um suspiro e tentou sorrir para o médico. - Obrigada, doutor. - Marília acenou para o médico e viu a porta se fechar.

Ela ficou parada por um momento e depois foi até Liz.
- Eu ainda estou te esperando.

Disse e deu um beijo na face da mulher. - Estou com saudades de você, querida. - Marília apertou a mão da noiva e sentiu o toque frio. - Eu ainda espero que você acorde.

Marília saiu do quarto de hospital e ficou parada no corredor por alguns segundos. - Eu não posso deixar de tentar. - Disse para si mesma. - Eu ainda posso fazer alguma coisa.

Caminhou pelo corredor e entrou em um elevador. Enquanto ia até o trabalho, pensou na situação de Liz e no que poderia fazer para ajudar, mas seus conhecimentos não eram suficientes e um milagre estava fora de suas mãos.

Marília chegou à delegacia e entrou na mesma indo até o seu escritório. A sala estava em silêncio, apenas os ruídos dos computadores e das máquinas de café para quebrar o tédio e o silêncio.

Marília sentou-se na sua cadeira e ligou o computador, pensando no que poderia fazer no dia. Olhou para as pastas em cima da sua mesa e suspirou antes de começar o seu trabalho.

Marília colocou as mãos sobre o teclado e começou a trabalhar. Antes disso, ela deu uma olhada nas pastas em seu escritório e se debruçou sobre elas cansada e com uma enorme vontade de desistir de tudo e ir para sua casa se trancar no quarto.

Hoje era pra ser um dia feliz em sua vida. Em todos os aniversários de Liz elas iam para algum lugar. Aproveitavam o dia e comemoravam, agora parecia que aquele dia era o pior de todos.

Quando olhou pro lado pode perceber todos em uma movimentação diferente dos outros dias. Com muito esforço, reuniu o pouco de coragem que tinha e levantou da cadeira saindo de sua sala.

 Inimigas no Altar | Malila. Onde histórias criam vida. Descubra agora