Inimigas no Altar | Malila.

25.

Nova Iorque.

20 de maio de 2009.

(...)

— É sério que você e Marília não irão fazer uma cerimônia completa?

— Sim. — Maraisa sorriu pra Ruth. — Ela quer algo só para nós duas.

— Por que não planejamos uma festa escondida dela? — A mais velha começou a enrolar a massa do pão. — Ela não precisa saber, só precisava chegar na igreja vestida de noiva. — Maraisa riu.

— Será difícil convencer ela a fazer uma cerimônia para toda família e amigos.

— E sua família, não se incomodou com a ideia?

— Eles moram um pouco longe, eles não iriam vir de qualquer jeito. Apenas minha irmã que não gostou muito, mas ela disse que no final do ano irá nos visitar.

— Como você conquistou Marília? Ela era a pessoa mais fechada que eu conhecia, minha filha sempre foi difícil de lidar.

Maraisa paralisou por um tempo. Como iria explicar pra Ruth algo que não tinha acontecido como ela imaginava. — Eu acho que foi o meu jeito de lidar com ela e a persistência em alguns encontros. — Forçou um sorriso pra Ruth e foi ajudar a mesma com a massa.

— Eu como mãe da Marília vejo que ela está voltando a ser oque era antes de tudo acontecer.

Maraisa pensou por alguns segundos e ficou um pouco curiosa para saber oque poderia ter acontecido.

— Sim, claro. — Limpou a garganta.

— Como ela sentia antes e agora, será que ela está realmente melhor? — Perguntou Ruth, enquanto olhava para Maraisa com a massa nas mãos. — Sente que ela está feliz?

— É, ela parece ter perdido o medo e está ficando cada vez mais feliz. Ela era quieta e fechada, mas agora está mais aberta e falando mais das coisas. Acho que Marília está começando a se recuperar lentamente das coisas que aconteceram…

— E depois que aconteceu, eu achei que Marília nunca mais ia se recuperar… quando Liz entrou em como há quatro anos eu jamais imaginei que veria minha filha feliz e até viva outra vez.

Surpresa. Maraisa estava com uma expressão de surpresa no rosto. Não sabia como reagir diante daquela informação. Ainda estava confusa sobre a mesma e sentiu seu interior ficar reprimido tentando digerir tudo.

— Marília está lidando bem com isso tudo. — Foi até a pia para começar a lavar a louça.

— Maraisa, a minha filha quando Liz sofreu o acidente, ela se culpou por meses e entrou em uma depressão no qual ela já nem se cuidava de si mesma. — Ruth começou. — Ela se perdeu de uma maneira que eu não via nenhuma esperança, até que ela voltou.

Na mesma hora que Maraisa ouviu as palavras de Ruth, Maraisa se lembrou que em determinado momento de sua carreira como advogada, não teve mais a Marília ao seu lado para competir com ela. A mesma tinha se afastado durante meses e quando voltou, voltou como se fosse uma pessoa totalmente diferente. Uma pessoa fria, reservada e que quase não saia do escritório.

— Ela se tornou alguém que eu nem reconhecia e eu tinha tanto medo de perder minha única filha. — Ruth foi até Maraisa. — Pensei que nunca a veria assim novamente… feliz ao lado de alguém e com essa vontade de viver. Ela voltou a sorrir e isso não tem preço pra mim. Obrigada por estar cuidando da melhor pessoa que a vida me deu.

Maraisa continuou olhando para Ruth com ar de surpresa. Ela não conseguia acreditar que Marília já havia passado por um momento tão difícil.

— E como você a ajudou a se recuperar? — Perguntou Maraisa com expressão sinceramente curiosa.