Uma travessia perigosa

43 6 2
                                    

Pov. Narrador

Ao amanhecer os lobos reuniram os seus pertences e se preparavam para a dura e perigosa travessia rumo em direção as terras do sul , Gumo sentia seu pé doer e este estava ainda latejando e inchado, seu irmão se ofereceu para o carregar novamente mas Gumo vendo seu irmão cansado recusou a ajuda , fazendo um esforço para acompanhar o restante do grupo, os lobos percebiam claramente que Gumo estava sentindo dor mas quando perguntado sobre isso Gumo respondia - Está tudo bem.

O tio de Toty disse que o grupo deveria diminuir o ritmo da caminhada para que Gumo pudesse acompanhar todos mas o lobo respondeu que eles deveriam sair dali o mais rápido possível pois as reaposas estavam atrás deles.

O restante do grupo iam  levando maçãs , alguns figos que conseguiram apanhar enrolados em tiras de coro , com o lobo que teve suas costas queimadas levando algumas tiras de carne do javali que havia sobrado , depois de todos da tribo terem comido o máximo de carne que conseguiam comer , o tio de Toty ia na frente guiando o grupo levando um arco e flecha , suas orelhas , sua visão e seu ofato estavam o tempo inteiro em alerta a procura de algum perigo.

Alguns lobos como o lobo branco iam calados pois a memória daquelas raposas quase os encontrando ainda estavam bem frescas na mente , toda vez que o lobo branco se lembrava da noite do dia anterior sentia sua boca ficar mais seca e seu coração bater mais forte, ele ficava pensativo com uma expressão de pavor claramente visível no rosto.

- Está tudo bem ? - Perguntou a mãe.

- Sim - disse o lobo branco com o rosto espantado.

O lobo branco ia no meio do grupo e perto de seu irmão, o grupo passava por uma floresta escura e ele olhava em todas as direções apavorado , como se a qualquer momento um grupo de raposas fosse aparecer para ataca-los.

- Calma ! A gente já está bem longe - disse o irmão, o lobo preto tentando o acalmar.

- Eu sei ! - disse o lobo branco com a voz pavorosa.

O lobo branco pegou na mão do irmão e seu irmão sentia sua mão gelada.

- Calma ! Está tudo bem ! - disse o lobo negro tentando desfazer o aperto de mão.

O lobo branco desfez o aperto de mão e apressou o passo se aproximando pouco a pouco do tio de Toty.

- Vai demorar muito para chegar-mos até as montanhas ? - perguntou o lobo branco.

O tio de Toty olhou para o lobo branco e percebeu que este estava muito nervoso.

- Não vai demorar muito! - disse o tio de Toty tentando tranquiliza-lo.

O lobo branco ia na frente com o tio de Toty mas o tio de Toty disse para ele voltar e caminhar com o restante do grupo e o lobo branco obedeceu as suas ordens pois só os líderes iam a frente do grupo.

Aos poucos a paisagem ia ficando cada vez mais íngreme e o grupo ia subindo ladeira acima , aos poucos as árvores iam dando lugar a uma paisagem descoberta. Gumo ia sentindo cada vez mais dor ao caminhar e o grupo teve que parar por alguns minutos enquanto Gumo descansava , Gumo descansou por alguns minutos e o grupo voltou novamente a caminhar , os lobos haviam levado algumas roupas para o frio mas estás não eram suficientes e já começava a ventar cada vez mais frio e forte enquanto estes subiam montanha a cima.

Os lobos fizeram mais uma parada pois estavam exaustos e famintos , ventava frio e aquele frio fazia os olhos começarem a ficar secos e a respiração pouco a pouco cada vez mais pesada.

O lobo que teve suas costas queimadas tentava fazer uma fogueira para aquecer o grupo mas sem sucesso pois o vento apagava tudo.

- Temos que procurar uma caverna para passar a noite ! - disse o irmão de Gumo um pouco preocupado vendo que eles não conseguiam fazer fogueiras.

O lobo branco via os demais lobos preocupados e não desgrudava de perto do seu irmão.

Ao tio de Toty perguntaram se este sabia da existência de alguma caverna no local , o tio de Toty consentiu com a cabeça e deu a ordem para o restante do grupo seguir viagem pois não seria seguro ficar ali ainda mais a noite.

O irmão de Gumo vendo que este não conseguia andar direito o pegou logo nos braços e o carregou mas costas.

O grupo teria que subir um pouco mais acima para encontrar a tal caverna e a trilha ia ficando cada vez mais íngreme e acidentada.

- Todos em fila , um atrás do outro ! - disse o tio de Toty que ia na frente com os lobos só pisando onde ele havia pisado antes.

A medida que eles iam avançando já era possível ver algumas graminhas enbranquecidas de neve.

- Essa tal caverna está muito distante ? - Perguntou o irmão de Gumo enquanto levava o irmão nas costas.

- Me coloque no chão, eu consigo andar ! - disse Gumo vendo o irmão cansado.

O irmão de Gumo o colocou no chão devagar , o lobo negro ficou ao lado de Gumo o acompanhando enquanto este caminhava enquanto o lobo branco ia com sua mãe.

O ar ia começando a ficar rarefeito e alguns lobos começavam a se sentir cansados.

- Já estamos quase lá ! - disse o tio de Toty percebendo que o grupo estava ficando com o moral baixo.

Começava a anoitecer pouco a pouco e o céu ia tomando tons laranjas e uma neblina começava a dificultar a visão dos lobos.

- Pisem apenas onde eu já pisei ! - disse o tio de Toty.

O tio de Toty com muito esforço conseguiu visualizar a entrada de uma caverna em meio aquela neblina que ia ficando cada vez mais densa.

- Ali ! Me sigam ! - disse o tio de Toty.

Os lobos conseguiram chegar até a caverna e com muito esforço conseguiram fazer uma fogueira , a noite ia ficando cada vez mais congelante , sendo apenas possível escutar o barulho do vento rugindo , os lobos não comeram nada naquela noite , deixando as poucas provisões para a jornada do dia seguinte , eles se amontoaram ao redor da fogueira , com um dormindo bem perto do outro , o lobo branco dormiu abraçando o seu irmão.

No dia seguinte os lobos não perderam tempo acordando bem cedo para seguir viagem , viajar durante o dia seria menos arriscado pois a visibilidade era melhor e a noite tinha as neblinas. Mesmo todos se sentindo um pouco cansados seguiram a viagem , estava fazendo frio e ventava muito, a neve ia tomando conta de toda a paisagem os lobos caminhavam por aquele cenário desolador com alguns se lembrando do dia em que escapavam de Atora e de suas raposas.

O tio de Toty percebeu que as provisões estavam acabando mas não quis alarmar o grupo, o tio de Toty e o lobo negro viram alguns coelhos de montanha pulando na neve.

- Coelhos ! - disse um lobo.

- Ninguém faz nenhum movimento brusco ! - disse o tio de Toty sussurrando e pegando o arco e flecha.

Outros dois lobos do grupo fizeram o mesmo.

O tio de Toty conseguiu acertar um coelho grande , o lobo negro outro um pouco menor e outro lobo um coelho branco que mesmo ferido se escondeu atrás de uma pedra enorme.

Os lobos foram até o local pegar os coelhos recém abatidos.

O lobo que havia acertado o coelho que havia conseguido escapar foi a sua procura mas o que encontrou foi de arrepiar , ele sentiu seu sangue gelar e seu coração se acelerar quando encontrou várias ossadas , os lobos o vendo parado e olhando para o chão perguntaram o que ele estava vendo.

O lobo horrorizado apontou para o chão e o tio de Toty e o lobo negro ao se aproximarem viram pilhas e pilhas de ossos espalhados por aquele chão pedregoso e sem vida , o tio de Toty logo se preocupou com a segurança do grupo e logo lhe passou pela cabeça que ele estaria invadindo o território de outra tribo , enquanto o lobo negro pensou em sair dali o mais rápido possível.






O Lobo e a Raposa 🦊🦊Onde histórias criam vida. Descubra agora