Capítulo 01

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Taísa ✨

Talita: O que? Não acredito nisso, mãe. - escutei ela falar e entrei na cozinha. - Como pode isso?

Bruna: Eu também não sei, minha filha. - falou e se sentou na cadeira. Me sentei ao lado da Talita, que me olhou.

Talita: Você já tá sabendo? - perguntou.

Taísa: De que? - coloquei café em uma xícara.

Talita: A tia Dávila se separou do Gabriel. - olhei para a minha mãe, que balançou a cabeça. - E ainda tem mais, ela, a Giulia e a vó Elisa vão vir morar aqui.

Taísa: Duvido aquela patricinha da Giulia pisar os pés aqui.

Bruna: Taísa! - a olhei e dei de ombros.

Taísa: É apenas a verdade, mãe. Aquela ali não desce do salto para nada.

Bruna: Olha, minha filha, você pode até não se dar bem com ela, mas pelo menos não arrume confusão.

Taísa: E que tipo que confusão eu arrumaria com aquela lá? Tá brisando. - levantou uma sobrancelha.

Talita: Da última vez que se viram, vocês quase saíram no tapa. - falou e se levantou.

Taísa: Isso não importa mais, irmãzinha. Não irei fazer isso, nem com ela e nem com ninguém.

Talita: O papai de teu um esporro? - fiz careta e ela riu. - Merda, tô atrasada. - olhou a hora no celular. - Beijo, mãe. - beijou a testa dela.

Taísa: Quer uma carona? - perguntei e ela negou.

Talita: Papai ficou de me levar. - assenti. - Tchau, irmã. - saiu de casa.

Terminei de comer meu café da manhã e me levantei colocando na pia a louça suja.

Bruna: Filha. - me chamou e a olhei. Ela se aproximou e respirou fundo. - Por favor, tenta ter paciência com a sua prima. Ela está em um processo difícil, assim como sua tia. As duas precisarão de apoio e não de confusão.

Taísa: Relaxa, mãe, eu não vou fazer nada.. a não ser que ela provoque. - negou com a cabeça.

Bruna: JK falou que você tá, de novo, com ironia para cima do Ygor.

Taísa: Ah, não acredito que ele foi fazer queixa de mim para o paizinho. - ri.

Bruna: Para, Taísa.

Taísa: Mãe, qual é, eu tô te dando a minha palavra. Até parece que a senhora não me conhece.

Bruna: É por te conhecer bem que estou te alertando. Seu pai tá cheio de escutar coisas sobre você. - engoli o seco. - Fica esperta, ou vai perder tudo que quer conquistar. - falou firme.

Ela me olhou uma última vez e saiu da cozinha. Soltei o ar que estava prendendo e passei a mão no rosto.

••••••••••••••••

Entrei na boca e dei de cara com o Ygor. Ele desviou o caminho do meu e suspirei.

Taísa: Ygor. - o chamei, mas ele fingiu que não escutou. Caminhei atrás dele e segurei seu braço.

Ygor: Que é? - se soltou de mim e virou para me encarar. - Vai encher meu saco novamente? Vai precisar de platéia? Eu posso chamar os moleques ali.

Taísa: Não, cara. - cruzei os braços. - Desculpa. Não quis te ofender, nem ofender a.. sua namorada. - cocei a cabeça. - E isso, foi mal. Não vou mais fazer isso.

Ele ficou me olhando por um tempo e revirei os olhos.

Ygor: Tá, aceito as desculpas. - acenei com a cabeça. - Mas... vai ter que pedir desculpas a Ayla também. - dei de ombros.

Taísa: Tá, eu peço. Mas isso não vai mudar minha opinião e não retiro o que disse sobre ela. - ele negou com a cabeça e bufou.

Ygor: Caralho, Taísa, se fode. Você conserta as coisas e na mesma hora estraga. Muda nunca. - ele ia saindo, mas não deixei.

Taísa: Ela te trai, Ygor. - balançou a cabeça.

Ygor: Quantas mentiras a mais você vai contar? Faz isso pra chamar atenção, não é?

Taísa: Eu não conto mentiras. - me olhou sério. - Estou tentando abrir seus olhos. Depois não diga que não avisei.

Deixei ele lá sozinho e sai da boca. Amarrei meu cabelo em um coque alto e suspirei fundo.

Minha história com o Ygor começou a um tempo atrás. Estávamos ficando e no começo não era nada sério, só diversão e também era escondido. Só que quando vi que estava começando a me apaixonar por ele, estraguei tudo. Fiquei com outro na frente dele e agora o cara me odeia.

Só que eu ainda o amo. Acho que nunca deixei de gostar dele. E a única forma de manter ele afastado da confusão que eu sou, é ser chata e ignorante, mesmo só querendo ter ele comigo.

Arthur: Tá bem, Taísa? - me assustei com ele. - Ih, que foi?

Taísa: Me deixa, Arthur.

Arthur: Caralho, só quero saber se você tá bem. Deixa de agir na defensiva comigo. - desviei meu olhar dele. - O pai disse que quer conversar contigo. - ele fechou a cara e entrou na boca.

Eu sempre afasto as pessoas de mim, mesmo sem intenção. Não sei o motivo de agir assim. Meu pai diz que puxei isso do meu padrinho Diogo e um pouco dele.

Me sentei na calçada e fiquei tentando relaxar a mente, antes de escutar o que meu pai tem pra falar.

DG: Levanta a bunda daí, garota. Vai ficar com hemorróida. - levantei meu olhar e encarei ele. - Brigou com quem?

Taísa: Ninguém... só tô pensando na vida. - ele cruzou os braços e se sentou ao meu lado.

DG: Dávila tá vindo e não quero saber de briga sua e da mimada da filha dela. - ri de lado. - Presta atenção, Taísa. Teu pai tá de olho em tu.

Taísa: Eu tô sabendo. - suspirei. - Minha mãe já havia me avisado e também já percebi. Mas não adianta ficar me avisando disso e esquecerem de falar para a Giulia. Ela me provoca e o senhor sabe bem. Ela falou mal da Sara e da Talita. E podem falar o que for de mim, mas não das minhas meninas. - ele riu.

DG: Tu tem que saber segurar a onda, cria. Não temos tanto contato para eu chegar e falar isso pra menina, mas vou dar um toque na Dávila. - assenti.

Taísa: Valeu, padrinho. - ele beijou minha testa.

O Diogo era um cara sensacional e acho que devo ter puxado a ele mesmo, a gente se entendia bem.

DG: Agora levanta. - se levantou e me puxou para levantar também. - Teu pai quer falar contigo sobre uns bagulhos do baile. - levantei uma sobrancelha.

Taísa: Outro baile? Fizemos um semana passada. - ele deu de ombros.

DG: Coisa do Tiego. - suspirei. - Bora.

Deu um toque no meu ombro e entramos na boca.

Apesar do tio Diogo não morar por aqui, ele ainda aparecia muito por cá e também íamos bastante para o Lins. Além de ajudar a resolver as coisas da boca.

Eu e o Arthur seguimos os passos do nosso pai, enquanto a Talita, que ama pintar, resolveu fazer faculdade de artes e ela manda bem pra caralho.

Só que diferente do Arthur, recebo um tratamento diferente por ser mulher, mas não me intimido. Não tenho medo de nada e nem de ninguém. Eu sou dona da vida e dona desse morro, meu pai querendo ou não.

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Donos dos MorrosOnde histórias criam vida. Descubra agora