Capítulo 40

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Taísa ✨

É totalmente imprevisível o que o destino nos guarda. Por exemplo, nem sonhava que tão cedo assim estaria construindo uma família, sendo feliz ao lado do homem que amo e ser tão amada.

Há coisas que vem para te despertar e te fazer descobrir o real significado da vida. Há pessoas que vem para o bem, como o Ygor.

Ter ele na minha vida fez com que tudo ao meu redor fizesse sentido. A vida parecia certa ao lado dele, parecia que fomos feitos um para o outro. E isso era de se admirar, já que na infância, ele vivia implicando comigo.

Se lá atrás, antes de eu me apaixonar por ele no ensino médio, alguém me dissesse que ele seria o homem da minha vida, talvez eu iria rir até não aguentar mais.

Descobrir a gravidez foi um sentimento único e saber que ele também estava querendo aquilo, que estava comigo ao meu lado, era incrível. Melhor ainda foi a reação da minha família.

Família.

Dias ruins também existem. Há pessoas também que vem para o mal.

Nesses dias, acontecem inúmeras coisas, como, por exemplo, o sentimento de angústia.

Tudo estaria melhor se isso não estivesse acontecendo, claro que estaria.

Era horrível saber que estávamos nas mãos de pessoas ruins que vieram para fazer o mal para nossa família. Que vieram para destruir e pior ainda é assistir isso e não poder fazer absolutamente nada.

Agora entendo o meu pai e o toda aquela preocupação dele conosco. Perder um filho deve ser o pior sentimento do mundo e a todo instante pensava no meu bebê, que ainda estava na minha barriga. A angústia no meu peito não passava, o dia parecia demorar anos para passar e era terrível a sensação.

Olhar para o lado e ver as meninas machucadas, chorando e rezando para sairmos daqui logo, me fazia mal. Eu não estava muito diferente delas, estava suja, com frio, fome, sede e meio machucada porque eles simplesmente nos jogaram no chão com raiva.

Era nesses momentos ruins que pensávamos nos bons, ou apenas nos dias normais, naqueles que parecem tediosos e meio sem graça. O pensamento de "poderia ter aproveitado mais" vem com tudo e bate aquele arrependimento de não ter dito o que sente, o que pensa. De não ter agido da forma certa.

Em meio ao sofrimento, lembrar dos momentos fazia o coração doer. Eu estava com o coração doendo quando me lembro do meu pai, minha mãe, meus irmãos, meu namorado, minha família completa. A vontade de chorar era inevitável e não conseguia ter controle do que estava sentindo.

As emoções vinham e precisava colocar tudo para fora de uma vez só. Como agora.

Limpei algumas lágrimas e olhei para o lado encarando a Sara.

Sara: Está se sentindo bem? - perguntou, mesmo sabendo a resposta. - Eu sei que não. - disse, antes que eu respondesse. - Só queria saber se não está sentindo.. enjôos.. dores. - neguei com a cabeça e ela acenou de leve sorrindo fraco.

De nós três, a Sara parecia estar mais sã. Visivelmente, parecia bem, mas sabia que estava longe disso. Ela parecia consciente e consistente, não havia chorado ainda e me surpreendi por estar demonstrando ser forte e sempre perguntando sobre o nosso bem-estar.

Taísa: E você? - ela me olhou com os olhos arregalados. - Está bem? - engoliu o seco.

Sara: Acho que sim. - encolheu as pernas e molhou os lábios com a língua. - Minha garganta está seca.

Taísa: A minha também. - disse e ela assentiu.

Sara: Acha que vão vir nos buscar? - olhou para as mãos.

Donos dos MorrosOnde histórias criam vida. Descubra agora