Capítulo 55

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Yara 🌟

Me sentei em uma mesa vazia, bem afastada da lanchonete e peguei o cardápio olhando qual era o prato do dia. Um X tudo. Era o que eu precisava.

Olhei para o lado procurando o garçom, mas não encontrei. Voltei a olhar o cardápio a procura de uma bebida. Suco de laranja. É o que ela vai pedir.

Garçom: Oi, boa tarde. - olhei para o lado. - O que vai querer?

Yara: Olá. - sorri pequeno. - Vou querer um X tudo e um copo de refrigerante. - ele anotou.

Garçom: Algo a mais?

Yara: Agora não, estou a espera de uma amiga e se ela for pedir algo, eu chamo. - assentiu.

Garçom: Não demoro, já trago seu pedido. - disse saindo.

Peguei meu celular vendo apenas algumas mensagem da minha mãe e outra do Hugo. Bloqueei a tela do celular porque agora não queria conversar com ninguém.

Fiquei olhando algumas coisas no Instagram e estava distraída quando ela chegou.

Sara: Oi, desculpa o atraso. - disse e se sentou em uma cadeira a minha frente. - Chegou faz tempo?

Yara: Não. - neguei. - Agora a pouco também. - sorriu sem graça.

Sara: Já fez o pedido? - pegou o cardápio também olhando as opções de comida. - Vinte e cinco reais um milkshake de morango? - reclamou do preço. - Vou ter que ficar com o suco de laranja mesmo. - resmungou e eu ri.

Fiz um sinal com a mão para o garçom, que logo se aproximou.

Garçom: Pois não?

Sara: Ah, oi. - olhou para ele. - Vou querer um suco de laranja e uma coxinha de frango com bastante catupiry. - ele anotou.

Garçom: Volto em cinco minutos. - piscou o olhou pra ela, que só deu um meio sorriso.

O carinha saiu e escutei ela suspirar fundo.

Desde que fomos resgatadas, não havíamos conversado nenhum pouquinho. E admito que estava com medo da nossa conversa, eu confesso que exagerei no que disse, mas foi coisa de momento, não estava totalmente sã, me sentia machucada, mal, triste.

Entendo que ela estava fazendo aquilo porque é o mecanismo de defesa dela, mas na hora me incomodou e agi pela emoção, não com razão. Eu entendi isso depois que passei a observar mais ela e depois da terapia também, entendi que ela preferia ver os outros bem do que a si mesma. Estava arrependida. Sabia que a Sara ainda estava bastante magoada comigo porque mesmo depois de dias, ela nem olhava para mim direito.

E eu tinha ainda mais medo dessa nossa situação atrapalhar minha relação com o Hugo e com a família deles. Eu amo o Hugo, mas sei que a Sara é tudo para a vida dele. Ele daria a vida por ela, e entendo, faria o mesmo pelo meu irmão. E não estarmos bem, dificulta uma aproximação, uma aliança que quero ter com eles também.

Yara: Sara. - me olhou e engoli o seco. - Desculpa. - relaxou os ombros. - Nunca quis te magoar com o que eu disse. Na hora, não sei o que se passou pela minha cabeça. Foi um misto de emoções e eu descontei em vocês toda a minha frustração, a minha tristeza. Não te acho boba, nem mimada, agora eu entendo que esse é o seu jeito de fazer com que tudo fique bem. Sempre coloca as necessidades dos outros acima das suas, e apesar de não concordar muito com isso, é um gesto nobre e fui idiota por achar o contrário disso.

Ela balançou a cabeça e cruzou as mãos, colocando na mesa. Sara olhou para o lado e logo vi o garçom vir com os nossos pedidos, após ele colocar tudo na mesa, murmurei um "obrigada" e ele saiu.

Donos dos MorrosOnde histórias criam vida. Descubra agora