Capítulo 07

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Arthur 💀

Cerol: Moleque. - olhei para ele. - Teu pai tá te chamando na sala dele.

Arthur: Valeu, Cerol.

Deixei de lado o que tava fazendo e caminhei até a sala do meu pai. Bati e entrei, ele me olhou e fechei a porta.

Arthur: Qual a treta?

Tubarão: Nenhuma. Só quero saber se terminou tudo para o baile.

Arthur: Sim, senhor. - me sentei na cadeira. - Terminei minha parte e a Taísa tá finalizando. - acenou de leve com a cabeça e se encostou na cadeira. - Era só isso?

Tubarão: Não. - suspirou funfo. - Acho que.. tá na hora de falar de um assunto com vocês.

Engoli o seco já sabendo o que era.

Sucessão.

Para falar a verdade, eu não queria ser dono do morro. Eu amo essa favela, essa gente, mas é muita responsabilidade para mim. Acabei de fazer 18 e ainda tenho bastante coisa para curtir.

Taísa sempre foi a mais dedicada, ela quer isso e não vai sossegar enquanto não conseguir. E tem meu apoio, vejo o esforço dela para sair tudo perfeito e não escutar reclamações do nosso pai.

Ela quer isso de verdade. Quer ser a dona do morro e por mim, ela já seria. Só que meu pai pensa diferente e esse é um dos motivos para a minha irmã ter raiva de mim.

Temos uma relação estável, mas a maioria das vezes ela é arrogante comigo. Apenas pelo meu pai preferir que eu assuma. Eu não tenho culpa disso.

Tubarão: Quando entrei para o crime não pensava que, algum dia, teria um filho e que ele também seguiria esse ramo. - olhou em meus olhos. - Você se parece muito comigo, Arthur, e está na hora de ensinar algumas coisas importantes para você. Algum dia irei me aposentar e preciso deixar esse morro nas mãos de uma pessoa que realmente quer isso, alguém competente.

Arthur: E porque o senhor acha que sou essa pessoa? - cruzei os braços e ele levantou a sobrancelha. - A Taísa é a mais velha e ela é sua filha também. É confiável, dedicada e seguiu seu seus passos. Por que eu?

Tubarão: Porque eu quero! - falou firme.

Arthur: Mas eu não, pai. - ele suspirou. - Eu não quero assumir o morro. Eu posso ficar ao lado da Taísa, ajudar ela em algo que precisar, mas é muita responsabilidade.

Tubarão: Por esse motivo estou querendo lhe ensinar tudo que aprendi durante todos esses anos. - passei a mão no rosto e olhei para o teto.

Arthur: Ela vai ficar com raiva de mim.

Tubarão: Sua irmã vai entender.

Arthur: Qual explicação o senhor vai dar a ela? - o olhei.

Tubarão: Não há necessidade de uma. Eu quero e você vai ser meu sucessor. - fiz um legal com a mão e me levantei. - O treinamento vai começar amanhã de manhã, esteja aqui às cinco.

Arthur: Mas amanhã é o baile.

Tubarão: Esteja aqui às cinco. - repetiu.

Assenti e me virei de costas para sair da sala, mas parei e olhei para ele.

Arthur: Só uma coisa. - me encarou. - A minha mãe tá sabendo disso?

Tubarão: Na hora certa ela irá saber. - respondeu.

Parece que alguém tava com medo da reação da Dona Bruna. E para ser sincero, ele não era o único.

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Donos dos MorrosOnde histórias criam vida. Descubra agora