Capítulo 53

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Bruno ⚡

Sai da delegacia observando o Hugo encostado no carro. Andei até ele e o cumprimentei com um toque de mão.

Bruno: Só veio você? - olhei pelas janelas do carro.

Hugo: Me ofereci já que, de todos, sou o único que posso andar aqui sem ser pego. - assenti. - Tá com fome? - olhou para o lado.

Segui seu olhar e encarei uma lanchonete. Era tarde da noite, tinha poucos clientes ali. Suspirei e neguei com a cabeça encarando ele.

Bruno: Não, mano. - cocei a sobrancelha. - Só quero ir para casa, pode ser?

Hugo: Claro.

Hugo se afastou do carro e entrou no banco do motorista. Rodeei o carro e entrei no banco do passageiro, nem demorou para ele dar partida indo em direção ao morro.

A sensação de estar atrás das grades é coisa de doido. Pensei muito na minha mãe e em como ela tinha ficado quando soube o que aconteceu. Nunca quis dar tanto desgosto a ela e muito menos ao meu pai.

Eles me criaram com valores, me ensinaram a ser um homem respeitoso, cuidadoso e que sempre fosse verdadeiro. Tenho muita sorte de ter tido eles como meus pais e ter o Fabrício como irmão. Não seria ninguém sem esses três.

Mas admito que não tenho andado muito na linha nesses últimos tempos. Que merda eu tinha na cabeça quando magoei a Talita? Ou fiz a minha mãe sofrer? Porque eu tinha que sair naquela hora e conversar com aqueles caras?

A vida era uma caixinha de surpresas, real. As vezes, eram coisas boas que vinham, outras vezes nem tanto. Foi um erro ter feito o que fiz com a Talita, me arrependo muito e posso ter perdido ela com essa atitude.

Suspirei, olhando pela janela do carro. Estávamos perto do morro e senti um aperto no peito.

Não queria encontrar a minha família.

Não sei, estava com vergonha. Sei que isso faz parte de estar envolvido no meio do crime e que qualquer hora, poderia acontecer. Mas nunca pensei que de fato, esse dia chegaria.

Uma das piores sensações.

O carro parou e aí me dei conta de que havíamos chegado. Sai do carro e parei em frente a porta de casa.

Hugo: Ei, mano. - me chamou e o olhei. - Você tá bem? Veio o caminho todo com uma cara estranha. - relaxei os ombros e ele saiu do carro. - Fizeram algo com você?

Bruno: Não, cara. Não tocaram em mim. - assentiu. - Só... estou cansado. Aconteceu muita coisa hoje. - concordou com a cabeça.

Hugo: Eu entendo. - estiquei a mão e ele apertou.

Bruno: Obrigado por tudo.

Hugo: Que nada. - bateu no meu ombro. - Somos irmãos, estarei sempre aqui.

Bruno: Eu também, mano. - soltamos as mãos.

Observei ele entrar no carro e subir o morro. Engoli o seco ao encarar a porta e toquei a maçaneta, não tendo coragem de girar.

Fabrício: Bruno? - olhei para o lado. Fabrício estava parado mais a frente e sorriu ao me ver. - Irmão! - caminhou na minha direção e me abraçou. - Seu idiota! Que merda você estava fazendo com esses caras? A turminha do Rui, Bruno? - se afastou e me encarou.

Bruno: É. - desviei o olhar do dele.

Fabrício: Você tem noção o quanto a minha mãe ficou mal? E o meu pai? Cara, sorte que tu é ficha limpa porque a essa hora, já tinha sido morto!

Donos dos MorrosOnde histórias criam vida. Descubra agora