Capítulo 10

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Luan 💸

Me sentei na calçada da boca 3 e joguei minha cabeça para trás. Encostei minhas costas na parede, fechei os olhos e esperei a onda bater.

Nunca fiz isso porque quis. No começo, era só para esquecer os bagulhos e me distrair. Os moleques da minha turma, me apresentaram todo tipo de diversão e a melhor opção pra não lembrar de nada, foi a droga.

O problema é que comecei a usar demais. Vivia embriagado e mal lembrava do que tinha feito. Me senti curado quando voltei limpo, mas os problemas começaram a aparecer de novo e como nunca tive ninguém para contar o que sinto, tentei me livrar desse pesadelo com a única coisa que me fazia esquecer de tudo: a droga.

Não me orgulho. Minha mãe é o amor da minha vida e me ver assim deixa ela muito magoada. Eu não gosto de dar esse desgosto para ela e nem para o meu pai, por isso, nem apareço em casa quando estou nesse estado.

Ygor: O que você pensa que tá fazendo da tua vida? - abri um olho e o encarei.

Ele estava parado na minha frente com uma cara nada boa e com os braços cruzados. Suspirei fundo e abri o outro olho.

Luan: O que você quer?

Ygor: Explicações. Respostas. Te fiz uma pergunta, otário.

Luan: Eu.. penso que estou.. acabando com a minha vida.

Ygor: E porque continua fazendo isso? - olhei ao redor e tinha várias pessoas olhando para nós.

Revirei os olhos e me levantei, arrastando o Ygor para um beco distante.

Luan: Olha, cara, me deixa. Não vou fazer falta mesmo. - franziu o cenho.

Ygor: Tu tá comendo merda? Só pode, pra tá falando bosta desse jeito. - negou com a cabeça..- Pensa mais na tua mãe, no teu pai, Luan, em nós. Porra, mané, isso é coisa que se diga? - dei de ombros.

Luan: É o que penso.

Ygor: Então para com isso. Para também de arrastar os outros para o fundo do poço. - levantei uma sobrancelha. - Tô falando da Taísa. Ela não é acostumada a usar esse tipo de coisa e ficou mal. Sabia que ela estava sendo assediada?

Luan: É, eu soube. - cocei uma sobrancelha. - Mas não arrastei ninguém, ela que quis.

Ygor: Não desse! - falou firme e franzi o cenho.

Luan: Tá de papo com ela?

Ygor: Não interessa. Poderia ser qualquer uma ali, minha irmã, a Sara, Melina, qualquer uma. Eu iria vir aqui e te mandar um papo.

Luan: Nunca faria nada de mal contra as meninas. Eu não sou esse tipo de pessoa, pô, elas são minhas protegidas também.

Ygor: Então abra seu olho e fique esperto, Luan, ou tu para de usar essas porras ou tu vai se foder muito.

Luan: Não é só assim. Parar de uma outra pra outra, é difícil, pô.

Ygor: Eu te ajudo. - o olhei e respirei fundo. - Você é meu primo, meu amigo. Te ajudo.

Luan: Valeu. - ele relaxou os ombros e fez um toque comigo.

Ygor: Mas só vou fazer isso, se tu quiser mesmo sair dessa. - assenti. - Vem, vamos dar um jeito de tirar esse vermelho do seus olhos.

Acho que estava errado. Tinha alguém que se importava comigo e que faria o impossível para me ver bem. Essa pessoa era o Ygor. Ele preza muito pelo bem-estar de todos, inclusive de quem faz parte da família dele.

Donos dos MorrosOnde histórias criam vida. Descubra agora