[ ... ]
Se tem uma coisa que eu sei e que minha mãe sempre me contava, era que as aparências enganam e nem sempre isso era algo negativo.
João por exemplo, quando o vi pela primeira vez, a onde eu me encontrava em cima dele e nem sabia o motivo, eu cheguei a pensar que ele era um tarado, um sem vergonha.
Quando tentei fugir dele, ele me seguiu, não sabia o porquê, mas segui em frente tentando o ignorar, o que foi perceptível que não consegui, já que ele é uma pessoa muito insistente.
A porta do hotel também não me ajudou muito, já que acidentalmente a soltei bem na cara dele, minha sorte era que não formou um belo de um galo em sua cabeça, se não bye bye meu emprego.
Começamos a conversar e percebi que ele não era tão sem vergonha assim, muito pelo contrário, ele era um cara babaca.
Desde o dia que nos encontramos, ele tem feito coisas que eu não esperava que ninguém fizesse, até a minha irmã ficou encantada por ele. Não que eu estivesse..
Agora o mais inusitado acontecia, ele estava ao meu lado, em frente à diretora da escolinha em que Cecília estudava.
A questão era.. como e por que ele estava aqui? Uma pergunta que não sabia como responder, nem argumentos eu tinha.
E outra.. seu amigo, Fred. Estava do lado de fora, brincando no parquinho com a minha irmã, como tudo isso aconteceu?
Embora não houvesse nenhuma necessidade dele estar aqui, ele só estava.
Suas férias estavam sendo desperdiçadas em uma escola, uma grande escolha a dele, talvez ele tivesse um parafuso a menos na cabeça, mas enfim..
Desejando apenas ir embora, foquei minha atenção na diretora que estava à nossa frente, acredite ou não, encarando o João que sorria muito confortável na cadeira escolar.
Olhando para ele, até parecia ser uma pessoa responsável, mas ainda tinha minhas dúvidas em relação a isso.
_ Desculpe, já nos conhecemos? - A diretora perguntou estreitando os olhos para João, que se ajeitou na cadeira antes de lhe responder.
_ Acredito que não, desculpe não ter me apresentado, sou João. O namorado da Sophie. - Será que eu já podia matar ele? Qual era a necessidade dele mentir para ela também? Será que o porteiro não foi o suficiente?
Apesar de tentar ao máximo me controlar, eu não conseguia controlar minhas expressões faciais, muitos diziam que o que eu não falava, transparência em meu rosto.
Mirei meus olhos em João que sorriu de orelha a orelha para mim.
_ É mesmo? Eu não sabia que a Sophie tinha um namorado. - A diretora se expressou animada e João assentiu balançando a cabeça.
_ O engraçado é que nem eu mesma sabia.. - Sussurei para mim mesma, enquanto encostava minhas costas na cadeira.
E recebi uma cotovelada de João, que me fez olhar para ele e ver seu cenho franzido como se pedisse para que eu me controlasse.
_ Sim, eu e ele, namorados.. Sabe como é né. - Falei sem graça e talvez tenha sido perceptível, mas ela resolveu ignorar.
Ainda bem..
_ Você não parece animada por ter um namorado querida. - Ela relatou analisando minhas expressões, uma técnica que sabia graças por ser expert em expressões e João interveiu.
_ A Sophie? Não estar animada? Ha, ela é a pessoa mais animada que existe na face desse planeta terra. Precisa ver quando está só nós dois, ela vira outra pessoa. Até quase arrancar minha cabeça ela já fez. - João tentou consertar, mas acredito que pelo sorriso dela de canto de boca, ela talvez tenha entendido essas palavras de outra forma.
Sabe como é né? Cabeça.. arrancar... animada! Isso só piorava.
Eu ia trucidar ele.. Aahhh eu ia!
_ João querido, acho melhor mudar de assunto, ela não quer saber disso, ainda mais com detalhes. - Falei passando minha mão em seu ombro, enquanto ele sorria em minha direção.
Filho da mãe.. que sorriso lindo.
_ Bom.. meus parabéns ao casal. - Ela agradeceu e sorrimos para ela.
_ Muito obrigada. - Agradecemos juntos e em sintonia, voltando a ajeitar nossas colunas na cadeira.
_ Eu não tinha reparado, perdão. A senhora me parece tão jovem e já é diretora de uma escola tão renomada quanto está.. - Ele só podia estar de zuação com a minha cara. Que puxa saco..
Olhei para a diretora que no mesmo instante abriu um sorriso gigante em sua direção, do podia ser brincadeira.
_ Muito obrigada, comecei a trabalhar muito cedo e aos poucos fui conquistando tudo que tenho. - E ela estava dando trela?
Alguém avisa que vim para uma reunião e não para ouvir esses dois conversando na minha frente e que não estavam nem aí para mim.
_ Eu imagino, mas a senhora é casada? - João perguntou e me virei olhando para ele. Quer casar com ela agora é? Quer saber por que?
_ Não, infelizmente não encontrei o homem perfeito. - Respondeu sorrindo para ele. Gente? O que eu estou perdendo?
_ Nossa mais a senhora é tão jovem. - Alguém cala a boca desse menino, por favor.
_ Ahhh muito obrigada. - Aí muito obrigada.. aff, que voz de nojo.
Indignada com a cena que estava acontecendo em minha frente, ajeitei minhas costas na cadeira e cruzei mais braços, fechando a cara para ver se eles notavam a minha presença.
Comecei intercalar meu olhar entre os dois, que estavam super sorridentes um para o outro.
A diretora estava toda animadinha sorrindo para tudo que o João falava e ele estava super entrosado com ela.
Não consegui controlar a minha indignação que saiu até mesmo pela minha voz, mas mesmo assim eles continuaram conversando.
Será que eles não estão vendo que em mais pais esperando?
_ Aí muito obrigada João, é João mesmo, né? - Perguntou para confirmar e João assentiu sorridente.
_ Imagina, sabe a senhora me lembra muito a minha vó, ela também tinha olhos pretos. - João soltou e naquele instante eu perdoei ele por tudo que ele tinha falado antes.
Foi nítido e descontrolada a minha risada que escapoliu pelos meus lábios, eu não sabia como controlar, foi literalmente a coisa mais engraçada que eu havia ouvido.
Ele a elogiou tanto para depois falar que ela parecia sua avó? Cara, eu não aguento esse menino.
Tentando controlar minha risada, coloquei a mão na frente da boca, mas quando olhei para a cara de sem graça da diretora eu não me aguentei e ri mais.
_ Meu amor, você está bem? - João perguntou tentando segurar a risada enquanto passava as mãos em minhas costas.
Olhei para ele que já estava me olhando e respirei fundo me controlando..
_ Me desculpe. - Pedi desculpas me sentindo culpada, ela havia ficado tão sem graça, mas havia sido tão engraçado que não consegui me controlar.
[ ... ]
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha Estrela Cadente - João Félix
RomanceSophie Rodrigues, era apenas uma adolescente quando sua mãe teve os aparelhos que a mantinha viva desligados. A menina não sabia o que fazer, seu pai era um homem mal, ela tinha que cuidar da sua irmã de apenas um ano e três meses e não sabia nem...