Minha Estrela Cadente - João Félix

Cara de sem vergonha

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Estávamos indo embora quando o que eu mais temia aconteceu.

_ Por que o carro morreu, Fred? - Perguntei baixinho já que Cecília estava dormindo.

_ Não sei, ele não está funcionando. - Fred dizia enquanto tentava ligar novamente o carro e foi então que a buzina dos carros detrás começou a tocar, uma atrás da outra, era só o que faltava. _ Vou encostar no acostamento.

_ Será que acabou a gasolina? - Perguntei e Fred negou após parar no acostamento e tirar o cinto de segurança.

_ Não, o tanque está cheio. Provavelmente é algo no motor, vou verificar. - Ele disse saindo do carro e tirei o cinto acordando Cecília.

Era perigoso ficar no carro e se acontecesse qualquer coisa era melhor estarmos preparadas. Então a acordei e tirei seu cinto.

_ O que aconteceu? Já chegamos? - Perguntou desnorteada e neguei.

_ O carro quebrou e o Fred foi ver se consegue arrumar, por viés das dúvidas, é melhor você sentar no meu colo.

_ Tabom. - Tirei ela da ponta e coloquei ela no meu colo e travei a porta. Estava escuro por ter anoitecido, então fiquei atenta a tudo a nossa volta.

_ O motor pifo e está saindo fumaça, é melhor ligar para o guincho.

_ Mas eles demoram e já está começando a chover.

_ Está sem sinal, vou ver se consigo rede.. - Foi então que um farol muito alto iluminou a traseira do carro e Fred saiu para ver quem era.

_ Estou com medo, Soso. - Cecília disse se aconchegando em meu abraço.

_ Vai ficar tudo bem, estou aqui com você meu amor. - Falei tentando ver com quem Fred falava, mas não consegui.

_ Eu posso dar uma olhada? - Perguntou o moço do farol alto e Fred assentiu passando com ele para a parte do motor. _ Isso aqui não tem concerto, você está sozinho? - Perguntou o moço e Fred negou.

_ Não, estou com uma jovem e uma criança.

_ Se vocês quiserem esperar em minha casa, ela fica perto daqui. O guincho por aqui só funciona até às nove da noite, e já são dez e quarenta e cinco. - Eu não iria ficar na casa de um estranho.

_ Eu agradeço, mas não acho uma boa ideia.

_ Você não quer falar com elas? Essas horas fica perigoso por aqui. No jornal está tendo notícia de ladrão toda hora. - E como saber se você não é um? Que cara doido. _ Licença eu falo com elas. Desculpa atrapalhar moça.. - Não podia ser.

_ Você. - Falei surpresa e ele abriu um sorriso no mesmo instante.

_ Enfim nos encontramos novamente. Só pode ser o destino.

_ Você conhece ele, Soso? - Cecília perguntou olhando para mim.

_ Ele estava no mercado.

_ Apesar de tudo, eu peço desculpas pelo inconveniente no mercado.

_ Tudo bem, já passou.

_ Olha em relação ao carro ele não tem concerto, estava conversando com o senhor, imagino que seja seu pai.

_ É um amigo.

_ Certo um amigo, estava conversando com ele, e sugeri que vocês ficassem em minha casa, uma hora dessas não tem quem resgate vocês e por aqui é bem perigoso essas horas, tirando os carros que passam como se fossem levar nós junto com eles.

_ Eu agradeço, mas nem te conhecemos para irmos para sua casa.

_ Vocês não moram em Barcelona? Ir andando até lá é um pouco demorado, você no acha? - Ele me acha burra de ir andando até Barcelona? Que cara idiota.