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Hoje eu sonhei que ela voltava
E vinha muito mais que linda

Alceu Valença - Flor de Tangerina

Eu estava sendo assombrado pelo momento em que eu vi os olhos de Bruna se distanciando de mim

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Eu estava sendo assombrado pelo momento em que eu vi os olhos de Bruna se distanciando de mim. Não conseguia dormir a noite, incomodado com o silêncio que assombrava todo o nosso andar. Ver ela - ou pelo menos a vislumbrar - no corredor era torturante, ela saía de casa mais cedo, voltava mais tarde e para a minha surpresa, não estava acompanhada por ninguém.

Ou se estava eu não sabia.

E isso me deixava puto para caralho, a dúvida, aquela questãozinha que pairava no ar e me tirava o sono. E eu queria falar com ela, como eu queria falar com ela mas o meu orgulho me fazia voltar atrás. Quase duas semanas depois do que aconteceu eu ainda estava sendo punido com um tratamento de silêncio, Bruna era um carrasco quando queria e eu havia descoberto isso da pior forma.

Estava certo quando assumi que ela não era uma pessoa briguenta mas errei feio em acreditar que ela também seria uma pessoa fácil de conversar e resolver as coisas. Ela fugia. E eu também fazia isso. E pra resolver isso um de nós tinha que ceder.

Mas para os orgulhosos, a palavra ceder é como uma blasfêmia.

Eu não acreditava e muito menos admitia que isso fosse acabar assim, como se não tivesse acontecido absolutamente nada. Mas aquele olhar de mágoa era comigo e eu sabia o por que mas não conseguia me desprender do meu ego.

Uma semana completa sem trocar uma palavra com ela. Uma semana que mais se parecia um século. Respirei fundo enquanto ouvia o interfone tocar, me aproximei do mesmo e o tirei do gancho, atendendo.

- Alô?

- Seu Wagner, boa tarde, tem uns moços aqui... É, Lázaro e Selon... O que? Ah, perdão, Selton! - a voz do seu Carlos soou risonha e eu passei a mão pelo rosto.

- Pode liberar eles, obrigado.

- Por nada seu Wagner, aliás, sabe dizer se a dona Bruna está em casa? Estou interfonando para o apartamento dela tem um tempo mas ela não me atende de jeito nenhum, chegou uma encomenda para ela, posso mandar pelo colega do senhor?

- Ah... Claro, pode sim, eu entrego a ela.

Ouço seu Carlos agradecer e coloco o interfone no gancho, voltando a me sentar numa das cadeiras da minha pequena mesa de jantar. Eu estava afundado no trabalho mais do que nunca, só para não pensar nela e não ceder.

Eu não tinha mais idade para esse joguinho idiota de desinteresse mas também não conseguia abdicar do meu próprio orgulho. Bebi um pouco do café que eu havia feito a pouco e volto minha atenção para o meu planejamento da próxima semana.

Semana de prova era definitivamente a minha semana favorita de todas, eu poderia ser carrasco a vontade e poderia finalmente fuder com a vida da galera que só queria perturbar minha aula. Veja bem, eu não me incomodo sobre a questão da desatenção ou com os que vem bêbados de sono do trabalho ou de qualquer outra coisa que tenham feito antes de vir para aula, o que me incomoda são os playboys que nasceram numa condição extra favorável e que sabem que não vão sofrer tanto assim na vida e ficam de conversinha a aula toda.

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