O caminho até a minha casa estava sendo tranquilo, nós estávamos em um completo silêncio, ele não estava falando muito.
Eu tinha a máxima certeza que ele não tinha me notado, ou não se deu conta que eu estava ouvindo a conversa dele com o Ataíde.
A casa dele não era tão próxima assim da minha casa, mas se a gente continuasse andando daquele jeito silencioso e só com o barulho das nossas respirações, nós chegaríamos mais rápido do que realmente gostaria.
- Ah...- Falei em voz alta fazendo ele levar um sobressalto.
- O que foi? - Perguntou saindo do mundo de fantasias em que ele provavelmente estava, visto que não tentou falar comigo.
- Eu me esqueci que precisava passar em um posto de combustível. - Ele me olhou sem entender. - Tinha algo importante para comprar na loja de conveniência.
- Ah...- Falou em compreensão. - Tudo bem. - Sem hesitação, ou delongas, eu parou o carro no mesmo instante, ele colocou a mudança e com facilidade virou o carro, na direção oposta à que outrora estávamos indo. - Eu conheço um posto aqui perto. - Falou simplesmente.
- Mas eu não queria incomodar, senhor. - Ele sorriu para mim.
- Não se preocupe. - Falou.
Lá, no tal posto de abastecimento, mais propriamente na loja de consciência, ele não entrou, aproveitei que estávamos lá e estava abastecendo o seu carro. Eu fiquei andando pela loja, procurando e procurando o que diabos eu podia inventar que fui comprar, não me ocorria nada sinceramente.
Senti que alguém estava olhando para mim e sem hesitar me virei para lá, me deparando com um cara que estava na loja também, quando eu entrei ele estava conversando com o atendente e agora estava lá no meio do corredor olhando para onde eu estava, achei aquilo nojento, não gosto quando pessoas que não são do meu interesse ficam olhando para mim como se eu fosse alguma carne saborosa.
Eu olhei feio para ele e continuei procurando.
Me ocorreu que hoje mais cedo ouvi a minha madrasta comentando que queria fazer uma canja para o meu pai, não tenho a certeza, mas acho que ela já fez, então eu vou simplesmente usar esse pretexto, caso o professor pergunte, direi que o meu pai quer muito tomar uma canja, e disse que ficara esperando eu chegar para fazer para ele. Por um lado ele ficará sensibilizado pelo meu sentido de responsabilidade e por outra pela minha disposição a fazer as coisas pelos outros, ainda que em um horário não tão favorável, afinal já tarde né.
Quando fui pagar os vegetais que eu comprei, aquele cara apareceu de novo, no momento ele estava do meu lado, olhando de maneira vidrada para mim, eu me virei para ele enquanto que o atendente passava o meu cartão no leitor.
- Você perdeu alguma coisa no meu rosto? - Perguntei sem volta.
- Bem que eu gostaria. - Falou.
Ele era alto, jovem, meio bonitinho, tinha os olhos em um preto profundo e os cabelos lisos em um castanho escuro, estava sorrindo para mim de maneira maliciosa e eu não escondi o desgosto.
- Eu não estou gostando do jeito que você está olhando para mim, você poderia por favor não me olhar como se eu fosse comestível?
- Você está me pedindo uma coisa um tanto quanto difícil não acha? - Perguntou. - Afinal...- Ele, descaradamente olhou para mim de cima para baixo e de baixo para cima. - Você é linda, curvilínea e parece doce, é literalmente, comestível. - Falou.
- Isso...foi nojento.
- Não querida, foi um elogio, você não está acostumada a recebê-los? - Eu não respondi, me limitei a receber o leitor e a colocar o meu código pin do cartão, mas mais rápido eu saísse de lá, melhor para mim. - Ei, eu estou falando com você...- Ele tentou me tocar mas eu me afastei.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Professor Endiabrado
RomanceWilliam James ou simplesmente Will é um homem charmoso e com um perfil admirável que faz da vida o que quer. Com um trabalho e o cotidiano estável ele aproveita a vida da maneira mais prazerosa possível, vivendo dos desejos da carne, e satisfazendo...