Chance

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SAM

O diálogo com papai havia sido difícil, inconsistente e sem um linha tênue em nossas vontades, claramente ele estava indisposto á repensar sobre qualquer decisão já imposta. Não era como se eu tivesse me arrependido, no entanto, pela falta de sucesso em tentar mudar seu ponto de vista, sabia que tinha sido a maior perda de tempo vir aqui. Frustrada, é a palavra certa que me caracterizava nesse momento. Sempre o obedeci fielmente e tenho a plena convicção que ele nunca mais achará outra pessoa tão submetida a ele, quanto eu fui nos últimos anos. Mesmo com pouca idade e quase nada de maturidade, eu consegui entender cedo que eu era um ponto chave para seus negócios, visto que, o controle das redes sociais giravam em torno da minha fama, e infelizmente, a de Nita também. Dividíamos e disputávamos quem obtinha mais visualizações e likes em toda e qualquer rede social em que nossos nomes entravam em evidencia, definitivamente andávamos lado a lado no quesito, poder. No entanto, quando alguém consegue te penetrar tão profundamente ao ponto de enudecer os sentimentos guardados na sua alma, fazendo com que você se sinta envergonhado por não se impor nas rédeas da sua vida, deixando ser controlado por outra pessoa, fica impossível não tomar um choque de realidade. Choque esse que felizmente me atingiu ainda em tempo de mudar o rumo das coisas. Não queria ter que passar o final de semana em casa, muito menos ter Nita por perto, então decidi que voltaria para a escola e ficaria por lá mesmo.

— Aonde você vai? — Papai perguntou no mesmo instante que me avistou redirecionando à porta de saída da mansão. — Nita está vindo.

— Vou voltar para escola. É o mês daquele trabalho que eles sempre passam no início do ano letivo. — Respondi simples, no entanto, não estava voltando por causa de trabalho nenhum. Não iria aguentar dois dias trancafiada aqui dentro, fazendo postagens felizes ao lado uma pessoa que eu não suportava e de outra que estava me machucando. Ficar sozinha me parecia melhor e mais prudente.

— Nita não é sua dupla? — Meu pai se ligava fervorosamente em cada detalhe do meu relacionamento com ela, fiscalizava todas as nossas ações, para que nada saísse do trilho, do seu trilho imaginário.

— Dessa vez não. No dia que o professor passou o trabalho, estávamos em mesas separadas. — Pedi aos deuses para que papai encerrasse os questionamentos sobre esse assunto. Não queria mentir, pensar nas consequências de tudo que eu havia escondido antes, me apavorava.

— Entendi. — Suspirei em alívio, porém o baque veio quando fiz menção em sair. — Nita solicitou ao pai, a ficha de uma aluna. — Me olhava atenciosamente, parecia estar buscando alguma expressão que indicasse que eu sabia algo. — Sabe alguma coisa sobre isso? — Perguntou certeiro. 

— Não estou sabendo. — Dei de ombros afim de mostrar desinteresse no assunto. 

— Ela é orfã. — Tentei tanto não esboçar nenhuma reação sobre essa informação. Mas não poderia mentir que havia encadeado uma dor interna e um aperto no peito. 

— Não sei quem é essa aluna. — Minha boca estava seca e minhas mãos começaram a tremer ainda mais na tentativa de me recompor. — Também não sei o porque dela ter solicitado essa ficha. 

— Olha Samanun... — O sem tom soava sério o bastante para me subir um calafrio pelo corpo todo. — Eu sei que você diz não estar satisfeita com o seu relacionamento. — Pigarreou fazendo uma breve pausa. — Mas eu, honestamente, não me importo. — Se aproximou perto o bastante me fazendo arregalar os olhos. — O que está decidido, está decidido e ponto. Nada mudará ou sairá dos planos. Dos meus planos . — Trincou o maxilar. — Então eu sugiro que você continue me obedecendo, sem pestanejar, e que cuide assiduamente da sua namorada. Sem me causar problemas. — Engoli toda a secura que a minha garganta obtinha. 

A herança - MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora