Decisões

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MON

Com as pontas dos dedos deliciosamente fincados a carne rechonchuda e protuberante das minhas nádegas, e a sua língua fazendo um excelente trabalho no meu pescoço, nossos corpos antes afoitos e descompassados foram se alinhando e se ajustando um ao outro. O ar que antes fazia falta, agora estava voltando a fazer morada em nossos pulmões. Nossos corações batiam em compasso, reorganizando nossos movimentos que estavam desalinhados e desconexos. Minha mão sentia a maciez dos seus cabelos escuros entrelaçados ao meus dedos. Seus lábios vagarosamente encontraram os meus novamente, dessa vez em um beijo calmo e transigido, tomava o meu lábio inferior para si se deleitando de tudo que eu a entregava, não distinguia ao certo o que eu a oferecia, no entanto, equiparava a um sentimento preso tempo o suficiente para ser solto de uma só vez, causando uma explosão que transcendia cada célula do meu corpo. Sem conseguir pensar nas consequências que esse ato impulsivo me traria, me deixei relaxar ao abraço sendo formado pelo beijo finalizado com uma leve mordida ardente, porém gostosa no lábio que antes era possuído pela sua boca. As testas e narizes se encostaram ainda com nossos olhos fechados. O silencio se fez presentes por alguns segundos, sendo quebrado por sua voz rouca e instável, nos tirando aos poucos do limbo que havíamos mergulhado.

— Mon... — Abrimos os olhos lentamente, juntas. 

— Shiii. — Ordenei delicadamente. — Não fala nada. Sabemos o seu dom de estragar os momentos. — Sussurrei, e ela sorriu assentindo o meu pedido. Os choques de realidades precisam ser sentidos, para que um pouco da nossa sanidade mental em momentos inoportunos seja ativada, as vezes nos tirando de situações que infelizmente não queremos sair, como essa que me encontro agora. — Eu vou tomar um banho. — Quebrei nosso contato, finalmente voltando a realidade, ela relutou um pouco, mas sabia que Sam nunca me faria sentir desconfortável com nada. 

— Tudo bem, tomarei assim que você sair, estou precisando. — Respondeu abanando o seu rosto com as suas mãos, como se sentisse calor. 

Eu entrei no banheiro em silêncio, nenhuma palavra precisava ser dita. Retirei o vestido colado, e quando me deparei com a calcinha já na minha mão, estava molhada com um liquido desconhecido por mim. A todo momento que a beijava, sentia minha parte inferior contrair, nunca vivenciei essa sensação antes, no entanto, era uma sensação boa e calorosa. Tomei o meu banho sem pressa, tentando reconciliar na minha mente cada acontecimento desse dia desassisado, quando terminei, Sam entrou rapidamente, ainda sem ter qualquer dialogo entre nós. Não soube o momento em que terminara seu banho, por ter apagado, atenuada, na minha enorme e confortável cama. 

******

Me certifiquei de acordar cedo, não queria encarar Samanun pela manhã, hoje era o dia que iria me encontrar com a mamãe no local que combinamos. Surpresa fiquei por ver sua cama vazia e perceber que ela já havia saído. O seu perfume ainda embebedava o ambiente, e não contive o sorriso tímido em meus lábios, me permitir viajar pela minha mente uma última vez, relembrando o acontecimento da noite anterior, do seu toque, dos lábios macios em pressão contra os meus e das novas sensações que o meu corpo emitiu. Me lembrei como uma despedida, com a certeza de que nunca mais mexeria nessas lembranças que guardaria a sete chaves dentro de mim. Afinal, eu ainda era hétero, e um beijo não mudaria isso.

Fiz todas as minhas higienes matinais e arrumei uma mala, com algumas roupas por dentro, pronta para ver o amor da minha vida. 

— Cadê a Sam? — Nita questionou no instante em que eu abri a porta do quarto.

— Bom dia pra você também, Nita. — Debochadamente dirigi a palavra á ela. 

— Aonde está Samanun? — Ela conseguia ser inconveniente e insuportável ao mesmo tempo, pois tentava esticar o pescoço para dentro do quarto, na objetividade de saber se Sam estava lá.

A herança - MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora