A herança - MonSam

Tudo pode dar errado?

NARRADOR

— Como foi a conversa com ela dessa vez? — Aon questiona, e Pohn começa a procurar dentro de si, maneiras de como contar o que acabara de descobrir.

— Estamos com problemas... — Ela o responde, fitando lamentavelmente o marido.

Sentado na enorme poltrona amarronzada, na sua sala, o homem se levanta cambaleando. Aon não conseguia acreditar que havia chances de algo dar errado, afinal, era um trabalho de anos, conquistado com muito suor, dedicação, e principalmente de renúncias, para ser jogado fora de forma tão repentina e amadora.

— Mas... — Ele tenta verbalizar, no entanto, Pohn não estava para muito diálogo, e precisava expelir de uma vez só.

— Ela se apaixonou pela garota. — Pohn diz sem muitos rodeios, conhecia Kornkamon como ninguém, claro que não comprara essa história de "É uma hipótese." É a sua filha, a quem criou com muita devoção. Mon nunca foi de mentir, e gostaria de entender o motivo por fazê-lo agora.

— Como? — Aon a questionou, o vinco inexpressivo, mas tão expressivo na sua feição, não negava a surpresa da revelação de sua esposa.

— Mon se apaixonou por Samanun Anuntrakul.

Flash back on

— Bom minha filha, acho que você já entendeu que pode contar comigo, para o que precisar. — Disse Pohn, segurando uma última vez, as mãos suadas da sua amada, Kornkamon.

— Claro que sim mamãe. Eu precisava muito ouvir o que a senhora tinha a dizer, sobre essa hipótese. — Mon disse, sorrindo largamente para sua mãe.

— Agora eu tenho que ir, se eu ficar saindo assim as escondidas para te encontrar, seu pai vai acabar desconfiando. — Pohn expressou, se levantando da mesa, pegando sua linda bolsa, cor de vinho, da prada.

— Tudo bem mamãe, é tão bom te encontrar, e poder desabafar com você. — Disse sua filha, se levantando também, deu pequenos passos, e a abraçou fortemente, já ansiando o próximo encontro.

Pohn deixou um beijo casto e demorando nas têmporas de Mon, e desferiu um carinho singelo sobre os cabelos da pequena.

—Por favor, se cuida, sabe que pode confiar em mim. — Ela sentiu a necessidade de reafirmar tal argumento.

A mãe sabia bem a filha que tinha, a criou, ensinou a ela tudo que sabia sobre a vida. Ensinou também, todas as artimanhas no mundo dos negócios. Kornkamon era uma adolescente treinada e orientada pelos seus pais, e por isso Pohn sabia cada passo dado por Mon, por que, tudo foi ensinado por ela mesma e pelo seu marido. Nenhuma ação ou mentira, passaria batido pelos olhos da mãe.

— E, mamãe... — Disse Mon, arrastando sua voz, queria pergunta-la, precisava dessa resposta, e não hesitou em entregar a cartada final nas desconfianças da mais velha, através da sua curiosidade. — Você não contou pro papai sobre o falso relacionamento da Samanun, né?! — Era um questionamento, mas ao mesmo tempo, também era uma afirmação, mais para si mesma, do que para Pohn, por que afinal de contas, não queria prejudicar Sam tão precipitadamente, sem antes concluir suas grandes dúvidas, sobre quem e o que Samanun Anuntrakul, era.