Risco

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MON

— Nós realmente perdemos a hora, já vão servir o almoço. — Digo, após me banhar e fazer todas as minhas higienes, esperei Sam também fazer as suas. Entramos numa imersão apenas nossa, e esquecemos de todas as obrigações que teríamos, na parte da manhã.

— Agora teremos apenas as aulas na parte da tarde. — Sam fala, seus passos até mim, que estou arrumando alguns objetos dentro na bolsa, grande, rosa e espaçosa, ecoam pelo ambiente. Samanun envolve os braços na minha cintura, e sinto seus lábios macios e molhados na minha nuca. — E depois podemos tirar a noite para jantarmos juntas e resolvemos um pouco sobre o trabalho, hum? — Suas palmas quentes passeiam por toda extensão de pele da minha barriga. Seus lábios brincam com meu pescoço, e por milésimos de segundos, delicio-me com seu toque, o jogando para trás. E cada vez mais, percebo que, esse contato me leva a loucura, a boca dela me faz sentir coisas, nunca sentidas antes, me levando a peguilhar sobre a minha verdadeira sexualidade, no entanto, ainda há a certeza da minha, heterossexualidade.

— Hoje não posso. — Contesto me desvencilhando cuidadosamente, do seu abraço. Não é que algo esteja errado com Sam, mas pouco antes dela sair do banheiro, vasculhei meu celular, revelando a mensagem apressada da mamãe, remarcando o horário do nosso encontro. — Tenho um compromisso. — Digo, e seus olhos incrédulos pousam sobre os meus.

— Vai perder as outras aulas? — Sam questiona, percebo que há um tom de ciúmes na sua pergunta, porém, não posso transparecer que estarei indo de encontro à mamãe.

— Provavelmente. — Digo, demonstrando que não quero falar sobre o assunto. Rezando internamente para que Sam entenda que, não se deve ultrapassar os limites, perigosos.

— E eu posso saber que tipo de compromisso é? — Pergunta, insistindo cautelosamente, e noto isso na sua voz pouco embargada.

— Não. — Falo de maneira grossa, já cortando pela raiz qualquer tipo de intimidade e futuros questionamentos. Selo seus lábios e ando até a porta robusta, giro o objeto metálico, insinuando que nosso diálogo acabou. — Vamos? — Espalmeio o ar, indicando a saída. Nenhuma intimidade deve ser ultrapassada mais, sei muito bem aonde estou me metendo, o suficiente para entender que, já estou atolada de problemas. Passei de todos os limites, e isso pode custar muito caro para meus planos futuros. Eu sequer deveria ter trocado uma palavra com essa garota. Ela é desprezível, tanto quanto seu pai, Niran Anuntrakul.

Ao sairmos pelo enorme vidro da entrada dos dormitórios, me despeço de Samanun, de forma contida e sem nenhum contato íntimo. Meu motorista já está a espera na esquina do colégio, mas antes que eu saia de vez dali, uma cena me chama atenção. Heng está sozinho, em um desses bancos solitários e sombreados, pelas árvores gigantes que rodeiam a escola. Pego meu celular, digitalizando os pequenos quadradinhos que cobrem quase metade do led ilumidado.

"Saint, demorarei mais alguns minutos."

Me aproximo, cuidadosamente, para que ele perceba aos poucos que não está mais sozinho.

— Oi... — Ele murmura, assim que nota a minha presença.

— Atrapalho? — O questiono, já sabendo que temos um diálogo extenso e complicado a seguir.

— Claro que não. — Afirma estendendo a mão, para que eu me sente ao espaço vazio e cinzento ao seu lado. — Sente-se. — O seu sorriso fraco, demonstra que vai ser mais difícil, do que eu imaginei que seria.

Heng é uma ótima pessoa, não merece mentiras, e muito menos esse tratamento que estou lhe dando, merece ter alguém que valorize e ame cada ato que ele pode oferecer. Seu coração merece ser amado, valorizado e cuidado, por alguém, cheio de amor também, que transceda e seja proporcional. Eu não sou essa pessoa.

A herança - MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora