Porque

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MON

"Não era você que eu queria estar fodendo nesse banheiro."

"Eu te dei o que queria, agora fique de bico fechado."

Foram as únicas frases que ecoaram na minha cabeça o resto do dia, não conseguia pensar em nada além do que ouvi naquele vestiário, o gemido alto de Nita, o barulho gosmento do que suspeito ser os dedos de Samanun proporcionando algum tipo de prazer a ela, a conversa de estar obedecendo as ordens do pai. Tudo parecia demais para ser absorvido em poucas horas.

Eu ouvi tudo, minutos depois que corri para dentro do vestiário e consequentemente a cabine do chuveiro, pensando em tomar um banho gelado para que o fogo do meu corpo se apagasse. O que obviamente não aconteceu, com o susto que tomei ao ouvir o barulho estrondoso da porta abrindo e uma Nita pouco contida questionando sua namorada do que havia acontecido no refeitório.

Não sei em que momento aquela discussão se tornou sexo, mas o fato era que eu havia escutado muito além do ato sexual, continha informações das quais me pegaram muito mais de surpresa.

Após ambas deixarem o local fiquei mais alguns minutos trancada na cabine, para que ninguém me visse saindo e suspeitasse de que eu havia ouvido.

O restante da tarde eu passei absorta em pensamentos no mesmo lugar cheio de árvores altas que Sam havia me levado. Também me peguei mandando uma mensagem para mamãe, muito mais precoce do que eu achei que mandaria.

" Mamãe, como você está? Eu já estou sentindo sua falta. Gostaria de saber se esse final de semana poderíamos nos encontrar no local combinado? Aguardo sua resposta. Te amo."

Agora aqui, deitada nesse cama, no quarto que divido com a idiota que chegará das aulas em algumas horas me afogo em pensamentos e culpa, culpa de ter sido fraca e abandonado Yuki, que claramente está mais frágil que eu.

Estava tão afogada em pensamentos que assim que a porta do quarto foi aberta em um atroo eu tomei um baita susto ao ver a idiota a minha frente com os cabelos desgrenhados e o rosto suado.

— Ai, graças a Deus eu te achei. — Sam dizia afobada e com a respiração pesada.

— Não deu o horário das aulas acabarem ainda. — Falei simplesmente.

— Você ficou aqui o dia todo, deitada? — Questionou ainda tentando respirar.

— Não te interessa. — Soava mais fria que o normal. Eu estava incomodada com algo?

— Ah saquei. — Ela riu, e qual era exatamente a graça? - Você roubou a minha forma de lidar com as coisas. Bem espertinha. - Começou se aproximar da minha cama e em um pulo como um gato eu me levantei. 

— Fique longe de mim. — Estava com nojo dela, com nojo da cena ouvida mais cedo.

— Eu só queria me desculpar... — Fez uma cara de cachorrinho sem dono e se ela continuasse com essa face, provavelmente eu desculparia.

— Quantas vezes eu vou ter que repetir para você ficar longe de mim Sam?

— Porque você me quer tão longe? — Começou a dar passos lentos em minha direção e eu dava passos lentos também, para trás.

A herança - MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora