MON
Passei um tempo considerável com Heng na piscina entre beijos e brincadeiras, não que estivesse ruim, mas anteriormente me parecia ter sido mais confortável. O tempo que estava com ele só me fazia pensar cada vez mais em Samanun, de como ela estava linda boiando, e fofa quando teve medo dos peixes inexistentes, do seu toque me segurando firme me fazendo sentir como sua fortaleza pessoal.
"Você tirou o monocromático do quarto."
"Está tirando o monocromático da minha vida."
Suas doces palavras penetraram o mais profundo do meu coração, não parecia a mesma Sam que eu havia conhecido no primeiro dia de aula, talvez existisse uma pessoa realmente boa por trás daquela casca grossa, ao mesmo tempo que era grossa, também era frágil. Com um pouco de ansiedade da minha parte, dispensei Heng e subi apressadamente para me encontrar com ela no quarto e discutirmos sobre o trabalho.
— Ufa! Ainda está acordada. — Abri a porta aliviada ao vê-la lendo um livro.
— Não, tô dormindo. — Murmurou.
— Como? — Franzi o cenho.
— Tá surda? — Retrucou.
— Não, eu ouvi muito bem. — Não conseguia entender o porque da grosseria gratuita.
— Ah que ótimo. — Disse sem tirar os olhos do livro.
— Tá lendo? — Questionei na tentativa de desviar o clima ruim.
— Não é surda, porém é cega. — Ironizou.
— Vem cá, qual o seu problema? Pensei que estivéssemos passado dessa fase. — Retruquei inconformada. Sam colocou o livro na cama e me olhou profundamente, como sempre fazia, meu corpo seminu queimou sobre os seus olhos de jabuticabas.
— Pensou errado. — Como uma pontada desferiu suas palavras.
— Vou tomar banho, assim que eu acabar nós começamos a discutir sobre o trabalho. — Encerrei essa conversa decepcionante me dirigindo ao banheiro.
Ao subir para o quarto pensei que nós conseguiríamos deixar de lado as diferenças e mergulhar em uma amizade, no entanto, ela me mostrou indisposta com essa atitude repentina.
Sai do banho realinhando meus pensamentos em relação á ela, mas a verdade é que não consegui chegar em nenhuma conclusão. Eu vim para essa escola na intenção de ajudar os meus pais, ser a âncora deles, buscar os resultados que vieram procurando durante anos e talvez uma justiça pouco provável. Entrei aqui disposta a me manter longe de Samanun, dos seus amigos e qualquer pessoa próxima à eles, agora estou em um relacionamento com o melhor amigo dela, divido o mesmo quarto com ela e estou profundamente tocada pelas duras palavras e indiferença. Tudo me parece ter saído do controle e eu não posso deixar os meus pais decepcionados, sinto uma pressão sobre mim e minhas futuras decisões que me fazem querer desistir, ir embora e esquecer que um dia pisei aqui. Sem contar o recente acontecido com o Nop, eu não consigo expressar qualquer sentimento ou reação. O modo automático me parece um excelente escape nesse momento conturbado.
— Você arrumou a mesa para começarmos. — Eu estava realmente tentando ser cordial.
— Pode sentar ai, vou usar minha escrivaninha. — Disse simples dando de ombros e se sentando.
— Tá tentando ficar longe de mim? — Questionei em tom debochado.
— Você tem síndrome do rei na barriga? — Devolveu com uma pergunta.
— Como? — Franzi o cenho. Sam parou de mexer nos papéis em cima da sua mesa e me olhou atenciosamente.
— Você acha que tudo gira em torno de você? — Seus olhos demonstravam uma frieza desconhecida até então por mim.
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A herança - MonSam
Hayran KurguSamanun é filha de um dos mais renomados empresários do país. Egocêntrica, grossa, insuportável e tudo que há de desprezível. Namorada de Nita, que também é filha de um grande empresário. Um relacionamento baseado em fins comerciais, ou não. Moram...