Lugar Nenhum

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MON

— Mas então, pequena... — Nam fala, receio que queira continuar nossa conversa. Não concluímos com êxito  tudo que ainda temos para dizer, no caso, que eu tenho para dizer. — Podemos continuar? — Sua sobrancelha arqueada de maneira engraçada, e sorriso iluminado, me faz perceber que, eu tenho sorte de a ter encontrado, da mesma forma que encontrei o Heng. Mesmo ambos sendo amigos de Sam, consigo bispar a bondade nos seus corações, vejo a cada dia, o quão são pessoas prestativas e amorosas, valem a pena ter por perto.

— Claro. — Respondo, tentando ser tão alegre e confiante, quanto ela. No entanto, desde que pisei nessa escola, tenho notado o quão difícil tudo é. Meu conflito interno, me faz ter ações movidas a impulso, que na verdade, nunca são o melhor caminho. Sabemos que, todas as pessoas que agem desse modo, fazem besteiras e também, machucam as outras pessoas, mais especificamente, as que estão ao redor e deveriam estar recebendo amor, e não um amontoado de confusão. A palavra que me define melhor, agora. 

— Então... — Seus braços me soltam do seu abraçado de lado desajeitado, mas confortável. Logo sinto a falta do contato, a quentura da pele de Nam me aquece, no entanto, sei que é em outro lugar que buscarei esse refugio e conforto. Mamãe como ninguém, sabe afugentar essa ansiedade. — Eu queria muito que falássemos sobre sua sexualidade. — Nam fala receosa, e seus olhos perdem um pouco do brilho, anseio que, o medo de estar tocando em um assunto delicado, tenha lhe possuído. Seguro sua mão, tateando com a ponta do polegar o dorso, tento passar confiança á ela, mostrar que de fato, tudo está bem entre nós. Porém suas palavras a seguir, indicam que, ela não entendeu ainda, que estou tranquila para falar de qualquer assunto. — Mas se não se sentir confortável... 

— Ei. — A interrompo, é o momento mais que perfeito para esclarecer que, estou lhe dando, total liberdade comigo. — Você pode falar de qualquer assunto comigo. — Afirmo e tenho mais uma vez, os olhos brilhosos me observando, gentilmente. 

 — Sobre você e Sam... — Ela diz, e eu me levanto, mas não para afastar o assunto. Pego dois copos no pequeno compartimento de tom cinza, encho-os com o liquido incolor, depois de ter vomitado quase a alma naquele banheiro, do corredor, preciso me hidratar. Entrego um quase que, cálice, á Nam, e o outro viro a água de uma só vez. A mais velha percebe meu nervosismo ao tocar nesse nome, no entanto, já tem o meu aval. Faço um gesto com a mão, para que continue, me apoio no batente do balcão buscando uma sustentabilidade maior. Não quero que minhas pernas falhe novamente. — Eu sei que vocês se beijaram. — Nam conclui, e sem esperar uma resposta de imediato, segura a taça e a leva nos lábios carnudos. Consigo visualizar ainda em silencio, o tamanho do gole feito por ela. Penso numa resposta, mas falho. Vendo minha falta de palavras, diz por fim. — Duas vezes. — Está tensa, tanto quanto, eu estou. Fico a mirando longos e incontáveis minutos, no entanto, quando abro a boca para dizer algo, sou interrompida. 

— Nam, eu não acho ela em nenhum lugar. — Sam me parece desesperada. O suor na sua pele, linda pele, o rosto avermelhado, o tórax subindo e descendo, como se buscasse o ar, indicam que Samanun correu o equivalente, a uma maratona. No entanto, é quando olho para sua mão e seus dedos trêmulos, percebo que, ela realmente se importou em me achar, se preocupou comigo.

Devido ao estado de tonteamento, não percebe minha presença no ambiente. 

— Eu estou aqui. — Digo. E por mais que, eu esteja ainda desnorteada pela noticia do futuro casamento, não quero criar uma distancia maior do que já estamos. Talvez seja uma maneira de, me comprometer em facilitar as coisas para ambas a partir de agora. 

— Meu Deus, oi... — Ela diz, se aproximando. — Aonde você estava? — Sei que está questionando mais para si mesma, do que diretamente para mim. — Rodei a escola inteira atrás de você. — Aqui, ela ultrapassa todos os nossos limites, segura meu rosto, com as duas mão, e me fita graciosamente com o seu olhar, penetrante. 

A herança - MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora