CHRISTOPHER
Não posso deixar de rir. Isso é típico do Poncho.
Ele está tentando jogar charme e ganhar a afeição da minha colega de apartamento até da prisão.
Kay se apoia no meu ombro, lendo o bilhete.Kay: Estou vendo que o Poncho continua o mesmo.
Fico tenso.
Ela sente e fica tensa também, mas não nega o que disse nem pede desculpas.
Eu: Ele está tentando deixar as coisas mais leves. Fazer as pessoas rirem. É o jeito dele.
Kay: Bom, e a Dulce está disponível?
Eu: Ela é uma pessoa, não uma sala, Kay.
Kay: Você é tão cheio de princípios, Christopher!
É uma expressão, "disponível".
Você sabe que não estou tentando empurrar a coitada para o Poncho.
Há algo de errado com essa frase, mas estou cansado demais para saber o quê.
Eu: Ela está solteira, mas ainda apaixonada pelo ex.
Kay, interessada: É mesmo?Não consigo entender por que ela se importa agora — sempre que menciono Dulce, ela me ignora ou fica irritada. Na verdade, esta é a primeira vez que viemos ao meu apartamento nos últimos meses.
Kay tinha a manhã de folga, então veio me ver na hora do "cantar", antes de eu dormir.
Ficou irritada com os bilhetes pendurados em todos os cantos, por algum motivo.Eu: O ex parece normal.
Muito pior do que o pedreiro que virou...
Kay revira os olhos.
Kay: Pode parar de falar da droga do livro do pedreiro?
Ela não me julgaria tanto se tivesse lido.• • •
Algumas semanas depois e temos aquele típico dia ensolarado que só costuma acontecer no exterior.
A Inglaterra não está acostumada com tanto calor, especialmente quando chega de forma tão repentina. Ainda é junho, o verão não chegou. Os passageiros dos trens correm pelas esquinas, a cabeça baixa, como se chovesse, camisas azul-claras manchadas de suor. Adolescentes tiram as camisetas até haver braços e troncos brancos e cotovelos ossudos em todos os cantos. Mal posso me mexer sem ser confrontado por uma pele queimada de sol e/ou calor corporal incômodo vindo de um homem de terno.
Estou voltando da visita à sala de pesquisa do Museu Imperial da Guerra, depois de seguir a última pista na minha busca por Johnny White.Na mochila, tenho uma lista com oito nomes. Encontrei os endereços deles depois de vasculhar sem parar o registro, entrar em contato com parentes e procurar na internet, então nada é garantido, mas são um começo — ou, melhor, oito começos.
No fim das contas, o sr. Prior me deu muitas informações para embasar a pesquisa. Basta fazer o homem falar para que se lembre de muito mais do que diz lembrar.
Todos os homens da lista se chamam Johnny White. Não sei por onde começar.
Escolho o Johnny favorito? O que mora mais perto?Pego telefone e mando mensagem para Dulce.
Contei a ela sobre a busca pelo Johnny White do sr. Prior mês passado. Fiz isso depois de receber uma carta comprida sobre as vantagens e desvantagens de um livro sobre crochê.
Eu obviamente estava com vontade de contar coisas. É estranho. Como se o jeito compulsivo de Dulce compartilhar tudo fosse contagioso. Sempre fico meio envergonhado quando chego à casa de repouso e lembro o que acabei revelando no bilhete daquela noite, escrito enquanto tomava café antes de sair de casa.Oi. Tenho oito Johnnies (sing. Johnny). Como escolher por qual começar?
ChristopherA resposta chega cinco minutos depois.
Ela está trabalhando sem parar no tal livro da autora maluca do crochê e parece ter péssima concentração. Nenhuma surpresa. Crochê é uma coisa estranha e chata. Até tentei ler parte do manuscrito quando ela deixou na mesa de centro, para ver se não era como o livro do pedreiro, mas não.
É só um livro com instruções detalhadas para a criação de peças de crochê, com resultados que parecem muito difíceis de alcançar.
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PÓS-IT | Vondy - Adaptação
RomanceDepois de três meses do fim do seu relacionamento, Dulce finalmente sai do apartamento do ex-namorado. Agora ela precisa encontrar o quanto antes um lugar barato onde morar. Contrariando os amigos, ela topa um acordo bastante inusitado. Enrolado com...