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CHRISTOPHER


A polícia leva Justin embora.

Ele está espumando pela boca.

Só de olhar já dá para ver o que aconteceu: um homem que sempre teve o controle... perdendo o controle. Mas, como Maite lembra, isso pelo menos vai facilitar a ordem de restrição.

Nós analisamos a porta.

Ele marcou a madeira com chutes, arrancou pedaços da tinta com os punhos.
Há sangue também.

Dulce vira a cabeça para o lado ao ver isso.

Eu me pergunto como ela deve se sentir, depois de tudo que passou. Ao saber que amou aquele homem e que ele a amou, do jeito dele.

Graça a Deus Poncho chegou. Meu irmão irradia alegria.

Enquanto conta outra história sobre as coisas que "Fofão" fazia para ser o primeiro a usar o supino, vejo a cor voltar ao rosto de Dulce, seus ombros se erguerem, seus lábios formarem um sorriso. Melhor.

Também estou relaxando a cada sinal de melhora.

Não estava aguentando vê-la daquele jeito, assustada, chorando, com medo. Nem ver Justin ser levado pelo policial foi o suficiente para acabar com minha raiva. Mas agora, três horas depois do drama com a polícia, estamos espalhados pela sala como eu imaginei.

Se apertasse os olhos, mal daria para notar que a noite que estive esperando durante todo o último ano foi interrompida por um homem irado, que tentou arrombar a porta.

Dulce e eu estamos no pufe. Maite está no lugar mais confortável no sofá, apoiada em Christian. Poncho domina a sala na poltrona, que ainda não voltou para o lugar de costume, depois de ter sido usada para barricar a porta, e agora está em algum ponto entre o corredor e a sala.

Poncho: Eu adivinhei.

É sério.

Maite: Mas quando?

Porque também adivinhei, mas você não podia saber desde o...

Poncho: No momento em que o Christopher me disse que ia arrumar uma mulher para dormir na cama dele enquanto ele estivesse fora.

Maite: Impossível.

Poncho, expansivo: Ah, por favor!

Não dá para duas pessoas dividirem uma cama e não compartilharem mais nada, se é que me entende.

Maite: Mas e a Kay?

Poncho balança a cabeça.

Poncho: Ah, a Kay.

Dulce: Gente, fala sério...

Poncho: Ah, ela era muito gentil, mas nunca foi a pessoa certa para o Christopher.

Eu, para Maite e Chris: O que vocês acharam no início então?

Dulce: Ai, meu Deus, não pergunte isso a eles.

Maite, na hora: A gente achou que era uma péssima ideia.

Christian: Você podia ser qualquer pessoa.

Maite: Podia ser um pervertido nojento, por exemplo.

Poncho cai na gargalhada e pega outra cerveja.

Ele não bebe há onze meses. Penso em lembrá-lo de que sua tolerância pode não estar como antes, depois penso em como Poncho reagiria a essa sugestão (com certeza bebendo mais para provar que estou errado) e decido não me dar o trabalho.

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