CHRISTOPHER
Ahhh.
Ahhh.
Deito de costas na cama, paralisado de vergonha. Não consigo pensar em palavras. Ahhh é único som adequado para expressar meu horror.
Kay não disse que ela era feia? Eu não imaginava! Ou... Ou... Na verdade, nunca pensei nisso.
Mas meu Deus. Ela é... Ahhh.
Não dá para jogar uma mulher seminua num homem que está tomando banho. Não dá. Não é justo.
Não consigo associar a mulher de lingerie vermelha do banheiro com a mulher para quem escrevo bilhetes e arrumo a casa. Eu nunca tinha...
O telefone toca. Congelo. O telefone fica na cozinha. Chance de esbarrar com Dulce outra vez: grande.
Eu me forço a sair do quarto. Obviamente tenho que atender: é o Poncho. Saio correndo de toalha na cintura e localizo o telefone sob uma pilha de chapéus do sr. Prior no balcão. Atendo antes de voltar correndo para quarto.Eu: Oi.
Poncho: Está tudo bem?
Solto um grunhido.
Poncho, assustado: O que foi?
O que aconteceu?
Eu: Não, não, nada de mais.
Só... conheci a Dulce.
Poncho, animado: Ah! Ela é sexy?
Repito grunhido.
Poncho: É! Eu sabia.
Eu: Não era para ser.
Achei que a Kay tinha dado certeza de que ela
não era!
Poncho: Ela se parece com a Kay?
Eu: Hein?
Poncho: A Kay não acharia nenhuma mulher bonita a não ser que se parecesse com ela.Estremeço, mas meio que entendo o que ele quer dizer. Não consigo tirar a imagem de Dulce da cabeça. Cabelo ruivo bagunçado, como se tivesse acabado de sair da cama.
Sardas na pele clara, salpicadas pelos braços e pelo colo.
Sutiã de renda vermelha.
Seios ridiculamente perfeitos.
Ahhh.Poncho: Onde ela está agora?
Eu: Chuveiro.
Poncho: E onde você está?
Eu: Escondido no quarto.
Pausa.
Poncho: Você sabe que ela vai entrar aí quando terminar, não é?
Eu: Merda!
Me sento rápido.
Corro procurando roupas.
Só consigo achar as dela.
Vejo o vestido aberto jogado no chão.
Eu: Espere na linha.
Preciso me vestir.
Poncho: Oi?Ponho o telefone na cama enquanto visto cueca e calça de corrida.
Incrivelmente ciente de que minha bunda está virada para porta enquanto faço isso, mas é melhor do que virar para o outro lado. Encontro uma regata velha por perto, coloco rápido, então respiro fundo.Eu: Tudo bem. Certo.
Acho que é mais seguro... ir para a cozinha?
Ela não vai passar por lá a caminho do quarto.
Aí posso me esconder no banheiro até ela ir embora.
Poncho: O que aconteceu?
Por que você não estava vestido?
Você transou com ela, cara?
Eu: Não!
Poncho: Tudo bem.Era uma pergunta natural a ser feita. Atravesso a sala e chego à cozinha. Me escondo o máximo possível atrás da geladeira, para não ser visto no caminho do banheiro para o quarto.
Eu: A gente se esbarrou no chuveiro.
Poncho solta uma gargalhada que me faz sorrir um pouco, apesar de tudo.
Poncho: Ela estava pelada?
Grunhido.
Eu: Quase.
Eu estava.
A risada de Poncho fica mais alta.
Poncho: Ah, cara, ganhei o meu dia.
Então ela estava, o quê?
De toalha?
Eu: Calcinha e sutiã.
Poncho também grunhe desta vez.
Poncho: E aí?
Eu: Não vou falar sobre isso!
Poncho: É verdade.
Dá para ela ouvir você?Paro.
Escuto.
Ahhh.Eu, sibilando: Desligou o chuveiro!
Poncho: Você não quer estar lá quando ela sair de toalha? Por que não volta para o quarto?
Não vai parecer que você fez de propósito.
Quer dizer, você quase fez isso por acaso.
Vai juntar vocês dois de novo, nunca se...
Eu: Não vou ficar de tocaia esperando a coitada da mulher, Poncho! Já me expus para ela, né? Provavelmente está traumatizada.
Poncho: Ela pareceu traumatizada?
Paro para pensar.Ela estava... Ahhh.
Tanta pele.
E grandes olhos castanhos, sardas no nariz, um leve arquejar quando passei por ela para sair, perto demais para ser confortável.Poncho: Você vai ter que falar com ela.
Barulho da porta do banheiro abrindo.
Eu: Merda!Me escondo mais atrás da geladeira, então, sem ouvir qualquer barulho, dou uma olhada.
Dulce não olha para mim.
A toalha está bem enrolada sob seus braços e o cabelo comprido está mais escuro, escorrendo pelas costas.
Ela entra no quarto.
Respiro.Eu: Ela está no quarto.
Vou entrar no banheiro.
Poncho: Por que você não sai de casa se está tão preocupado, cara?
Eu: Aí não vou poder falar com você!
Não consigo lidar com isso
sozinho, Poncho!
Ouço Poncho sorrir.
Poncho: Tem alguma coisa que você não está me contando, né? Não, vou adivinhar...
Você ficou um pouco excitado...?Solto um grunhido mais alto e humilhado.
Poncho cai na gargalhada.Eu: Ela apareceu do nada! Eu não estava preparado! Não transo há semanas!
Poncho, rindo histericamente: Ah, Ucker!
Você acha que ela notou?
Eu: Não.
Com certeza não. Não.
Poncho: Talvez então.
Eu: Não. Não pode ter notado.
Muito estranho pensar nisso.
Tranco a porta do banheiro e baixo a tampa da privada para me sentar.
Encaro minhas pernas, coração disparado.
Poncho: Tenho que ir.
Eu: Não!
Você não pode ir!
O que eu faço agora?
Poncho: O que você quer fazer agora?
Eu: Fugir!
Poncho: Que isso, Ucker!
Calma.
Eu: Isso é horrível.
A gente mora junto.
Não posso ficar andando com uma ereção na frente da minha colega de apartamento.
É... É...
É obsceno!
Deve ser crime!
Poncho: Se for, então eu com certeza mereço estar aqui. Pare com isso, cara.
Não precisa surtar.
Como você disse, você e a Kay terminaram há algumas semanas e já não estavam dormindo juntos há um tempo...
Eu: Como você sabe?
Poncho: Ah, vai.
Era óbvio.
Eu: Você não vê a gente junto há meses!
Poncho: A questão é que isso não importa.
Você viu uma mulher pelada e começou a pensar com seu... Espere aí, cara, me dê...
Ele suspira.
Poncho: Tenho que ir.
Mas fique tranquilo.
Ela não viu nada, isso não significa nada, relaxe.
Ele desliga.***
O Ucker só precisa ter mais atitude 😅
Coitado tá em um medo danado.
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PÓS-IT | Vondy - Adaptação
RomanceDepois de três meses do fim do seu relacionamento, Dulce finalmente sai do apartamento do ex-namorado. Agora ela precisa encontrar o quanto antes um lugar barato onde morar. Contrariando os amigos, ela topa um acordo bastante inusitado. Enrolado com...