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DULCE


— Certo, como estou?

— Relaxe — pede Christopher, deitando de novo na cama, com um braço atrás da cabeça.

— O Poncho já adora você.

— Vou conhecer sua família! Quero estar bonita.

Quero parecer... inteligente, bonita e esperta e talvez ficar um pouco parecida com a Sookie nas primeiras temporadas de Gilmore Girls.

— Não faço a menor ideia de quem você está falando. Bufo.

— Tudo bem. Chris!

— Oi? — grita Chris da sala.

— Você pode me dizer se esta roupa me deixa bonita e sofisticada ou cansada e maternal, por favor?

— Se você precisa perguntar, troque de roupa! — berra Maite.

Reviro os olhos.

— Não te perguntei nada! Você não gosta de nenhuma roupa minha!

— Isso não é verdade, gosto de algumas.

O problema são as combinações que você faz.

— Você está perfeita — diz Christopher, sorrindo para mim.

Todo o rosto dele está diferente hoje, como se alguém tivesse ligado um interruptor que eu não conhecia e tudo agora estivesse mais iluminado.

— Não, a Maite está certa — digo, tirando o vestido cruzado na frente e pegando minha calça jeans verde favorita e um suéter de tricô de pontos largos.

— Estou exagerando.

— Você está fazendo tudo na medida certa — corrige Christopher, enquanto pulo em uma perna só, colocando a calça.

— Tem alguma coisa que eu poderia dizer hoje que não faria você concordar comigo automaticamente?

Ele estreita os olhos.

— É um paradoxo.

A resposta é não, mas dizer isso faria com que eu me contradissesse.

— Ele concorda com tudo que eu digo e é muito inteligente também!

Engatinho pela cama até me sentar no colo de Christopher e lhe dar um beijo, deixar meu corpo derreter sobre o seu.

Quando me afasto para colocar a blusa, ele reclama, me abraçando, e eu sorrio, afastando suas mãos.

— Até você ia admitir que esta roupa não é apropriada — lembro.

O interfone toca três vezes, e Christopher se levanta tão rápido que quase sou jogada no chão.

— Desculpa! — diz ele por sobre o ombro enquanto vai até a porta.

Ouço Christian ou Maite irem atender para abrir a portaria para Poncho.

Meu estômago se revira enquanto ponho o suéter e arrumo o cabelo com os dedos.

Espero para ouvir a voz de Poncho à porta, querendo dar a ele e Christopher o momento tão aguardado.

Em vez disso, ouço Justin.

— Quero falar com você — diz.

— Ah. Oi, Justin — cumprimenta Christopher.

Neste momento, percebo que já estou me abraçando com força e pressionando o corpo contra o armário para que ninguém que olhe da porta para conferir o apartamento consiga me ver no quarto e de repente tenho vontade de gritar. Ele não pode vir até aqui e fazer isso comigo. Quero que ele vá embora, de verdade, não só da minha vida, mas da minha cabeça também. Estou cansada de me esconder atrás de portas e de sentir medo.

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