Acordei no dia seguinte e o silêncio era predominado. Seus braços ainda estavam ao meu redor e aquela era um sensação tão boa, tão reconfortante, tão aconchegante, que por mim preferia fingir que ainda estava dormindo, mas não estava, pois as lembranças surgiram e minha mente se viu completamente tomada por tudo que fizemos.
Me virei, fiquei de frente a ela, que ainda dormia e fiquei olhando-a, admirando-a, mesmo sem saber o porquê o fazia. Havia uma paz inexplicável, embora a angustia estivesse tentando me possuir, mas é que vê-la ali, adormecida, me causava uma sensação tranquilizadora... ela era linda.
Aproximei meu rosto e beijei-a entre o nariz e a bochecha. Era gostoso beijá-la ali, mas aquele gesto a fez despertar, infelizmente, pois queria ficar mais um tempo observando-a em silêncio.
– Ta acordada há muito tempo? – Me perguntou com sua voz rouca de sono e cansaço.
– Não, não, acabei de acordar.
Sentir seu corpo, nu, junto do meu... sentir sua pele quente, era simplesmente uma delícia, mas não saber o que tudo aquilo significava era confuso e agora sim começava a me angustiar. O que eu sentia? O que estava acontecendo? Seria prudente colocar nossa amizade em risco sem saber responder nenhuma das minhas perguntas?
– Dormiu bem? – Me perguntou ela.
Eu sorri, pois era óbvio que sim e, perguntando, respondi:
– O que você acha?
Ela sorriu, ainda sonolenta, e me disse:
– Não sei nem o que pensar a respeito disso.
– Nem eu, mas a gente precisa pensar nisso agora?
– Não sei. O que você quer fazer?
– Não faço ideia. – Sorri. – Só não quero pensar em nada agora.
Débora me beijou, nos lábios, com tanto carinho, que senti meu corpo enfraquecer e se arrepiar. Que tesão era aquele que nunca tinha sentido antes? Não é que nunca tenha transado com uma mulher, mas é que com ela estava sendo algo totalmente diferente de tudo que já havia vivido e, por isso, não tinha como simplesmente fingir que nada estava acontecendo.
– Hoje é sábado, o que você quer fazer? – Me perguntou ela.
– Verdade, hoje é sábado e a gente não trabalha aos sábados. – Havia safadeza em minha voz e não foi nem de caso pensado.
– Não mesmo. – Também havia safadeza em sua voz e seu rosto, e foi uma delícia ver isso.
Eu a beijei, dessa vez com um pouco mais de desejo, e senti suas mãos começarem a alisar meu corpo. Era impossível não me acender com aquele toque, mesmo sem entender o porquê. Será que eu não entendia, ou simplesmente não queria entender? Será que havia algo além e eu tinha medo de enxergar, ou tudo isso se resumia a carência?
Nós transamos novamente, agora com menos desespero e aquela nova versão foi ainda mais gostosa do que a da noite anterior. É tão diferente quando a gente está com alguém especial, parece que nossos sentidos ficam mais aguçados... sei lá, só sei que cada toque de suas mãos me faziam ofegar e arder como há muito tempo não me sentia.
Depois de um bom tempo, fomos pro chuveiro juntas e continuamos a transar, entre beijos, carinhos e risadas, porque era quase impossível ficar longe dela naquele momento. Por sorte aquele era um dia quase frio, então colocamos uma roupa mais confortável, o que foi engraçado, pois precisei emprestar-lhe, já que não havia trago nada desse jeito.
Almoçamos já no meio da tarde e ficamos, juntas, na sala, vendo televisão. Em determinados momento ela cochilou e eu pude observá-la sem que me percebesse. Estávamos exaustas e com dores em músculos normalmente desconhecidos, mas estávamos em paz... eu, pelo menos, estava.
Algumas poucas horas depois, Débora começou a parecer um pouco mais tensa, o que muito me preocupou, por isso, perguntei:
– Você ta bem?
– To bem, mas acho que a gente precisa muito ter uma conversa sobre o que ta acontecendo.
Nos sentamos um de frente pra outra, o que me deixou tensa. Débora, então, disse:
– Você pode me dizer como está se sentindo sem ter medo, ok?
– É que eu não sei como estou me sentindo, to confusa. – Confessei.
– Eu acho que foi um momento seu de carência e eu era a pessoa de confiança mais próxima.
O que ela disse realmente fazia sentido, mas ao mesmo tempo me soou tão frio, tão insensível, que me incomodou, porque sim, eu provavelmente estava carente, mas o tesão que senti ia além disso e eu sabia disso, mesmo que em meio a minha confusão... eu sabia que havia alguma coisa a mais, só não entendia, ou não queria enxergar, o que era.
– Foi um momento de carência muito gostoso, diga-se de passagem. – Brinquei, mesmo que envergonhada, pra aliviar meu desconforto.
– Foi realmente muito bom.
Por um breve instante tive a impressão de ver brilhos em seu olhar ao dizer aquelas palavras. O que eu deveria dizer, ou fazer? Como agir a partir dali? Era tão difícil falar, pois mesmo que ela tenha dito que poderia fazer, ainda assim tinha medo de dizer algo que não fosse verdadeiro, ou que não fosse bem recebido... complicado.
– Eu agora não consigo pensar direito sobre nada. – Desabafei.
– Eu sei, por isso que queria ter essa conversa contigo, porque não quero que algo que foi tão bom possa afetar nossa amizade, ainda mais em um momento em que você ainda não ta muito bem.
Esse realmente era um dos meus medos e quando aquelas palavras foram proferidas, parece que uma luz se acendeu dentro da minha mente. Eu tinha medo de que algo tão bom pudesse de fato afetar a nossa amizade, e eu não estava em condições de perdê-la naquele momento.
– Concordo com você. – Falei. – Não quero que o que houve afete nossa amizade.
– É isso, é sobre isso, e ta tudo bem.
– Eu ainda não sei se ta tudo bem pra mim, – Confessei. – mas acho que ta bom pra começar, por enquanto.
– Não se pressione, acho que em breve você vai entender melhor sobre tudo o que anda sentindo, mas, de qualquer forma, amanhã eu preciso voltar pra casa, e precisava te lembrar disso.
Eu já sabia, mas não tava pronta pra aquelarealidade... ela ia embora.
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LGBT - Ao Meu Lado
RomanceDepois de cinco anos de relacionamento, Andréa, uma mulher adulta e bissexual, se vê solteira, triste e confusa com seus próprios pensamento e sentimentos. Em meio ao seu caos, existe uma mão amiga pra lhe trazer o mínimo de paz, além de outras emoç...