36- Sempre

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Talvez a pergunta seja: Por que você não mandou mensagem? – Eu mandei, mandei algumas perguntando onde ela estava, mandei dizendo que queria falar com ela, que precisava muito falar com ela, disse que fui até seu apartamento, mas que o porteiro me disse que ela havia saído com mala... enfim, tentei, mas não havia resposta, então, no aeroporto, entrei.

Havia muita gente e nem sabia por onde começar, mas logo pensei em procurar por vôos e onde essas pessoas deveriam comprar suas passagens, mas lá não a encontrei, então fui em busca de onde ela poderia estar aguardando, só que não a via em lugar nenhum, nem nas lanchonetes, nem nas cafeterias, eu não a encontrei em lugar algum.

Parei no meio do salão enquanto as pessoas iam e vinham, sem nem imaginar o que estava acontecendo comigo. O amor da minha vida podia estar indo embora sem saber o que eu realmente sentia por ela, e falo assim porque, com essa ideia dela se mudar, eu não sabia em que pé isso realmente estava, ou seja, talvez já estivesse tudo acertado e ela nem precisasse mais voltar pro escritório... se fosse isso mesmo, aí que eu estaria perdida.

Quando digo isso, também me refiro a ela não responder mais e não aparecer mais no escritório, por isso a ideia de "perdida", porque eu não teria como falar com ela, afinal, foram duas situações chatas, sendo a última ainda pior, por causa do meu silêncio, mas era isso, cada um tem uma reação e infelizmente aquela foi a minha.

Enfim... meu sentimento era de frustração, de muita tristeza e minha vontade era de chorar, porque fui idiota e não fiz, em tempo hábil, o que deveria ter feito. Havia muita gente ao meu redor, mas a solidão que me envolvia era gritante e dolorosa, por isso, tentando não chamar atenção, fui pra um canto e, como muitos faziam, me sentei no chão.

– "To no aeroporto te procurando, por favor, fala comigo." – Enviei, enquanto sentia uma lágrima escorrer por meu rosto.

Repousei minhas mãos sobre o meu colo e encostei minha cabeça na parede atrás de mim. Havia um buraco enorme no meu peito e por isso transbordava por meus olhos. Eu só queria que ela me ouvisse, só queria que ela entendesse, só queria que ela não fosse embora.

– Ta fazendo o que aí chorando?

Abri os olhos, afobada. Era ela, era sua voz. Débora estava em pé, bem na minha frente, com um sorriso sutil nos lábios, por isso, sem pensar duas vezes, me levantei às pressas e pulei em seu pescoço. Era tão bom tê-la ali, em meus braços, tanto que em minha mente só conseguia agradecer a Deus por àquele momento.

– Me perdoa. – Dizia eu, desesperada. – Eu não quis beijar nenhum deles, eles que me beijaram, eu nem quero o Guilherme de volta, eu quero você, por favor, me perdoa.

– Mas não era o teu sonho que ele voltasse a te procurar? – Perguntou, nos afastando, pra me olhar nos olhos.

– No começo, sim, mas depois não, depois eu percebi algo que não havia me dado conta até agora.

– E o que você se deu conta?

– Me dei conta de que to apaixonada por você. – Sorri, com a cara encharcada de lágrimas.

A vida é assim, a pessoa se arruma e se prepara pra ficar bonita na frente da outra pessoa, mas aí alguém lá em cima decide que não vai ser bem assim e faz toda uma situação acontecer, só pra você aparecer destruída, e foi exatamente isso o que aconteceu, eu estava suada e com o rosto molhado de lágrimas, sem dizer que devia estar vermelha... paciência.

– Como você tem certeza disso? – Me perguntou.

– Meu amor, o que eu sofri nas últimas semanas pra ter essa certeza não está no gibi, pode acreditar em mim. – Ela sorriu e isso me deu esperança.

– Tenho medo de acreditar.

Segurei seu rosto com ambas as mãos, aproximei meu rosto, unindo nossas testas, lhe beijei, e disse:

– Eu entendo, mas eu posso provar, mesmo que eu passe a vida provando, não importa, eu apenas entendi que o amor da minha vida sempre esteve ao meu lado e que não posso te deixar ir embora da minha vida...

– E quem disse que eu ia embora da sua vida? – Perguntou me cortando e sorrindo.

Eu a olhei intrigada, sorri e perguntei:

– Você ta gostando disso, né?

Débora abriu um sorriso largo, me abraçou quase me erguendo do chão, depois nos olhamos com ternura, e me disse:

– Eu prometi nunca ia sair da sua vida e não pretendia quebrar essa promessa, mas fico muito feliz em ouvir tudo que ouvi sim. – Mordeu os lábios no final.

Dei-lhe um tapa no braço e disse:

– Eu achei que você nunca mais ia querer falar comigo.

– Não vou dizer que não fiquei chateada e que isso não passou pela minha cabeça, mas ver sua reação me amoleceu e eu pensei: Por que não?... eu só sei que também quero você e que também to apaixonada. – Seus olhos marejaram, enquanto sorria.

– Então é isso? Estamos bem? Estamos juntas? – Perguntei, com medo.

– Estamos sim... minha namorada.

Nossa, como aquela frase bateu de uma forma tão forte dentro de mim, cheguei a sentir um tesão absurdo naquilo e, por isso, acho que mordisquei meus lábios enquanto a olhava de um jeito mais safado.

– E sua viagem? – Perguntei olhando ao redor.

– Eu posso deixar pra amanhã, sem dizer que tenho uma proposta pra te fazer.

– Qual?

Débora me puxou pra mais perto, me envolvendo novamente em seus braços, me beijou e, sorrindo, perguntou:

– Muda de Cidade comigo? Consegui uma vaga pra você esses dias num setor próximo e vai ganhar mais.

Eu sorri enquanto balançava minha cabeça, incrédula. Lhe beijei, foi um beijo bem gostoso, gentil e lento, e respondi:

– E tem como dizer não? Só fica comigo e eu vou contigo pra onde for.

– Eu fico... sempre. – Nos beijamos apaixonadas. – Agora vamos embora, to morrendo de fome e aqui é tudo caro.

Eu ri... eu finalmente ri.


Fim

Muito obrigada a quem chegou até aqui ;), espero que tenha gostado.

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