No dia seguinte acordei emocionalmente exausta e sem vontade de levantar, então agradeci aos céus por ser sábado e por eu não trabalhar aos sábados. Me permiti ficar mais tempo deitada, no escuro que minha cortina conseguia me proporcionar, mas minha mente começou a se agitar, e isso me fazia virar de um lado pro outro, sem conseguir adormecer novamente, então peguei meu celular.
– "Já, já eu to aí de novo." – Havia me respondido ela, durante a madrugada.
Coloquei o aparelho de lado novamente e respirei fundo, com um sentimento de frustração, pois esperava alguma mensagem mais carinhosa, mas o que recebi me deu a sensação de estar alimentando o seu ego, ao invés de causar a reação que gostaria.
Dizem que quando a gente passa dos trinta anos, a gente fica mais livre de algumas travas e sinto que isso é real, mas não por completo. Existem muitas pessoas que nos vêem e acham que nosso comportamento emocional se compara a adolescentes, mas o que entendi nesse trajeto da vida é que ninguém nos prepara pra lidar com as emoções, eles apenas nos cobram uma maturidade não existente... acho que já falei sobre isso por aqui.
Quando somos bem jovens, parece que temos autorização pra errar e pra sermos emocionalmente instáveis, mas quando passamos dos trinta, que é justamente a idade de quem já se fudeu pra caralho pra chegar até ali, a sociedade nos tiram o direito de antes e nos cobram, causando ainda mais problemas emocionais em quem já está mentalmente prejudicado.
Eu queria perguntar se iríamos nos ver, queria saber se ela tinha isso em seus planos, mas tinha medo de parecer emocionada demais e acabar chamando sua atenção pro que eu começava a achar que estava sentindo. É confuso, eu sei, pois uma hora eu nego, outra eu assumo e depois volto pra dúvida, mas a vida é assim, ainda mais quando se está abalada emocionalmente.
Em meu celular também havia mensagens de Flávio, Caio e Henrique, cada um puxando assunto a sua maneira, mas eu não estava com energia pra ser simpática com nenhum deles, então optei por me calar, escolhi ficar na minha, quieta, em meu quarto escuro, por mais que minha mente não acompanhasse esse meu desejo... a campainha tocou.
Estranhei e aguardei o segundo toque, que realmente surgiu. Me levantei e fui até a porta, olhei no "olho mágico" e me surpreendi. Abri a porta às pressas e radiante, pois era Débora do outro lado. Eu a abracei tentando me controlar e minimizar a explosão que estava sentindo. Ela sorria enquanto me apertava em seus braços.
– Achou que eu não ia te ver hoje, não achou? – Perguntou, brincando.
– Podia ter me avisado, eu acabei de acordar, nem escovei os dentes ainda.
– Então se anima, pois quero te tirar um pouco desse apartamento, vou só tomar um banho e vamos pro shopping. Topa?
Eu a olhei, sorri e disse:
– Acho que to precisando mesmo.
Tomei meu banho, ela o dela, e fomos pro shopping. Pode parecer algo bobo, mas sair de casa e respirar novos ares começou a clarear minha mente. Nós almoçamos em um restaurante bonito, tudo por conta dela... foi um pedido dela poder fazer isso. Andamos enquanto conversávamos e, o mais interessante, era que eu sabia que Débora não era fã de shopping, ou seja, ela estava realmente fazendo aquilo por minha causa.
– O que acha de irmos ao cinema? – Me perguntou ela.
Eu a olhei com um olhar carinhoso e, após breves segundos, respondi:
– Acho ótimo.
Entramos e escolhemos o filme que iríamos ver. Ela também pediu pra pagar nosso cinema, assim como também havia comprado alguns doces e aquilo começou a me soar estranho. De alguma forma, aquilo era um encontro? Aparecer de surpresa depois que eu disse estar com saudade, depois um almoço gostoso, agora cinema... o que mais será que estava por vir? Será que havia realmente mais alguma coisa por vir?
Nos sentamos em nossos acentos, localizados na última fileira, como sempre gostamos de fazer. Passei meu braço por debaixo do dela e repousei minha cabeça em seu ombro, enquanto aguardávamos o início do nosso filme. Era tão gostoso estar ali com ela e daquela maneira... de alguma forma, acho que estava me sentindo amada.
– Quer o chocolate agora? – Me perguntou ela.
Ergui minha cabeça e a olhei. Ela era tão linda. Toquei seu rosto com minha mão livre enquanto sorria e, movida por minhas emoções, me aproximei até que meus lábios tocaram os dela. Acariciei sua bochecha enquanto a beijava e senti, sua mão também tocar meu rosto. Pode parecer bobagem, mas pra mim, aquele era um momento mágico, de muito carinho e romantismo.
– Desse jeito vou acabar me iludindo. – Disse ela, em tom suave, sorrindo e me olhando.
– Só se ilude quem já tinha algum tipo de sentimento. – Refleti, em sussurro, enquanto a olhava e me sentia pensativa.
– O filme vai começar. – Sorriu, desconversando.
Sorri, lhe dei outro beijo, e disse:
– Esperta, você, mas não se anima muito, porque você não vai fugir de mim. – Apertei sua cocha, enquanto a olhava e mordia meu lábio inferior.
Débora pareceu hipnotizada, por um breve instante, até que respirou fundo, estreitou os olhos, sorriu de forma safada e, no pé do meu ouvido, perguntou:
– E quem disse que eu quero fugir de você? – Ela mordiscou a ponta da minha orelha, e completou. – Agora vamos ver o filme.
Acho que agora foi a minha vez de olhá-la com os olhos estreitos e com um sorriso safado no rosto, mas tudo bem, nós tínhamos um filme pra assistir, o importante é que quebramos a barreira, novamente, mesmo que tenha sido por puro instinto, até porquê, de caso pensado, não creio que teria acontecido por nenhum dos lados, mas aconteceu e, depois de sentir todo meu corpo se arrepiar, eu não ia deixar passar... ah, não ia.
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LGBT - Ao Meu Lado
RomanceDepois de cinco anos de relacionamento, Andréa, uma mulher adulta e bissexual, se vê solteira, triste e confusa com seus próprios pensamento e sentimentos. Em meio ao seu caos, existe uma mão amiga pra lhe trazer o mínimo de paz, além de outras emoç...