– Quer ir lá pra casa? – Perguntei, na hora de ir embora. – Minha casa ta mais perto do que a sua e já ta tarde.
– Seria ótimo, mas não to com roupa pra ir trabalhar amanhã.
– Verdade. – Concluí frustrada. – Você volta na sexta, ou no sábado?
– Você é quem tem que me dizer. – Sorriu.
– Vem na sexta, eu prefiro, porque aí não fico sozinha e a gente ganha mais tempo juntas.
– Pode ser, vou na sexta, então. Agora preciso ir, já ta tarde e a gente trabalha amanhã. Vem comigo, to de carro e te deixo em casa.
É óbvio que eu iria aceitar aquela carona, não só por não precisar ir por conta própria, claro... claro? Enfim... entrei em seu carro e fomos até a porta do meu prédio, onde ela parou e me olhou, com um olhar brilhante e diferente. Confesso que tive muita vontade de beijá-la, mas não achei apropriado, por causa da nossa última conversa a respeito.
– Boa noite pra você. – Me disse ela.
Eu a abracei, do jeito que deu, e lhe beijei o rosto, com o máximo de controle que consegui ter. Nos olhamos, ainda próximas, olho no olho, e sorrimos. Respirei fundo e, movida por minha emoção, disse:
– Gosto muito de você, de verdade.
– Eu também. – Disse ela.
– Se cuida. Quando chegar, me avisa.
– Aviso sim.
Subi, me sentindo radiante e sem entender o porquê. Tomei meu banho e, quando me deitei, haviam duas mensagens, que diziam:
– "O que você acha de queijos e vinhos, eu e você, na minha ou na sua casa, na sexta à noite?" – Me perguntou Flávio.
– "Acabei de chegar. Foi muito bom te ver hoje fora do trabalho." – Me disse Débora.
Fiquei olhando pro celular, pensativa, sem nada responder pra nenhum dos dois. Coloquei o telefone de lado e fiquei olhando pro teto, pensando e me lembrando de tudo que vivi naquelas quase duas semanas. Eu sei que nunca falo do meu ex, mas não é que não pensasse nele, a questão é que me esforçava tremendamente pra não pensar e tudo aquilo estava me ajudando muito a esse respeito.
– "Nessa sexta eu não posso," – Respondi pro Flávio. – "mas eu acho que topo sim, pra semana que vem. Pode ser?"
– "Eu gostei muito também." – Enviei pra Débora. – "Queria que você tivesse vindo pra cá comigo."
Naquela noite eu dormi com dois sentimentos diferentes, um de euforia, porque ela viria na sexta, e o outro, de dúvida a respeito do convite de Flávio, que já era de se esperar. Decidi que não ia pensar muito a respeito, afinal, eu estava solteira, o que não era por vontade própria, e estava começando a sair do casulo da depressão.
No dia seguinte trabalhei normalmente, embora ficasse com aquele sentimento angustiante de querer entender o que estava acontecendo dentro de mim. Henrique, novamente, me chamou pra almoçar e resolvi aceitar, porque estava curiosa em saber como seria isso.
O que dizer? Foi exatamente como imaginei. Ele se sentou ao meu lado, como Caio havia feito da primeira vez, e ficava tentando me seduzir, se inclinando pra mim e sorrindo a cada meia dúzia de palavras que soltava. Nada aconteceu, mas confesso que foi bem engraçado.
Na volta, quando me sentei, havia um chat de Débora, perguntando:
– "Saiu com o Henrique?"
– "Fui almoçar com ele, foi engraçado, mas não aconteceu nada não."
– "Ele ta todo bobo se gabando por você ter almoçado com ele."
– "Não sei o porquê."
– "Meu anjo, você não se percebe muito quando se olha no espelho não, né?" – Riu. – "Você é linda e ele ta achando que tem chance contigo."
Achei engraçado, porque, de fato, eu não tinha essa percepção a meu respeito, como se pudesse servir de troféu pra alguém. Se eu era tão bonita assim, por que meu ex me deixou? Por que, depois de cinco anos, ele preferiu terminar comigo? Será que encontrou alguém mais bonita do que eu?
– "Acho isso engraçado." – Falei. – "Não me olho desse jeito, realmente."
– "Pois é, mas você é, agora, a pergunta que não quer calar, ele realmente tem chance contigo?"
Achei estranha aquela pergunta e foi naquele momento que fiquei apreensiva pelo contexto. Débora não costumava me mandar mensagem no chat e, do nada, estava me perguntando sobre o Henrique. O que isso queria dizer? O que aquilo significava? Será que ela ficou preocupada por eu me envolver com alguém como ele, ou será que ficou com algum tipo de ciúme, como eu havia sentido por ela naquele bar?
– "Não tem, ele não é meu tipo." – Respondi.
Eu poderia ter dito que ele não é meu tipo de homem, mas preferi não usar a palavra "homem" por causa daquela ideia sobre eu só falar deles. Henrique não era meu tipo, por mais que fosse, sim, bonito, mas seu jeito era exatamente do jeito que não gosto, pois exalava um ego desnecessário, e isso me incomodava.
– "Ah sim." – Foi sua única resposta e não nos falamos mais naquele dia.
Fui pra casa muito reflexiva a respeito do que havia acontecido e sobre as perguntas que estava me fazendo a respeito. Então decidi que, se não acontecesse entre nós nesse final de semana, eu iria sair sim com outras pessoas, caso me desse vontade, porque, de certa forma, confesso que não pensava mais no meu antigo relacionamento quando recebia algum convite, eu pensava nela, e isso, de certa forma, era outra coisa que estava me fazendo ficar muito confusa.
– "Vou levar um vinho pra gente amanhã." – Me mandou ela, à noite, por mensagem.
– "Vou adorar."
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Sexta, 01/mar, começa uma nova história, venha conhecer Encontros.
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LGBT - Ao Meu Lado
RomanceDepois de cinco anos de relacionamento, Andréa, uma mulher adulta e bissexual, se vê solteira, triste e confusa com seus próprios pensamento e sentimentos. Em meio ao seu caos, existe uma mão amiga pra lhe trazer o mínimo de paz, além de outras emoç...