No dia seguinte, Henrique me chamou novamente pra almoçar, mas não fui, não aceitei. Ele não foi o único, pois Caio também o fez, e também não fui, em nenhum dos caso porque não quis. Minha animação era outra... sim, eu tava animada e isso devia ser notório, pois Claudinha me perguntou a respeito, mas desconversei, menti, inventei qualquer coisa e fugi daquela pergunta.
As horas passaram arrastadas, creio que por causa da minha ansiedade. No final, fui embora sozinha, pois ela ainda estava presa em suas reuniões. Corri pra casa, sem me importar com academia. Tomei um bom banho, me depilei e lavei meus cabelos, pensando o tempo todo nela como amiga, mas, no fundo, minha expectativa era outra e, mesmo que de forma inconsciente, eu sabia disso.
Não coloquei nenhuma roupa muito diferente do tradicional, mas também não coloquei nada largado demais, na verdade pus um pijaminha bonitinho e com cara de adulto, que não vestia há algum tempo. Talvez a pergunta seja, o que é um pijama com cara de adulto? Imagine um shortinho desses de dormir, em cor neutra, sem nada infantil, e um blusa do mesmo tecido, de alça e com um pequeno decote... ou seja, nada ousado e nem neutro demais, até porque equilíbrio é tudo.
– "To chegando." – Me enviou ela.
Cortei alguns queijos que já tinha em casa, depois sentei na sala, liguei a televisão, e tentei me comportar como se nada estivesse acontecendo. A campainha tocou, fiquei tensa, mas tentei agir com naturalidade e fui atender. Abri a porta e ela estava sorrindo, com uma garrafa de vinho em mãos e uma mochila nas costas.
– Trouxe só um? – Perguntei.
– Tem mais dois na mochila.
Percebi seus olhos me percorrerem de cima a baixo. Peguei a garrafa de vinho, lhe dei as costas, sorri comigo mesma, e fui pra sala, enquanto dizia:
– Coloca as outras na geladeira, essa aqui acho que dá pra abrir ao natural mesmo.
Pus a garrafa sobre a mesinha de centro e me sentei no sofá. Débora veio da cozinha e disse que ia tomar um banho antes da gente começar. Fiquei sozinha novamente enquanto continuava sorrindo comigo mesma. Seria loucura o que eu tava sentindo? Seria maluquice da minha cabeça?
– Tu é doida. – Falei comigo mesma.
Débora saiu do banho e veio se juntar a mim. Fui até a cozinha, peguei os queijos e duas pequenas taças. Na sala, nos sentamos no chão, junto da mesa de centro, uma do lado da outra. Erguemos nossas mãos e, em brinde, ela disse:
– Por mais momentos como esse.
Brindamos, em extrema concordância, porque sim, eu queria que houvessem mais momentos como aquele. Começamos a beber e comer, enquanto riamos e conversávamos. O bom de trabalharmos no mesmo lugar, é que temos vários assuntos a esse respeito, tanto sérios, quanto descontraídos, mas houve um momento em que fiquei nervosa... enquanto pegava mais queijo, ela apoiou sua mão sobre a minha coxa.
Coloquei a minha mão sobre a dela, mantendo-a onde estava e, nesse momento, nós nos olhamos em silêncio. Meu corpo começou a esquentar, principalmente porque senti seu polegar se mover acariciando minha pele. Vários pensamento passaram subitamente por minha mente, mas tudo se desfez quando ela disse:
– Vou pegar mais vinho, esse já acabou.
Débora se levantou e foi pra cozinha enquanto o meu coração batia rápido e minha boca parecia seca. Ela não me quis? Foi isso? Por que ela não fez nada? O que será que eu deveria fazer? Eu nem sabia o que queria... na verdade, em termos, porque uma parte de mim sabia exatamente o que queria, mas havia uma outra que estava muito confusa e talvez fosse com essa que ela se identificava.
Ela voltou, com o vinho já aberto, e se sentou na mesma posição. Enchemos nossas taças e, de início, fingimos que nada havia acontecido, então continuamos a conversar e a rir, e era incrível como eu a estava achando ainda mais bonita do que já achava antes de tudo isso acontecer.
– Quer dizer, então, que você me acha linda? – Perguntei, do nada, sem nem pensar no que estava fazendo, me lembrando do assunto de mais cedo.
Por um instante eu a senti constrangida com minha pergunta, mas, sem hesitar, ela me respondeu, dizendo:
– Te acho muito, por sinal.
– É bom ouvir isso.
– Por quê?
– Porque não entendo até agora o porquê do Guilherme ter terminado comigo, ao menos eu sei que não tem nada a ver com beleza.
Ali eu me arrependi profundamente. Pra que falar do ex naquele momento? Era pra me fuder, né? Como assim? Eu tava afim de que rolasse algo entre nós, aí eu vou e enfio o Guilherme no meio do assunto, é isso? É burrice, só pode, mas sim, eu fiz, falei dele, infelizmente, mas falei.
– Você ainda pensa muito nisso, né? – Perguntou ela. – Lógico que pensa, ainda tem muito pouco tempo que vocês terminaram.
– Olha, eu até penso, mas tenho enxergado muita coisa a esse respeito que me faz acreditar que o término foi a melhor decisão. – Tentei me salvar.
– Tipo o quê?
– Ah, sei lá, eu só comecei a ver que nós não éramos mais as mesmas pessoas e nem estávamos mais tão apaixonados um pelo outro... é claro que digo isso por mim, mas como foi ele quem terminou, creio que seja por aí também.
– É difícil quando terminam assim, porque a outra parte ainda leva um tempo pra processar e entender algumas coisas, mas concordo, não via realmente vocês dois tão ligados como antes. – Ela colocou sua mão sobre a minha, me olhou e completou. – Você sabe que pode contar sempre comigo, somos amigas.
É... somos amigas sim, mas e se eu te dissesse que hoje, em especial, eu queria tudo contigo, menos ser sua amiga?... Respirei fundo e, ao invés de dizer isso, falei:
– Somos mesmo.
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Cap novo toda quarta
Me segue na porra do insta, caralho rs: kakanunes_85
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LGBT - Ao Meu Lado
RomanceDepois de cinco anos de relacionamento, Andréa, uma mulher adulta e bissexual, se vê solteira, triste e confusa com seus próprios pensamento e sentimentos. Em meio ao seu caos, existe uma mão amiga pra lhe trazer o mínimo de paz, além de outras emoç...