Parecia que meu coração ia sair pela boca, pois sim, era a Débora bem ao nosso lado e com uma cara que poucas vezes presenciei. Ela estava chateada pelo que viu, cheguei a me lembrar do dia do bar, mas aquela era outra situação, já que não estávamos ficando... na verdade ainda não tinha acontecido nada entre nós, naquele dia, diferente de agora.
– Como assim? – Perguntou ele atordoado.
– Eu posso explicar. – Falei.
– Não sei se quero escutar. – Disse ela começando a andar pra longe de nós.
Eu a segurei, ignorando-o completamente, e disse:
– Espera, não é nada disso que você ta pensando.
– Eu não tenho o direito de reclamar, não sei nem o porquê fiz isso. – Disse ela. – Talvez a sua distância já quisesse me dar sinais e eu que não percebi.
– Você não ta solteira? – Me perguntou ele.
– É complicado. – Falei. – Vai lá fazer suas coisas, me deixa conversar com ela, por favor.
– Achei que tinha algo entre a gente depois de sexta, mas tudo bem. – Disse ele, piorando a minha situação.
Débora me olhou com um olhar de confusão e de chateação enquanto Flávio voltava pra academia. Eu a olhei sem saber o que dizer, mas não tinha o que fazer e eu não poderia mentir, ainda mais pra minha melhor amiga.
– A gente ficou, foi isso, e ele achou que ia continuar, por isso me beijou, mas eu não ia continuar, juro. – Falei, vencida pela situação.
– Vocês ficaram de que maneira?
– Na sexta ele foi lá pra casa e a gente ficou... literalmente.
O constrangimento em mim era tão grande que provavelmente devia ser notório, mas essa era a verdade e percebi a burrice por ter escondido aquilo... eu devia ter contado, por mais que não estávamos namorando, o que nós tínhamos não era uma simples "ficada", ainda mais depois das últimas informações.
– Eu tava viajando e você transou com ele? É isso? – Perguntou ela.
– Falando assim fica bem estranho.
– Pois é.
– Mas a gente ainda não tinha ficado de novo, a gente tava na ideia de amizade. Lembra? E eu queria esquecer o que rolou entre a gente, aí achei que desse jeito poderia conseguir.
– Como sua amiga, eu entendo o que você ta dizendo, mas por outro lado não to me sentindo bem com essa situação. Amanhã eu vou viajar de novo, por isso que eu to aqui, porque pensei da gente ficar junto já que vou ficar uma semana fora. To te falando isso pra você saber que não tava te espionando.
– Eu juro que não tem nada entre eu e ele, só não tinha dito isso pra ele ainda.
– Como sempre você enrola demais pra dizer o que realmente pensa, fico até com dúvidas sobre o que você sente por mim.
– Pois é, essa distância não era sinal de nada, sou só eu pensando demais. Por favor, Débora, não quero estragar as coisas.
– Acho que essa viagem veio a calhar, porque vai te dar tempo pra pensar... vai nos dar tempo pra pensar.
– Como assim?
– Eu acho que também penso demais e talvez já devesse ter te falado isso, mas com toda a situação, não achava justo fazer isso.
– Do que você ta falando? – Perguntei já ficando mais nervosa, embora tentasse disfarçar.
– Eu gosto de você já faz um tempo, achei que você já soubesse disso de alguma forma, mas pelo visto você nunca percebeu.
Fiquei paralisada, olhando-a me dizer aquelas palavras e unindo, mentalmente, todas as informação que recebi naqueles últimos dias. Débora estava assumindo que gostava de mim, não como amiga, mas como algo a mais e achava que eu já tinha percebido, mas provavelmente a minha negação não me deixava ver, assim como não conseguia enxergar que aquele sentimento era recíproco... pois era.
– Eu não sei o que dizer. – Mais uma resposta burra.
– Imagino que não, mas essa é a verdade, desculpa, sei que você ainda tem o seu ex e não é justo colocar isso nos seus ombros, assim como não é justo eu reclamar de voe ter ficado com esse cara, mas é que eu to segurando esse sentimento há bastante tempo.
– Bastante?
– Sim, bastante. – Ela olhou ao redor, como quem procura realinhar os pensamentos, e disse. – Vou indo, vou pra casa, acho que agora sou eu quem precisa ficar sozinha.
– Não queria que você fosse.
– É melhor assim, pelo menos por hoje. Aproveita essa semana e vive sua vida, você realmente está solteira e não me deve nada.
Sem se despedir, Débora começou a caminhar pra longe de mim e eu, burra, fiquei vendo-a se afastar, com medo de dizer o que sentia e depois descobrir que não era nada daquilo, porque de todas as pessoas, ela era realmente quem eu menos gostaria de magoar, embora já tenha feito, mesmo que sem querer.
Fui pra casa arrasada pelo que tinha acabado de acontecer e pela ciência de que não a veria no dia seguinte, já que tinha a tal viagem pra fazer. Comi, enquanto olhava pro nada e sentia uma angústia enorme dentro do peito. Me deitei, no escuro e silêncio do meu quarto, respirei fundo e senti uma sutil lágrima escorrer por meus olhos.
Débora havia acabado de se declarar e, por causa da minha burrice, o fez no pior momento possível, mas, independente disso, essa foi a parte da conversa que mais reverberou dentro de mim. Seria possível que o amor da minha vida tenha estado amo meu lado aquele tempo todo e eu não percebi? Será que coloquei tudo a perder por causa da inconstância das minhas emoções?... espero que não.
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LGBT - Ao Meu Lado
RomanceDepois de cinco anos de relacionamento, Andréa, uma mulher adulta e bissexual, se vê solteira, triste e confusa com seus próprios pensamento e sentimentos. Em meio ao seu caos, existe uma mão amiga pra lhe trazer o mínimo de paz, além de outras emoç...