Me levantei do sofá e fui pro banho, afinal, já tinha deixado ela ir embora, então precisava pelo menos estar apresentável quando a encontrasse. No chuveiro, fiquei me lembrando da gente na noite do bar e isso reforçava ainda mais tudo que havia concluído a respeito do que sentia.
Era fato que, depois de tudo que aconteceu nos últimos dias, Débora poderia simplesmente não me querer por causa de todas as dúvidas que a fiz sentir e isso seria extremamente compreensível, mas eu precisava ir, porque ela veio atrás de mim pelo menos duas vezes, enquanto eu... bem, já sabemos a resposta.
Me arrumei, mas não vesti nada demais, apostei em algo simples, embora bonito, até porque ela já havia me visto de todas as maneiras possíveis e imaginárias ao longo daquela "amizade", mas, de qualquer forma, era engraçado porque, querendo ou não, acho que aquela era a primeira vez que o fazia pensando nela... era pra ela, no caso.
Peguei minhas chaves e meu celular, coloquei-os em minha bolsa, me olhei no espelho uma última vez antes de sair de casa e, pra mim mesma, disse:
– Boa sorte.
Será que precisaria de sorte? Como já disse, será que Débora me aceitaria, ou me rejeitaria, depois de tudo? Será que o que estava fazendo era o certo, ou estava me precipitando? Será que deveria levar algum tipo de presente, tipo flores ou chocolates? Como eu poderia pedir que me desculpasse e me ouvisse?
Acho que, por mais que houvesse muito medo de estar fazendo algo errado, finalmente havia uma certeza que antes não existia. Eu poderia estar emocionada, poderia estar carente, poderia estar muita coisa, mas o fato era que, inevitavelmente, eu realmente estava apaixonada.
Tudo parecia estar demorando o dobro de tempo, como por exemplo conseguir pegar um carro de aplicativo, pois todos os que apareciam, estavam cancelando a corrida. É sempre assim, quando mais a gente precisa de uma coisa, mais aquilo dá errado e, mesmo que esse pareça ser um pensamento pessimista, muitas das vezes é a mais pura verdade.
Finalmente meu carro chegou e, nele, eu entrei. Peguei meu celular. Meu coração parecia que ia sair pela boca a cada metro percorrido. Não havia nenhuma mensagem importante, no caso, de pessoas importantes, até porque haviam algumas sim, mas pretendia ignorar todas.
Cheguei em seu prédio e, antes de passar pelo primeiro portão, olhei pra cima e respirei fundo, pois aquele poderia ser o momento que mudaria a minha vida por completo. O portão foi destravado pelo porteiro e comecei a entrar, nervosa, sem nem olhar pros lados, mas, quando ia passando pelo Sr. Geraldo, depois de cumprimentá-lo, ele perguntou:
– Ta procurando a Dona Débora, não ta, Dona Andréa?
– Isso, eu vim visitá-la.
Achei aquela abordagem muito estranha, porque já fazia algum tempo que não precisava parar ali e pedir liberação, mas essa ideia foi a primeira coisa que me veio a mente. Será que Débora pediu pro porteiro não me deixar subir, como costumava fazer? Será que isso era um sinal de que ela não queria falar comigo?
– É que a Dona Débora não está. – Disse o porteiro.
– Ué, mas eu a vi há algumas horas.
– Ela realmente veio em casa, mas já saiu.
Ainda poderia ser apenas uma mentira, dizer que ela saiu, mas na verdade está em casa e só não quer me receber, mas eu conhecia o Sr. Geraldo e ele não era o tipo de pessoa que mentia com facilidade, já até brinquei algumas vezes com ele a esse respeito, então acreditei que aquela era a verdade.
Ela não estava em casa, então onde ela poderia ter ido, sendo que acabou de chegar no Rio, depois de ficar alguns dias fora. Logicamente insisti e perguntei, dizendo:
– O Senhor sabe onde ela foi?
– Acho que viajou de novo.
– Ué, mas ela não tinha acabado de chegar?
– Pois é, Dona Andréa, mas ela saiu daqui com a mala dela.
Eu estava tranquila achando que Débora estaria em casa, já que havia acabado de voltar pra passar o final de semana, por isso me arrumei com uma certa calma, mas não, ela não estava e saiu com mala... aquela informação deu um nó na minha cabeça absurdo. Ela resolveu não ficar, ela resolveu voltar... ela resolveu ir embora.
– Tem muito tempo isso? – Perguntei agoniada.
– Uns trinta minutos, acho.
– Obrigada, Senhor Geraldo.
Fazia trinta minutos que ela havia saído de seu prédio com uma mala, ou seja, ela com certeza voltou pro aeroporto. De imediato chamei um carro de aplicativo, que demorou horrores, já que é sempre assim que acontece.
– Ela parecia triste. – Disse ele, enquanto eu esperava meu carro.
Eu o olhei apreensiva e entendi que ele entendeu o que estava acontecendo, por mais que não tenhamos entrado nesse mérito. Meu carro chegou exatamente naquele momento, mas, antes de sair correndo, eu o olhei e disse:
– Espero reverter isso... deseje-me sorte.
– Boa sorte, menina.
Corri pra fora do prédio e me joguei pra dentro do carro. Pedi pro motorista andar o mais rápido que pudesse, com receio dele pegar birra de mim e fazer exatamente o contrário, já que a sorte não parecia estar andando muito comigo. Será que eu realmente ia perder o amor da minha vida?
Pegamos um engarrafamento pequeno, mas que quase me fez ter uma crise de ansiedade dentro daquele veículo. Meu coração continuava do mesmo jeito, parecendo que ia pular pra fora do corpo, mas finalmente cheguei, lá estava ele, o aeroporto. Desci do carro e olhei ao redor... ele era enorme.
– Meu Deus, e agora? Me ajuda, por favor... vou precisar.
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LGBT - Ao Meu Lado
RomanceDepois de cinco anos de relacionamento, Andréa, uma mulher adulta e bissexual, se vê solteira, triste e confusa com seus próprios pensamento e sentimentos. Em meio ao seu caos, existe uma mão amiga pra lhe trazer o mínimo de paz, além de outras emoç...