Dormir, naquela noite, não foi uma das tarefas mais fáceis da minha vida. Como pode uma única semana causar tanta memória emotiva como aquela causou? Havia um vazio tão grande na minha cama que parecia pior do que a ausência do bendito do meu ex namorado. Depois que Débora me avisou ter chegado em casa, o meu sentimento era de tristeza, mas era isso, eu precisava superar mais essa.
No dia seguinte, depois de muita dificuldade pra acordar, já que foi péssimo dormir, eu consegui me levantar e fui trabalhar. Quando cheguei no meu setor, havia uma angustia no meu peito e uma vontade enorme de ir até a sala dela, pra vê-la, mas com a desculpa de saber como ela estava... eu fui, mas Débora não estava.
Fiquei pensando no horário e não, eu não havia chegado cedo demais, então acho que na verdade nunca me atentei exatamente pro horário dela, que era gerente... acho que ela só andou chegando mais cedo por minha causa, por causa do meu horário e dos meus compromissos.
Voltei pra minha mesa com um sentimento de frustração, me sentei em minha cadeira e fiquei olhando pro nada, enquanto minha mente estava agitada, por mais que não houvesse um pensamento claro e objetivo. Eu fazia tudo, menos pensar com clareza a respeito dos meus próprios sentimentos, mas era claro que havia alguma coisa e isso já havia sido percebido.
– Como você ta? – Me perguntou Claudinha, dessa vez parecendo realmente interessada.
– To melhor, eu acho.
– Me desculpa pelas coisas da semana passada, fiquei o final de semana todo penando nisso e acho que exagerei.
– Tudo bem, eu acho que você tentou ajudar, mesmo que do seu jeito. – Sorri.
– A intenção era essa. – Sorriu.
– Pois é.
– Vamos almoçar juntas hoje?
Fiquei em dúvida, por um segundo, sobre o que responder, porque de imediato pensei em Débora, mas sabia que não podia me prender a ela, já que nem era do nosso costume almoçar juntas.
– Vamos sim, só não inventa de chamar o Henrique. – Brinquei.
– Não sei qual o problema com ele, tadinho. – Sorriu. – Ele é desse jeito safado, mas é gente boa.
– Eu sei, mas é justamente desse jeito safado que não to precisando agora.
– Ta bom, se ele falar alguma coisa a gente desconversa.
– Beleza.
Respirei fundo, coloquei um lado de um fone de ouvido na orelha, pus minhas músicas favoritas pra tocar e foquei no meu trabalho, como sempre fiz, e foi a melhor coisa porque, por algum tempo, foi o que me ajudou a abstrair toda a merda que me rodeava mentalmente falando.
– Você ta bem? – Me perguntou alguém parando em minha frente, pelo outro lado da parede da minha baia.
Quando ergui os olhos foi que vi que era a Débora. Meu coração pulou pelo susto, e por sorte eu estava sozinha, pois Claudinha havia saído pra tomar café, mas aquilo foi muito estranho, já que nunca havia me sentido constrangida com sua presença.
– To bem e você? – Perguntei enquanto retirava o fone do meu ouvido.
– Tudo bem. – Sorriu. – Acabei me atrasando um pouco.
– Ah é? Achei que seu horário era diferente do meu.
– Ué, por quê? Você foi me procurar? – Sorriu de forma diferente, pareceu intrigada e curiosa.
– Eu passei pela sua sala agora pouco e não te vi, tava indo no banheiro. – Menti, me aproveitando de que esse era realmente o caminho de lá.
– Entendi. – Sorriu. – Meu horário realmente é mais flexível, mas hoje eu devia ter chegado mais cedo, só não consegui.
– E por que não conseguiu?
– Não sei pra você, mas pra mim foi difícil dormir.
Aquela frase fez meu coração se acelerar mais uma vez, porque ela estava me dizendo que não fui só eu quem teve dificuldade, mas que aquele havia sido um problema pra ambas... eu só não sabia se os motivos eram os mesmo também. Claudinha voltou, então não pude me aprofundar naquele assunto, já que Débora desconversou, devido a presença dela, dizendo:
– Não deixa de terminar de preencher aquela planilha sobre os materiais novos porque mais tarde tenho uma reunião pra falar sobre eles. Ok?
– Já to quase terminando, é que era muita coisa e haviam muitos detalhes.
– Sem problemas, só tenta terminar até antes do almoço. Acha que consegue?
– Consigo sim.
– Beleza, então.
Débora me deu uma piscada de olho, um sorriso de canto, e se foi pelo corredor. Fiquei na minha, não olhei pra Claudinha, justamente pra não chamar sua atenção pra algo que ela não deveria saber... mas o que exatamente ela não podia saber? As coisas ainda eram muito confusas pra mim e, por isso, era melhor que continuassem assim, só pra mim.
Não houve mais nada significativo naquele dia, além de Caio, que puxou assunto pelo chat, mas não chegou a falar nada a respeito de beijos, bar e etc. Almocei com minha colega de baia, como já era planejado e me frustrei porque não houve nenhum convite vindo de Débora... mesmo depois dela ter falado sobre sua dificuldade pra dormir.
Fui pra casa, no final do dia, sem passar por sua sala... preferi usar o banheiro lá de fora. Cheguei em meu apartamento exausta, e nem era fisicamente, ou mentalmente, meu cansaço parecer ser mais emocional do que qualquer outra coisa, mas, uma coisa não saía da minha cabeça... o que ela quis dizer sobre ter dificuldade pra dormir? Será que seu motivo era o mesmo que o meu? Será que deveria perguntar? Bom, se deveria, não sei, só sei que não o fiz... dormi.
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LGBT - Ao Meu Lado
RomanceDepois de cinco anos de relacionamento, Andréa, uma mulher adulta e bissexual, se vê solteira, triste e confusa com seus próprios pensamento e sentimentos. Em meio ao seu caos, existe uma mão amiga pra lhe trazer o mínimo de paz, além de outras emoç...