Eu tinha longos dias até a volta de Débora e resolvi que ia usá-los muito bem, não em safadezas, mas pra chegar em alguma conclusão a respeito dos meus sentimentos, tanto por ela, quanto por tudo. O começo é sempre mais difícil, porque envolve a abstinência. Tem gente que não acredita, mas nós também nos viciamos em pessoas, não só em coisas, e era em cima disso, também, que faria a minha reflexão.
Fui trabalhar com um objetivo, queria conversar mais com Caio a respeito do nosso último assunto, porque quando o fizemos da primeira vez, eu ainda estava na defensiva, mas agora não, agora eu queria mergulhar naquelas informações pra conseguir entender o que se passava dentro de mim.
– Topa almoçar comigo hoje, só eu e você? Não é algo romântico, só pra constar. – Sorri no final.
Estávamos na copa, tomando um café, já que é isso o que adultos mais fazem. Caio me respondeu, perguntando:
– É sobre o quê, então?
– É sobre o que conversamos da última vez.
– Ta bom, pode ser.
Voltei pro meu trabalho e tentei me focar, embora me sentisse angustiada por saber que não iria vê-la. De vez em vez eu conferia as redes sociais, pra ver se havia algo novo, mas ela nunca foi muito de postar coisas, então isso sempre dificultou muito esse tipo de interação, mas mesmo assim eu ia lá dar uma olhada, até porque, nunca se sabe.
Fomos pro almoço, pegamos nossos pratos e nos sentamos, mas mal começamos a comer e Caio logo me perguntou, dizendo:
– O que você quer saber?
– Você me disse algumas coisas, só que por alto, até porque eu tava constrangida com o assunto e tentei fugir dele, confesso, mas agora eu queria falar melhor a respeito.
– Vocês estão realmente ficando? – Perguntou ele, parecendo um pouco triste.
– Não sei se estamos, acho que estávamos, mas aconteceu um problema antes dela viajar e não sei como vai ser quando ela voltar, mas queria entender algumas coisas antes disso acontecer.
– Tipo o quê?
– Você disse algo sobre já parecermos ter algo antes do término do meu namoro.
– A gente já convive há algum tempo e sempre te vi se comportar diferente quando o assunto era ela, até com ciúme eu já te vi, e nem to falando do dia do bar.
– Como foi isso?
– Teve um dia que a gente almoçou sozinhos, tipo hoje, e você tava muito incomodada porque a Débora tinha ficado com alguém em alguma festa fora daqui.
– Acho que me lembro disso, mas eu tava incomodada porque pra mim a mulher era feia demais pra ela.
– Pois é, mas é que você não se viu falando do assunto, eu vi, e você parecia estar tendo uma crise de ciúme, porque pelo o que você contou, você ficou tentando evitar que aquilo acontecesse, e pelo que eu entendi, era uma festa em que você estava sozinha.
– Acho que era aniversário dela e nós fomos em algum bar, não me lembro bem dessa parte, mas era algo assim. – Falei.
– Esse é um exemplo, você foi sozinha no aniversário dela em um bar, sendo que você namorava, e eu nunca vi você demonstrar esse tipo de ciúme pelo seu namorado, na verdade você mal falava dele.
– Nesse dia a gente tinha brigado porque ele não queria ir comigo, mas era aniversário dela e eu não podia deixar de ir por causa de birra dele.
– Sim, mas você não tava sozinha, porque tinha uma grupo de amigas de vocês, não tinha?
– Tinha sim. – Fiquei pensativa.
– Pois é, esse é um exemplo, mas eu ignorei porque nunca achei que você gostasse de mulher, o que me despertou pra isso foi o nosso dia do bar, porque te vi com a mesma energia dessa outra vez.
– Como assim?
– Você pareceu ficar chateada por ela estar com outra pessoa e não por ela te deixar sozinha, já que você não tava e no nosso dia do bar, você foi atrás dela quando zoaram sobre ela estar com outra pessoa, e quando voltou você quis logo ir embora e arrastou ela contigo, como se fossem um casal. – Justificou ele, com bastante clareza.
Eu não podia e nem queria dizer que ela tava ficando na minha casa naqueles dias, até porque ele tinha razão, o meu motivo de querer ir embora e arrastar ela comigo não era só por Débora estar dormindo na minha casa, eu realmente não queria ir embora e imaginá-la por lá beijando outras pessoas... tanto que foi nessa noite que tudo realmente aconteceu entre nós.
– Tem mais exemplos? – Perguntei.
Nossa conversa continuou por todo o horário de almoço e, como eu estava com uma clareza melhor de pensamento, tudo que ele me falou foi de grande ajuda na minha reflexão. Eu já sentia alguma coisa por ela antes mesmo de terminar o meu namoro, e não digo isso porque tenha algum problema sobre o meu ex, até porque acho que isso fala mais sobre mim, do que sobre qualquer um dos dois.
Quando comecei a namorar, me lembro que estava muito desejosa por aquilo, talvez bastante ansiosa, porque nunca tinha tido uma relação real e madura, nem com homem e nem com mulher, então acho que esse meu desejo foi o motivacional e não um sentimento real e sincero, por isso confundi tudo com magia e amor... será?
Voltamos do almoço e não nos falamos mais. Olhei meu celular pela trigésima vez e não havia uma única mensagem dela. Respirei fundo e tentei me focar em meu trabalho, embora fosse difícil não pensar. Queria tanto saber como estava a viagem, mas preferi me segurar, preferi lhe dar espaço... será que era espaço o que ela queria naquele momento?
Fui pra casa, nem quis ir pra academia, tomei meu banho e me deitei no sofá. Sabe quando você não tem ânimo nem pra fazer algo pra você comer? Era assim que eu estava, emocionalmente cansada. Que semanas loucas eu andava vivendo... quantas descobertas andava fazendo... que loucura.
– "Você ta bem? Queria que estivesse aqui comigo" – Me enviou ela.
Eu sorri.
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LGBT - Ao Meu Lado
RomanceDepois de cinco anos de relacionamento, Andréa, uma mulher adulta e bissexual, se vê solteira, triste e confusa com seus próprios pensamento e sentimentos. Em meio ao seu caos, existe uma mão amiga pra lhe trazer o mínimo de paz, além de outras emoç...