23- Eu Já Desconfiava

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No fim do dia, encontrei Débora no estacionamento. Ali, já longe de todos, nós nos abraçamos e nos beijamos, com carinho, em forma de cumprimento, já que passamos o dia inteiro fingindo que não tinha nada acontecendo entre nós. Entramos em seu carro e partimos, rumo à minha casa.

Quando chegamos, ela não demonstrou que iria subir, então eu a olhei, sorrindo, fiz um olhar safado, e perguntei:

– Não vai lá pra casa hoje?

– Desse jeito como é que você vai sentir minha falta? – Brincou.

– Mas eu não to querendo sentir sua falta, – Sorri. – to querendo sentir outra coisa.

– Assim fica difícil ir pra casa. – Me beijou.

– Vem pra minha, então.

– Hoje não, hoje vou te deixar em casa e vou pra minha, porque acho importante a gente ir devagar, até porque você acabou de terminar.

– Mas eu não to querendo ir devagar. – Lhe dei um beijo um pouco mais provocativo. – Sobe comigo, ainda ta cedo, não precisa dormir, se não quiser.

– O problema é que eu quero.

– Então não é um problema, já que as duas querem. Vem? – Sorri, estreitando os olhos e acho que mordisquei a minha boca no final.

Débora subiu comigo e nós nos envolvemos em paixão, mesmo que nossos corpos estivessem exaustos pelo final de semana. Por falar nisso, pensei sim a respeito do Flávio, pensei em sentar e contar sobre o que havia acontecido, mas eu não sei o porquê, eu simplesmente não encontrei uma maneira de o fazer.

Essas coisas são simples, na teoria, mas complicadas, na prática. Eu estava solteira, nós ainda nem tínhamos uma relação, então realmente não teria que ser um problema aquilo que aconteceu, mas aí me lembro do beijo que eu a vi dar em outra mulher e do que senti por conta daquilo, e isso me deixava com um sentimento de medo.

Resolvi que, ao menos por enquanto, eu não tocaria no assunto, pelo menos até ter certeza se o que tínhamos era de verdade, ou se era apenas carência de ambas as partes. Alguns podem considerar isso uma mentira, mas mentira é quando alguém te pergunta e você nega algo que de fato aconteceu, e não era esse o caso, já que também não perguntei o que ela fez na noite que dormiu fora da Cidade.

Porque realmente tinha isso também, Débora havia viajado e é impossível que não houvesse uma única pessoa interessante naquele lugar, então o que houve comigo, poderia muito bem também ter acontecido com ela, por isso me questionava se valia à pena entrar nesse assunto e arriscar criar um desconforto.

Por isso ocultei, guardei pra mim o que havia acontecido, e escolhi viver o que estava sentindo, que estava sendo o sentimento mais forte que sentia em anos, o que também me fazia pensar a respeito do meu ex, pois nosso relacionamento começou sem essa empolgação toda, e isso me fazia me questionar se o que estava acontecendo era real, ou apenas uma ilusão, ou uma paixão momentânea.

O difícil era conseguir distinguir esses sentimentos no momento em que estava e, confesso, que era chato sempre ouvir a respeito do meu relacionamento que se findou, mas eu entendia a ideia, então respirava fundo e seguia. Era engraçado, porque no começo aquele realmente era o meu motivo e era louvável, mas agora aquela mesma razão parecia estar sendo um empecilho, já que agora havia desejo.

E como havia desejo, pois nós ficamos mais algumas horas nos dedicando a isso naquela noite e fomos dormir quase de madrugada, porque sim, Débora dormiu novamente na minha casa e teve que ir trabalhar, no dia seguinte, com uma das roupas que levou pra viagem, já que não estava preparada pra isso.

No trabalho, novamente tentamos manter a descrição, por isso, dessa vez não almoçamos juntas, mas aceitei almoçar com o Caio, que novamente me chamou, até porque sempre fomos amigos, mesmo que, aparentemente, ele sempre tenha tido outras intenções guardadas dentro dele a meu respeito.

– E como você ta? – Me perguntou enquanto comíamos.

– To bem, to ficando melhor.

– Que bom e que bom também que você aceitou almoçar comigo hoje.

– Ah, mas isso é algo normal, a gente sempre almoçou junto.

– Sim, mas parece que, depois que nos beijamos, você anda me evitando.

– Não pensa assim não, ta tudo bem.

– E quando a gente vai sair de novo? – Me perguntou sorrindo, de forma insinuada.

Acho que mais do que não querer, eu estava evitando almoçar com ele pra poder fugir desse tipo de pergunta. Uma coisa é certa, não existe gente fácil ou difícil, existe gente com interesse ou sem, porque quando o desejo bate, a gente demonstra de alguma forma, agora, quando a pessoa começa a sumir, ou te evitar, é porque o recado já ta dado.

– A gente pode marcar, aí a gente chama as meninas também, igual aquela noite do bar. – Respondi.

– Ah, mas eu queria fazer alguma coisa só eu e você.

Eu sabia que ia precisar ser mais clara e isso era algo desconfortável, porque não gosto de chatear as pessoas, mas a insistência estava me obrigando a ser mais sincera do que já estava sendo, e disse:

– Olha, eu gosto muito de você, mas é como amigo.

– Não tenho nenhuma chance?

– No momento eu acho que não. Você é um cara legal, mas acho que não rola.

– É por causa da Débora, não é? Vocês tão ficando?

Achei que ia ter um infarto naquele momento e provavelmente não consegui disfarçar, porque foi muito do nada e não sabia o que responder, só sei que disse:

– Por que você acha isso?

– Mesmo antes de você terminar o seu namoro, eu já desconfiava que havia alguma coisa entre vocês.

– Oi?


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