21- Pronta

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Confesso que foi difícil me concentrar no filme, mas conseguimos, em meio a certas carícias, mas foi e foi muito bom, e muito divertido. Dali fomos direto pra minha casa, ambas com expressão de anseio, olhares estreitos e sorrisos maliciosos. Chegamos e subimos, sem nos tocar. Abri a porta e entrei sem olhar pra trás, enquanto sorria pela expectativa do que estava por acontecer.

Débora fechou a porta. Eu parei de costas pra ela, ali pela sala, e esperei. Ela me agarrou por trás, do jeito que queria que o fizesse, beijando meu pescoço, grudando seu corpo ao meu, e deslizando sua mão por meu corpo... por debaixo da roupa. Começamos a nos envolver em paixão e como eu havia sentido falta daquilo... dela.

Sentir seus lábios, suas mãos... sua língua, em meu corpo, era uma sensação mágica que me fazia enlouquecer. Eu sorria, feliz, em estase, por vários momentos. Nós fomos da sala pro meu quarto e lá ficamos até avançarmos a madrugada, até não aguentarmos mais pela exaustão.

Tomamos banho, juntas, zoando uma a outra, sem falarmos de nada complexo, porque aquele não era o momento para conversas profundas. Voltamos pra cama e nos deitamos, nuas e abraçadas, e foi ali, daquele jeito, que, em meu ouvido, Débora disse:

– Senti falta disso.

Eu sorri, comigo mesma, e sentindo meu peito arder, respondi, dizendo:

– Eu também... muita.

– Boa noite, meu anjo.

– Boa noite.

Dormimos, muito mais plenas do que da primeira vez, e foi uma delícia misturada com paz, dormir daquele jeito. Era incrível o que sentia quando estava com ela, mas me refiro não a nossa amizade, mais sim a momentos como aquele, onde nossa relação não era apenas o tradicional, ou o esperado, até mesmo por nós.

Quando acordei, ainda na manhã seguinte, ela não estava comigo na cama. Me levantei e, ao abrir a porta, já pude sentir o cheiro de café espalhado pelo ar. Passei no banheiro, fiz minha necessidade, lavei meu rosto e fui pra cozinha. Débora estava torrando uns pães e a mesa da cozinha já estava arrumada.

– Desse jeito fico mal acostumada. – Brinquei.

Ela ainda não tinha me notado, mas ao me ouvir se virou, sorrindo, veio em minha direção, me beijou enquanto envolvia minha cintura com seus braços, e disse:

– Nada menos do que o que você merece.

Segurei seu rosto em minhas mãos e novamente nos beijamos, depois a olhei, sorri, e perguntei:

– Vai querer conversar hoje, de novo?

– Você quer? – Me perguntou sorrindo.

– Eu acho que não precisa, e eu acho também que não tem o porquê.

– Estamos bem, então?

Envolvi seu pescoço em meus braços, respirei fundo, e disse:

– Estamos melhor do que nunca, na minha opinião.

– Tem certeza?

– Absoluta. – Lhe beijei. – Agora vamos comer, to morrendo de fome. – Sorri.

Nos sentamos, já com o café em nossas xícaras, e começamos a comer, em silêncio, mas nos olhando com um olhar malicioso, assim como o sorriso. Não sei se consigo transmitir que estava sentindo, mas fato era que não havia nada que se comparasse aquilo e eu estava amando.

– Você precisa ir embora hoje? – Perguntei.

– Hoje é domingo, né? Já tinha esquecido.

– Sim, hoje é o fatídico domingo.

– Eu tenho roupa pra trabalhar dentro da mochila, se você quiser, eu posso ficar aqui hoje de novo.

– É lógico que eu quero. – Respondi, feliz.

Continuamos nosso café naquele clima gostoso e eu já nem me lembrava de mais ninguém, nem do meu ex, quanto mais de qualquer outra pessoa, porque estava ali, com ela, daquele jeito, era simplesmente tudo o que mais queria nos últimos dias, e que finalmente aconteceu, mas ainda era cedo pra qualquer definição e nós sabíamos disso... embora eu não achasse que seria contrária.

Passamos a tarde como todo domingo merece ser apreciado, ficamos jogadas no sofá, juntas, assistindo séries em plataformas de stream. Em alguns momentos nós nos beijávamos e pausávamos o que estávamos vendo, pra nos envolver, mais um pouco, em nossa paixão.

Posso dizer que o domingo foi perfeito, de todas as maneiras possíveis e, por mais doido que o final de semana tenha sido, creio que, ao menos pra mim, ele foi extremamente importante por várias razões, que ainda estavam confusas, mas que começavam a se clarear, mesmo que aos poucos.

Confesso que, de vez enquando, lutava contra meus pensamentos, pois alguns me diziam que eu tinha que contar sobre Flávio, enquanto outros me questionavam se eu não estava agindo motivada apenas por minha carência, e que isso poderia magoa alguma de nós duas, mas, como disse, aquele não era dia pra esse tipo de coisa, então, todas às vezes, eu escolhia não pensar... eu escolhia ser feliz... e estava sendo.

Fomos dormir no mesmo clima, mas fiz questão de que o fizéssemos sem roupa, porque queria sentir sua pele na minha, e assim adormecemos, preparadas pra mais uma semana de trabalho, onde iríamos fingir que nada estava acontecendo entre nós, enquanto eu ia driblar todas as investidas possíveis e imaginárias dos meus queridos amigos.

Era engraçado e pode ser realmente sobre isso que as pessoas se referem a respeito de nós, mulheres que amam mulheres... englobando todas, no caso. Nós não tínhamos um relacionamento firmado além da amizade, mas eu perdi, completamente, o interesse em ficar com outras pessoas... seria possível? Só sei que foi assim que dormi, com esse sentimento em meu peito.

Acordamos, no dia seguinte, tomamos banho juntas entre limpeza e carícias, tomamos nosso café e, prestes a sair de casa, Débora me abraçou, já diante da porta, me beijou, e perguntou:

– Pronta?

– Só vamos. – Sorri.


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