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ELA

Katherine não estava na escola na segunda seguinte aos acontecimentos que me deixaram em choque por todo o fim de semana. Não houve mais shows, pois Alec nunca se apresentaria com o rosto machucado pela metade, nem vi Dale na Toca outra vez. Abuela suspeitou de meu comportamento tenso e ansioso, o que eu neguei ser pela aproximação dos ensaios solo.

No horário do almoço, Louise estava normal, o que deu a entender que ninguém de sua casa havia se dado conta do que estava acontecendo. Também não havia visto Dale pela escola, e dada a minha, infeliz, preocupação, precisava ir atrás de respostas. Mesmo que eu odiasse dar chances a ele, mesmo quando ele fazia e usava coisas ruins, não queria que ele sofresse.

-Posso falar com você? - Monique estava na fonte, como sempre, ao lado de sua amiga Sam. Ela não parece surpresa por me ver, e troca olhares com a amiga de cabelo liso e escuro, que sai em silêncio, me permitindo sentar ao lado da loira de postura impecável.

-Ele está bem. - Ela diz em tom brando antes que eu fale qualquer coisa, o que para meu desgosto, também não me surpreende. - Ele me procurou no sábado de manhã, estava muito abatido e doente. Eu aproveitei que meus pais estavam fora de casa e o levei para dentro. Cuidei dele.

Fico calada, colocando uma parte de meu cabelo atrás da orelha.

-Ele ainda está lá?

Ela dá de ombros.

-Eu o escondi ao máximo durante o fim de semana no meu closet, mas quando acordei essa manhã ele já havia saído. Deixou um bilhete.

Ela tira o papel do bolso de seu blazer e me entrega. "Vou ficar bem, preciso resolver outras coisas agora. Você sempre salvando minha pele, obrigada. Beijos, Dale". Suspiro.

-O que houve? - Ela questiona, há preocupação nas rugas de sua testa. - Eu evito fazer perguntas para ele, mas Dale nunca fez isso. Nunca foi até mim parecendo tão... abatido.

-Eu não sei se posso contar.

Monique não gosta de minha resposta e engole em seco.

-Então eu não posso ajudar mais. - Ela diz, encarando as pessoas que conversam ao nosso redor, nos olhando estranho. - Eu sinto muito que você esteja nessa posição.

Quando encaro seu rosto impecável de perfil, consigo decifrar os sinais de amargura e desgosto na expressão dela. Há algo muito singular na maneira como ela range os dentes fazendo sua mandíbula flexionar.

-Use meus conselhos, não vá até ele.

Ela levanta e não me encara mais enquanto se distancia, pondo um sorriso ensaiado no rosto ao voltar para sua amiga. A certeza de que Monique não me olhou outra vez pois sabia que não seguiria seu conselho corrói o sanduíche que comi no almoço.

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Onde Reside o Desejo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora