Onde Reside o Desejo (Concluído)

.41.

ELA

-Olga! - Dale chama a amiga, que estava quase adentrando a risonha sala de jantar. A menina de olhos azuis sorri, mas faz uma cara estranha quando me vê.

-O que está acontecendo, Dale? - Ele me empurra para trá de si, me abraçando com as costas.

-Olga, diga para eles que Maria não está se sentindo bem e que eu a levarei para casa. Faça parecer convincente, por favor?

Consigo ver de relance ela cruzando os braços e respirando fundo.

-Dale...

-Olga, por favor. É importante para mim, ok? Confia em mim?

A amiga parece analisar por uns segundos, quando finalmente bufa e assente, fazendo Dale rir baixo.

-Eu te amo. - Ele diz. - Só espere com Maria aqui que eu pegarei as coisas dela lá em cima, ok?

Antes que eu possa dizer algo, estou sozinha num corredor adornado em luxo com Olga me encarando. O silêncio entre nós é assustador, e tento a todo custo não encará-la. Sinto que finalmente volto a respirar quando Dale retorna com um casaco jeans, minha bolsa e outra que eu suponho ser dele. Sorrindo, ele dá uma piscadela para Olga antes de me empurrar gentilmente pelo ombro. Quando estamos quase saindo, ela nos alcança e pede para falar com Dale. Eles sussurram a alguns passos de distância, o que ainda me deixa escutar.

-Pra onde você realmente vai?

Ele suspira.

-Vou sair com ela, ela não quer participar desse circo...

-Dale, ela acabou de fazer dezessete anos, pare de tratá-la como uma criança. Se ela não quiser ir, poderia dizer, ou encarar a realidade.

-Chega, Olga. Iremos, e ponto. Se você não quiser me ajudar, damos um jeito quando voltar.

-Dale. - Ela faz uma pausa. - Não faça nada de errado com ela, ok?

Ele não responde e vem até onde eu estou, sorrindo enquanto estende a mão para mim. Sigo Dale até o subsolo, onde há vários carros. Paro de andar subitamente, o medo do que estou prestes a fazer me tomando conta.

-Dale, para onde vamos?

Sem soltar minha mão, ele sorri e se aproxima.

-Você vai gostar.

Ele pega uma das chaves em um chaveiro e segue em direção a um carro.

-Eu... - Busco desculpas esfarrapadas para desistir. - Não posso ir, estou arrumada demais.

Ele toca o teto do carro incrédulo e joga nossas bolsas no banco de trás, vindo até mim. Dale coloca a mão dentro do meu coque e mexe seus dedos habilidosos lá dentro, retirando os grampos e penteando os fios caídos com os dedos. Guarda os grampos no bolso e retira meus brincos, guardando-os no mesmo local. Ele tira sua jaqueta jeans e coloca sobre meus ombro. Por fim, enrola a barra de sua camiseta no polegar e sobe até meus lábios, esfregando minha pele até tirar o batom. Fiquei ocupada encarando a pele de sua barriga à mostra.

-Pronto. - Ele me encara da cabeça aos pés. - Está mais desarrumada. Não posso fazer muito sobre o vestido, caso queira tirar...