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ELA

Minha irmã é muito bonita. O azul do vestido contrastava muito com o branco de sua pele. Ela gira algumas vezes na sala, fazendo minha avó sorrir. Está radiante vendo a neta tão apresentável. Teresa segue para o banheiro, indo retocar seu batom, quando vejo pela janela que o carro de Arthur estacionou em frente à nossa casa. De fininho, saio para fora, me aconchegando no casaco de lã roxa que estou usando. Ele desce do carro e me entrega um sorriso estranho. Seu rosto perfeito inclina para mim enquanto ele se aproxima.

-Sua irmã está pronta? - A voz dele parece diferente, talvez por todo tempo que fiquei sem escutar. Percebo o terno que ele usar usando, bem passado e perfeito em seu corpo atlético.

-Quase. - Chuto a neve já firme na calçada. - É gentil da sua parte querer acompanhar Teresa, ela parece muito feliz. Você é um bom amigo, Arthur.

Outro sorriso estranho.

-Ela é uma boa amiga, Maria.

A porta atrás de mim se abre e Teresa sai, o salto batendo no batente de madeira que tem na entrada. Ela passa reto por mim, seguindo até a porta do carona que se abre para ela. Encaro os dois me dando um tchau singelo e o carro partindo em seguida.

Uma sensação estranha bate em meu peito, e tento dizer para mim mesma que são apenas as coisas não ditas que há entre mim e Dale, as coisas que penso todas as noites. Entro em casa e inicio meu alongamento para meu ensaio noturno. Abuela está calada hoje, e permanece por todo o ensaio, o que me deixa aliviada. Já estou tensa demais esses últimos dias. Me permito ter um banho demorado ao fim dos exercícios e quando chego no quarto, agradeço a Maria do passado por ter deixado ele tão organizado e aconchegante. Perfeito para uma grande noite de sono. Tenho que admitir que ficar sem Becky tem sido aliviante nesse quesito, dormir mais.

Um barulho na minha janela me chama a atenção, e sem convite, um sorriso cobre meu rosto inteiro. Quando Dale entra em meu quarto, ele já está sorrindo, seu sorriso de que irá me beijar. Ignoro seus olhos vermelhos quando choco meu corpo contra o dele. Ele me recebe de braços abertos, até se fechar ao meu redor e me puxar contra si, cheirando meu pescoço e voltando a me beijar.

Suspiro em seus lábios, o que o faz sorrir. Minutos depois, quando ele se afasta e me devolve ao chão, estamos ambos ofegantes.

-Quer continuar? Posso passar a noite inteira assim. - Ele sussurra em meus cabelos molhados do banho.

Dou uma risada, o que o faz tampar minha boca com sua mão esquerda.

-Shhh... Não acabe com a festa agora.

Ele deposita beijos em minha testa e me puxa para a cama, deitando de lado. Nossos corpos quase se encostam, o que me deixa tensa.

-Posso te beijar outra vez? - Sussurro tão baixo que me surpreende ele ter ouvido.

Ele responde com um beijo intenso, puxando meus lábios com os dentes. Me permito aproximar minhas pernas da dele, enquanto ele puxa minha cintura e me beija. As mãos dele percorrem minha costas e braços, descendo até o início do meu quadril.

-Desculpa por estar sendo tão frio com você nos últimos dias... - Ele fala, quando separo nossas bocas para respirar. - Eu não quero tratar você mal. Mas as vezes me sinto obrigado a te afastar um pouco, para que não se afunde demais em mim, em nós.

Beijo seu queixo, o que o faz sorrir, triste.

-Você estava sensível, sobre Katherine e tudo mais. - Minhas unhas curtas passam gentilmente em seu ferimento no olho. - Isso foi sobre ela? Com... Alec outra vez?

Onde Reside o Desejo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora