1- Sem Vergonha

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EAE DOIDO!!!!!!

eu sei que eu disse que não voltaria para essa vida, mas eu menti, me desculpa por ser uma sem vergonha mentirosa foi a Camila que me ensinou!!!!

aqui teremos comédia, dramas leves (de ruim da cabeça já basta eu) e muita boiolagem, sejam bem vindos os que estiverem dispostos

Boa leitura e beijinhos da Imbigo!!!

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Meu nome é Lauren Souza.

Eu sempre fui muito envergonhada, talvez seja algo real desde que estava na barriga, minha mãe diz que nunca conseguiu descobrir meu sexo já que aparentemente eu sempre dava um jeito de me esconder. As ecografias não eram tão modernas quanto atualmente, ela só soube que tinha uma menina quando finalmente me viu após o parto e provavelmente se eu tivesse dentes naquela época teria mordido a médica antes que ela conseguisse ver o que afinal tinha entre minhas pernas.

Não se preocupem, ela conseguiu ver que se tratava de uma menininha sem maiores acidentes além de uma garganta potente gritando em seu ouvido.

A infância não foi tão diferente, eu sempre estava querendo dar um jeito de passar despercebida, de chamar menos atenção possível para mim, a maturidade me ensinou que talvez isso tenha chamado mais atenção ainda, por isso ter gente pegando em meu pé naquela época não era algo incomum.

Minha vida adulta me deu mais segurança em alguns aspectos, a vergonha continuou, mas não é mais algo que me deixa tão absolutamente vulnerável. Muitas pessoas confundem meu jeito fechado e discreto com algum mau humor e antipatia e eu deixo que seja assim, ser encarada como irritadiça pelo menos garante certo respeito.

Mas se pudesse eu talvez optasse por deixar um pouco da vergonha de lado, não é como se eu realmente me importasse tanto assim com o que dizem de mim, eu até acho normal que falem pelas minhas costas, o problema é no ao vivo, frente a frente eu sempre estou muito travada para ser eu mesma e isso me frustra em vários aspectos.

Sempre vi a vergonha como um defeito meu, até que descobri que a falta de vergonha pode ser tanto defeito como qualidade. Descobri que há o sem vergonha e sem caráter, o dissimulado, que fere sem medo, com cinismo exacerbado. E há também o sem vergonha no sentido bom, sem medo de ser o que é, sem travas que o limitem no modo de levar a vida.

Eu conheci os dois tipos de pessoa, mas de verdade só queria ter conhecido o segundo.

Assim que abro o aplicativo que dá acesso a câmera escondida em meu apartamento e dou de cara com um outro corpo feminino andando pela minha sala, eu sei que chegou o momento.

Por alguns segundos me surpreendo com o aperto em meu peito e as lágrimas se acumulando nos olhos, há tempos que eu desconfiava daquilo, há tempos que eu já não sentia qualquer sentimento romântico em relação a mulher com o qual estou casada há cinco anos. Mesmo assim, algo em mim morre com aquela visão.

Colocar câmeras escondidas em nossa casa talvez tenha sido uma atitude desonesta minha, mas ela está lá com outra em seus braços, ela sorri para ela e a beija em nossa sala. Ela não merece minha honestidade, nem minhas lágrimas.

Limpo do rosto as gotas salgadas e vou voando até nossa casa. Morar na Barra da Tijuca e trabalhar no Leblon me dá a vantagem de conseguir ir do trabalho para casa em pouco tempo. Chego a arrepiar ao pensar que aquilo finalmente está acabando. Eu finalmente estaria livre, não haveria mais discussões, manipulação, preocupação e angústia. Agora seria apenas eu e eu, mesmo que eu nem saiba mais quem eu sou. Precisaria me reencontrar.

Souza Anatomy: Clínica Cachorrinhos Caramelo Onde histórias criam vida. Descubra agora