Souza Anatomy: Clínica Cachorrinhos Caramelo

38 - Glock

Heey

Entrem aí no meu perfil e leiam Super Camila, obrigada

Como está sendo o apocalipse climático para vocês? Eu tenho acompanhado furacões, incêndios, só coisas leves e tranquilas

Boa leitura, beijinhos da Imbigo!!!!

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- Você quer conversar sobre o que aconteceu aquele dia? – Nicole pergunta com um sorriso gentil, deixando claro que se eu ainda não estiver pronta não preciso realmente tocar no assunto, desde a primeira sessão após o que aconteceu que ela tem sido especialmente cuidadosa comigo, explicando que eu apenas preciso me abrir sobre o que eu me sentir a vontade para compartilhar.

Eu passo a mão pela cicatriz e arrepio um pouco me lembrando da exata sensação de quando percebi que a Clínica estava sendo atacada. O desespero, medo de perder alguém querido.

- Camila descarregou a arma deles e pediu que eu sentasse na Glock dela.

Nicole sobe os olhos para mim uma expressão séria em seu rosto e eu sorrio sem graça. Não acho que era isso que ela queria saber.

- Do começo, Lauren, sem piadinhas para disfarçar o que está sentindo.

Não é piadinha, Camila realmente fez isso enquanto eu surtava de preocupação, mas enfim, suponho que posso começar do começo.

Assim que minha namorada disse que aquilo eram realmente barulhos de tiros eu entrei em estado de pânico, os barulhos se propagavam pelos corredores da Clínica enquanto eu, Camila e Maitê nos encolhíamos de olhos arregalados sem saber ao certo o que fazer em uma situação como aquela.

- Chame a polícia. – Camila apontou para meu celular, antes de começar a me puxar para que ficássemos escondidas. Minhas mãos tremiam como se eu estivesse doente e eu mal conseguia enxergar os números da pequena tela em minhas mãos sentindo as vistas embaçarem de nervosismo.

Todos os anos de trabalho na Cachorrinhos Caramelo fizeram que esta clínica e seus funcionários se tornassem uma parte de mim, são como uma família, eu conheço cada rosto que habita semanalmente esses corredores e imaginar que esses barulhos significam que alguma dessas pessoas pode estar machucada faz meu sistema nervoso explodir em surtos difíceis de controlar.

Puxo minha respiração com mais dificuldade a cada vez que me esforço para colocar o ar para dentro, é como se o oxigênio simplesmente não chegasse aos meus pulmões, como se eu estivesse me afogando sem ao menos afundar em qualquer água. Por alguns segundos realmente sinto que vou morrer até dedos quentes pressionarem em minhas bochechas levantando um pouco do meu rosto o direcionando para os castanhos amorosos que me encaram com todo amor do mundo.

Tudo ao meu redor fica silencioso, do lado de dentro e do lado de fora.

- Não entre em desespero, minha vida, nós nem ao menos sabemos o que está acontecendo, tudo vai ficar bem. – O ar volta a oxigenar meu sangue e a queimação em meu interior começa a diminuir aos poucos mesmo que eu ainda esteja morrendo de medo.

Não sei se eu acredito que tudo vai mesmo ficar bem, mas ver Camila me arrasta de volta para a racionalidade, não posso me desesperar, isso não é apenas sobre mim, ela está aqui, ela precisa que meu cérebro esteja funcionando a 100% para que possamos passar por isso.

- Deus, se eu sobreviver também quero uma Camila, eu não mereço, mas quero do mesmo jeito. – Maitê murmura ao meu lado fazendo tanto eu quanto Camila revirarmos os olhos. Até em momentos como esse a mulher decide ser dodói da cabeça, só eu posso ter uma Camila.