15 - Maria do Bairro

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HEEEY

Minha vida está um caos, a das minhas amigas uma porcaria, a da minha namorada pior ainda, então o que me resta é escrever fanfic, espero que seja uma alegria na vida das outras lascadinhas da vida real espalhadas por aí!

Boa leitura, beijinhos da Imbigo!

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- O que te fez procurar terapia, Lauren? – A psicóloga a minha frente pergunta, Nicole Bahls foi uma indicação de uma amiga de Normani e seu currículo me pareceu bom o suficiente para mim. Não que eu conheça muito do que um psicólogo precisa saber, mas tinha muitos cursos, trabalhos e essas coisas, muitas palavras, achei robusto.

- Uma amiga disse que eu era muito paranóica e eu fiquei paranóica. – Respondo com sinceridade e a vejo anotar alguma coisa. Fico curiosa, será que ela anotou algo sobre eu ser dodói da cabeça? Acho que é um pouco clichê isso de se sentir curiosa a respeito do que o psicólogo está anotando durante a sessão, depois de assistir vários filmes eu achei que eu não cairia nesse erro, mas é completamente inevitável, há algo na forma como ela me olha, na forma como em minha cabeça eu não disse nada demais e mesmo assim ela encontrou algo digno de uma observação escrita. A curiosidade funciona quase como uma sensação física me impelindo a mover na direção do caderninho de capa marrom.

- Por que isso te incomodou, acha que é verdade?

- Eu perguntei a algumas amigas e elas concordaram, não especificamente com o paranóica, mas me acham muito ansiosa e insegura e comentaram que isso acaba me fazendo ser paranóica de vez em quando.

Ela anota mais uma coisa. Preciso ver esse caderno.

- Por que perguntou a outras pessoas, não conseguiu chegar a uma conclusão sozinha? – Nicole Bahls sabe fazer o trabalho dela, suas questões realmente me deixam inquieta quando penso sobre elas, me faz encolher enquanto deslizo os dedos pelo tecido cheio de pelinhos que cobre o sofá do seu consultório.

É um lugar pequeno, mas muito bem arrumado. Há o sofá verde em que eu estou sentada e logo a frente dele a poltrona de Nicole Bahls. Atrás dela uma estante repleta de livros chama a minha atenção, tenho a impressão que o único livro colocado com o lado errado para frente é alguma espécie de teste, mas eu não vou cair, eu o percebo lá, mas não me incomoda a ponto de eu querer mudar sua posição.

- Hum, não sei, acho que as outras pessoas sempre têm uma visão mais assertiva sobre esse tipo de comportamento no outro, para mim todas as minhas preocupações são normais, mas talvez quem está ao meu redor consiga ver com mais clareza que estou sendo neurótica.

Nicole Bahls assente e anota mais alguma coisa.

Eu vou roubar esse caderno!

- A primeira pessoa a comentar é alguém importante para você? É por isso que te inquietou tanto?

Penso seriamente sobre sua pergunta, o rosto de Camila aparece com perfeição em minhas lembranças e isso me faz morder o interior da bochecha com força moderada.

- Para ser sincera, acho que qualquer pessoa comentando algo do tipo me faria ficar com uma pulga atrás da orelha, qualquer comentário minimamente parecido com uma crítica me deixa agitada e não importa muito de quem tenha vindo, preciso admitir que sou sensível demais a essas coisas.

- Mas a pessoa é importante para você? – Ela insiste em questionar e eu tenho a impressão que ela percebeu com clareza a forma evasiva como eu me escondi dessa parte da pergunta, é difícil tentar fugir de alguém que estudou para perceber seus truques. Eu me remexo no sofá e deixo minhas sobrancelhas franzirem na testa. Assim que a imagem de Camila apareceu em minha cabeça eu apaguei completamente esse aspecto do questionamento, é estranho me dar conta que isso é algo que eu fiz quase que de maneira automática como se meu cérebro se recusasse a pensar sobre isso, a mulher a minha frente nem mesmo precisa me dizer isso de forma verbal, apenas repetir a pergunta é o suficiente para que eu me torne terrivelmente consciente.

Souza Anatomy: Clínica Cachorrinhos Caramelo Onde histórias criam vida. Descubra agora