Dinastia

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Sebastian (⁠ ⁠T⁠_⁠T⁠)⁠＼⁠(⁠^⁠-⁠^⁠ ⁠)

A luz invade meu quarto, marcando o início de um novo dia. Ao despertar, ajusto-me à claridade gradualmente. Um bocejo escapa, indicando a transição do sono para a vigília. Ao me esticar, percebo a rigidez passageira dos músculos, e um sorriso suave se forma, antecipando um dia repleto de possibilidades.

No entanto, algo está diferente. Um vazio silencioso ao meu lado ecoa a ausência da presença calorosa de minha esposa. Os lençóis parecem mais frios, e instintivamente alcanço o espaço ao lado, buscando aquele conforto familiar. Uma nostalgia suave paira no ar, recordando os abraços matinais e as palavras afetuosas que costumavam preencher nossos dias.

Essa melancolia é acentuada pela lembrança da briga no dia anterior. A discussão paira sobre a manhã, criando uma nuvem sombria em meus pensamentos. Enquanto a saudade dela se mistura com as palavras ditas em um momento de calor emocional, reflito sobre as emoções ainda presentes. O silêncio da casa amplifica a ecoante discussão, e pondero sobre como resolver as tensões que persistem, desejando poder voltar no tempo e alterar o curso da noite anterior.

Decido levantar, deixando para trás os lençóis vazios. Caminho em direção ao banheiro, a água do chuveiro já prometendo alívio para as tensões matinais. Enquanto a água quente escorre, permito-me ficar imerso na tranquilidade momentânea, afastando as sombras da briga e da saudade. As rotinas de higiene tornam-se um refúgio, um ritual familiar que, mesmo sozinho, traz um certo conforto à manhã.

Após sair do banheiro, escolho uma camisa social branca que pendia no cabide, combinando-a com uma calça e um sobretudo. O ato de vestir-se parece uma tentativa de encobrir não apenas o corpo, mas também as nuances emocionais da manhã. Enquanto ajusto os botões do sobretudo, olho para o reflexo no espelho, ponderando sobre o dia que se desenha à frente.

Com o visual agora alinhado, dirijo-me à garagem. Ao chegar lá, o ronco da moto ecoa no ambiente, prometendo uma fuga momentânea das complexidades da vida cotidiana. Monto na moto, sentindo a vibração familiar sob mim. Com o capacete em mãos, respiro fundo antes de colocá-lo, preparando-me para cortar o vento e deixar para trás as sombras da manhã tumultuada.

Os gritos dela ressoam em minha mente enquanto avanço pela estrada. Suas palavras, impregnadas de frustração e dor, ecoam como um mantra persistente. "Nunca me senti realmente amada", suas palavras cortam mais profundamente do que o vento contra meu rosto. O motor da moto parece abafar a intensidade do momento, mas as emoções cravam-se profundamente. O peso da acusação, de priorizar o trabalho em detrimento do relacionamento, acompanha-me como uma sombra constante na jornada matutina. A paisagem ao redor torna-se um borrão, mas a clareza das palavras dela permanece nítida, adicionando uma complexidade a mais aos pensamentos tumultuados durante o trajeto.

Absorto nos pensamentos, percebo tarde demais que perdi o controle da moto. A realidade retorna abruptamente com a sensação de desequilíbrio e a visão turva do asfalto se aproximando rapidamente. Instintivamente, tento recuperar o controle, mas é tarde demais. O impacto é inevitável, e tudo se torna uma mistura de barulho metálico e a sensação de queda livre. O pensamento da briga desvanece, substituído pela urgência do momento presente enquanto luto para recuperar o controle da situação.

...

Ao abrir os olhos, percebo que estou em um quarto de hospital. As luzes brilhantes e os ruídos característicos do ambiente médico preenchem o espaço. Uma sensação de confusão inicial se dissipa à medida que minha mente tenta se ajustar à nova realidade.

A dor surda em algumas partes do corpo revela a extensão dos ferimentos da queda. Observo em volta, tentando entender o que aconteceu e como cheguei aqui. A lembrança da discussão e da perda de controle da moto retorna, misturando-se com a consciência presente na sala hospitalar. Enquanto aguardo, ansioso para compreender a extensão dos danos e para receber informações sobre o que se sucederá, reflito sobre como essa reviravolta inesperada alterou completamente o curso do meu dia.