What do you do here?

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Scarlett ⊂⁠(⁠◉⁠‿⁠◉⁠)⁠つ

Abro a porta e me deparo com uma figura um pouco famíliar...

Scarlett: Senhor Delatroix? - falo, surpresa estampada no rosto.

Sebastian: Sim, sou eu. E agora, não mais como seu paciente, mas como seu psicólogo. - ele responde, com um sorriso tranquilo.

Scarlett: Isso é... inesperado. Como chegamos a esse ponto?

Sebastian: A vida é uma jornada curiosa,-ele olha minha ficha -Scarlett. Papéis se transformam, e aqui estamos, em lados opostos da consulta.

Si eu pudesse agora voava na cara dele.

Scarlett: De paciente a guia. Parece que os papéis se inverteram.- falo arqueando a sombrancelha.

Sebastian: Pode se sentar - fala apontando para o sofá a sua frente.

Me sento no sofá e cruzo as pernas.

Sebastian: Oque vêm te incomodando?

Scarlett: Às vezes, sinto-me sufocada pela sensação de ser insuficiente, como se as expectativas superassem minhas capacidades.

Ele me dá uma olhada como si tivesse visão de raio X.

Sebastian:Seus pais cobrava muito de você?

Scarlett: Nos corredores da casa dos meus pais, cada silêncio parecia carregar a expectativa não expressa de que eu deveria ser mais, fazer mais. Os elogios eram escassos, afogados na correnteza de "você poderia ter feito melhor". Meus sucessos eram efêmeros, eclipsados por uma sombra de insatisfação. A busca implacável pela perfeição, como se fosse um papel a desempenhar, modelou minha autoimagem de uma maneira que ainda ressoa, mesmo longe daquele palco familiar. Era como viver sob um holofote, onde a luz revelava não só minhas realizações, mas também cada falha, tornando-me uma protagonista ansiosa em busca de aprovação.- sinto um nó em minha garganta.

Sebastian: Compreendo, Scarlett. Essa busca constante por aprovação e a sensação de viver sob um holofote podem deixar cicatrizes profundas. Como você acredita que essas experiências moldaram suas escolhas e relacionamentos ao longo do tempo?

Scarlett: A única vez que me envolvi em um relacionamento foi como parte de um jogo de interesses elaborado pelos meus pais. Parecia mais uma cena ensaiada para atender às expectativas deles do que uma conexão genuína. Essa experiência deixou-me cética em relação a envolvimentos românticos, como se cada tentativa fosse apenas mais uma atuação em busca de validação externa. A percepção de que minha vida era predominantemente guiada pelos scripts dos outros, aliada à busca incessante por aprovação, tornou-se insuportável. Sair de casa cedo foi minha tentativa de escapar desse palco opressivo, em busca de um espaço onde eu pudesse começar a escrever meu próprio roteiro, longe das expectativas familiares que pareciam sufocar minha essência. Desde cedo, fui criada para ser a melhor, como se minha validade dependesse do sucesso constante. Essa pressão constante moldou-me em uma intérprete meticulosa, mas também me fez questionar o preço de sempre buscar a perfeição. A busca incessante por ser a melhor muitas vezes obscurecia a oportunidade de ser simplesmente eu mesma. O constante imperativo de ser a melhor gerou uma dúvida constante dentro de mim. Cada falha, por menor que fosse, tornava-se uma fissura na minha autoconfiança. Duvidar de mim mesma tornou-se uma sombra persistente, acompanhando-me mesmo nos momentos em que buscava simplesmente ser autêntica.

Sebastian: Scarlett, como essas dúvidas e pressões passadas influenciam suas relações interpessoais hoje?

Scarlett: Essas dúvidas e pressões do passado moldaram minha abordagem em relações interpessoais. Por vezes, hesito em mostrar minha verdadeira vulnerabilidade, temendo que qualquer falha possa desencadear julgamentos. A busca pela perfeição ainda ressoa, mas estou aprendendo a desafiar esses padrões para construir conexões mais autênticas.

Sinto lágrimas escorrendo pelo meu rosto e tento desesperadamente enxugar elas.

Sebastian: Scarlett, está tudo bem expressar suas emoções. Às vezes, as lágrimas são uma maneira de liberar o que está pesando em nosso coração.

Scarlett: Chorar sempre foi uma expressão proibida na minha casa. Sempre que as lágrimas vinham, era como acionar um mecanismo de punição. Essa associação torna difícil para mim lidar com minhas emoções de maneira aberta. Ainda sinto a necessidade de esconder essa fragilidade, como se fosse um reflexo de fraqueza.- falo recuperando a postura.

Sebastian: Scarlett, quando você era punida, o que costumava fazer para lidar com esse momento difícil? Essa experiência moldou alguma estratégia específica que você ainda carrega consigo?

Scarlett: Em momentos de punição, eu buscava uma forma de lidar com a dor emocional, e isso se manifestava fisicamente. Lembro-me de me espetar com uma agulha, como se a dor física pudesse de alguma forma aliviar a turbulência dentro de mim. Era uma maneira desesperada de encontrar controle em meio ao caos emocional, quanto maior fosse a confusão, maior a agulha espetada.

Sebastian: Scarlett, ao ouvir sobre o uso da agulha como uma forma de enfrentar a punição, sinto uma profunda preocupação. Até que ponto essa estratégia afetou você, tanto emocional quanto fisicamente? - fala me encarando.

Scarlett, com sinceridade: A agulha era uma expressão física da dor que sentia internamente. Hoje, afastada desses padrões autodestrutivos, mantenho uma distância emocional dos meus pais. Estou focada em reconstruir meu bem-estar emocional e, embora isso inclua uma pausa nas interações frequentes com eles, é uma jornada necessária para encontrar meu equilíbrio interior.- sinto meu celular vibrar. - desculpa, mas preciso atender.

Na tela do celular aparece o nome Freya, atendo o celular.

Scarlett: oi mãe.- falo friamente.

Freya:eu preciso de sua ajuda.- fala com a voz meio embargada.

Scarlett:fale.

Freya:podemos ir a sua casa para conversar melhor?

Scarlett: fale por aqui.

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